Publicado em 03 Junho 2007
íris roberto

Demóstenes Torres durante coletiva na terça-feira (29) sobre a CPI do Apagão Aéreo: celebridade
Já estava próximo de meio dia quando o senador [b]Demóstenes[/b] Torres (DEM), com ajuda de uma bengala, deixa a sala 2, da Ala Nilo Coelho. Logo ele é cercado por jornalistas de todo País, ávidos por informações sobre a CPI do Apagão Aéreo, da qual ele é relator. Com paciência, o goiano de Anicuns responde uma por uma das perguntas. Alerta que no caso do acidente aéreo com um avião da Gol (que provocou a morte de 154 pessoas), houve falha dos pilotos americanos do Legacy e também dos controladores. Essa é a conclusão. Depois de falar com a imprensa nacional, [b]Demóstenes[/b], a caminho de um restaurante no Senado, onde ele almoçou com o senador Marconi Perillo e o deputado Carlos Leréia (a convite dos dois), disse à reportagem do Diário do Norte que apóia o nome de Vilmar Rocha para disputar as eleições de 2008 em Goiânia. “Ele tem meu apoio. Basta ele querer”, disse o senador. Mas [b]Demóstenes[/b] sinaliza que o DEM não pode cometer os mesmos erros do passado, quando resolveu disputar as eleições em chapa puro sangue. Até mesmo o PMDB pode ser uma legenda nos planos do senador. Sobre a crise no governo do Estado, o democrata avalia que a saída é cortar gastos para reduzir o déficit, de mais de R$ 100 milhões mensais. “Uma situação como esta é difícil. Com essa diferença o governo pode quebrar”, alertou o senador.
[b]Diário do Norte[/b] - O senhor já identificou culpados no acidente com o Gol?
[b]Demóstenes Torres[/b] - Os controladores tentaram, inicialmente, se passar por vítimas do acidente. Houve falha humana. Mas isso não crucifica a categoria. Eu imagino que possam existir falhas do sistema. Há um número pequeno de operadores trabalhando. E a mãe de todas as insatisfações, que é uma diferença salarial que eles pleiteiam. Esse problema precisa ser resolvido. Temos que ouvir especialistas na área. Os controladores têm culpa em vários momentos antes do trágico acidente. Agora, os pilotos do Legacy também têm culpa no que ocorreu. A culpa está estabelecida. Responsáveis pelo acidente, ainda que não de forma proposital: três controladores e os pilotos do jatinho.
[B]DN[/B] - Renan Calheiros deve ser investigado?
[b]Demóstenes[/b] - Faremos a investigação. Mas não dá para prever o resultado dessa investigação. Qualquer que seja a investigação, ela será individual e não afetará a instituição. As instituições vão continuar normalmente e aqueles que devem terão que responder pelos seus atos. E nós não podemos prejulgar e condenar ninguém por antecipação. Mas a investigação deve ser feita. O presidente precisa de oportunidade para se explicar. Eu não defendo que ele se afaste do cargo de presidente enquanto não houver uma acusação mais consistente no Conselho de Ética. Agora, a partir do momento que o conselho for acionado e, se por acaso, confirmar a veracidade nas denúncias, aí, sim, ele deverá ser afastado.
[B]DN[/B] - Como o senhor divide a linha entre o público e o privado?
[b]Demóstenes[/b] - O homem público está sempre exposto a diversas indagações. Mas deve explicações à sociedade. E a partir do momento em que há uma confusão entre o privado e o público, isso passa a ser de domínio público. E nós temos regras bem claras. O que nos falta é seguir a lei. E a lei é clara, estabelece punições para tudo.
[B]DN[/B] - A Polícia Federal está extrapolando nas suas funções?
[b]Demóstenes[/b] - Acho que não. Entendo que ela está agindo constitucionalmente, inclusive sendo monitorada pelo Ministério Público e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
[B]DN[/B] - O DEM está pacificado em Goiás?
[b]Demóstenes[/b] - Estou meio afastado dessa discussão porque estou envolvido na investigação da CPI do Apagão Aéreo. Mas acredito que vamos chegar num termo. Se houver uma divisão do partido em três partes (uma para Ronaldo Caiado, outra para Vilmar Rocha e a terceira para o próprio [b]Demóstenes[/b]) nós vamos nos ajustar até o final do ano. E teremos uma oportunidade grande de lançar o Vilmar Rocha como candidato a prefeito de Goiânia. Se ele topar, terá todo nosso apoio.
[B]DN[/B] - Isso significa que o quadro hoje no DEM é de pacificação?
[b]Demóstenes[/b] - Se depender de mim estará totalmente pacificado.
[B]DN[/B] - Depois do insucesso das eleições de 2006, o que o DEM prepara para o pleito de 2008?
[b]Demóstenes[/b] - Vamos tentar uma coligação. Concluímos que sozinhos não vamos chegar a lugar nenhum.
[B]DN[/B] - Quais partidos podem compor esse leque de aliança com o DEM?
[b]Demóstenes[/b] - Nós temos que primeiro discutir. Política é conversar.
[B]DN[/B] - Há chances de alianças com o PMDB?
[b]Demóstenes[/b] - O PMDB é um adversário histórico e a população talvez não compreenda bem essa aliança. Mas temos um bom relacionamento com figuras do partido, como Maguito Vilela, Iris Rezende, D. Íris, Mauro Miranda e outros. Então, isso pode nos levar a superar essas divergências. Mas o caminho mais plausível e natural é o que se chamava antes de base aliada.
[B]DN[/B] - O nome do senhor está à disposição?
[b]Demóstenes[/b] - Meu nome está sempre à disposição. Mas entendo que talvez esse seja o momento do Vilmar Rocha.
[B]DN[/B] - O que senhor pode falar sobre a crise que o Estado enfrenta neste momento?
[b]Demóstenes[/b] - Difícil. É uma crise de recursos. Quando se enfrenta uma situação como esta é preciso diminuir os gastos. Como é que o Estado gasta R$ 100 milhões mensais a mais do que arrecada? Ele pode quebrar com essa situação.
[B]DN[/B] - A crise é recente?
[b]Demóstenes[/b] - A crise parece ser recente. Pelo menos veio à tona agora. E acho que o governador deveria vir a público explicar convenientemente porque tudo isso aconteceu, ainda que isso lhe custe um desgaste político. Mas uma atitude dessa natureza vai lhe dar uma sobrevida como homem público que está dando um tratamento correto a uma situação que o Estado enfrenta de extrema dificuldade.