Publicado em 31 Outubro 2016
João Carvalho
Presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa faz balanço sobre o resultado das eleições municipais e diz que o grande vencedor desse ano foi o governador Marconi Perillo. Avalia a derrota sofrida para o seu grupo político em Goianésia e diz que agora é pensar em ajudar a cidade. Destaca que José Eliton segue forte na condução da área da segurança pública do Estado e descarta voos mais altos em 2018. Sobre os candidatos que apoiou nas eleições para prefeito, acredita que ampliou a sua base de sustentação política com a vitória de vários aliados que disputaram na Região Norte do Estado, além do Vale do São Patrício.
Diário do Norte – O que aconteceu em Goianésia, onde o prefeito Jalles Fontoura, candidato à reeleição pelo PSDB, perdeu as eleições, sendo agora ele o primeiro membro da família a ser derrotado pelo PMDB na cidade?
Helio de Sousa – Uma eleição traduz um determinado momento. Eu já tive oportunidade de manifestar através do Diário do Norte que a eleição em Goianésia seria plebiscitária. Onde o eleitor poderia escolher entre o modelo empreendedor de Jalles Fontoura que, com certeza, cumpriu todos os compromissos que fez em campanha em 2012. Alguns, inclusive muito difíceis, como implantar na cidade o curso de Medicina. Mas Jalles fez muito mais do que isso. Ele primeiro procurou estruturar a cidade com aquilo que faltava, já considerando que é uma cidade pólo. Ele levou para Goianésia a regional da Polícia Militar. Levou também a regional da Polícia Civil, inclusive estruturando e hoje temos provavelmente uma das maiores delegacias regionais do Estado, através da parceria com o delegado regional Marco Antônio Maia. Jalles também levou para lá a regional da Saúde, que era o alicerce necessário para poder viabilizar a faculdade de Medicina. Então, do ponto de vista administrativo mostrou que tem muita competência e articulação para realizar as conquistas. A UPA foi construída no seu mandato e está em funcionamento. Tivemos a estruturação da cidade com a aquisição de material para recapeamento e asfaltamento. Ele viabilizou o maior programa de recapeamento da história de Goianésia. Então, em termos de obras e de prestígio, ele levou Goianésia para o mundo digital. Hoje é uma das poucas cidades com câmaras instaladas nas principais vias. Com o prestígio que ele tem com o governador Marconi Perillo, está em construção e deve ser concluído um ambulatório médico de especialidades, que vai transformar Goianésia numa cidade pólo para fazer diagnósticos. E ainda temos a construção do Credeq, que será o segundo a entrar em funcionamento em Goiás. Também mérito do então prefeito Jalles que viabilizou o terreno para essa obra que tem um alcance social grande. E temos ainda o que eu considero como a sua maior obra social, que são as casas.
DN – Em determinado momento da pré-campanha o Jalles cogitou lançar outros nomes. Se fosse outro candidato o resultado poderia ser outro diferente?
Helio – Acho difícil trabalhar com essa realidade. Na verdade o Jalles não era favorável à reeleição. Ele defendia que se tivesse alternativa dentro do nosso grupo político. Agora, vejo que o Jalles era o candidato natural do nosso partido e da cidade de Goianésia. O dr. Robson era o candidato natural a vice-prefeito. Por circunstâncias próprias de um momento, a cidade tomou outro rumo e a gente entende que se tivesse uma oportunidade de manter o Jalles por mais quatro anos e ele desse sequência nesse trabalho que vem realizando, com um mandato progressista e moderno, seria muito interessante para a cidade, inclusive consolidando um ciclo para a área da saúde, com a grande proposta dele que era construir um hospital do câncer. Esse projeto não foi aceito pela população. A diferença foi pequena, menos de 2%, mas a gente respeita a vontade da maioria. Vamos torcer para que o prefeito eleito viabilize os compromissos que fez com a população.
DN – O senhor acredita que Renato de Castro tem condições de fazer uma boa gestão na Prefeitura de Goianésia?
Helio – Goianésia sempre teve a grande virtude em relação aqueles que estão na oposição. Eles não obstruem o trabalho de quem está no poder. Eu já tive oportunidade de, como deputado, ser oposição ao ex-prefeito Gilberto Naves. E aquilo que era possível, a gente corria e realizava. Da mesma maneira eu continuo como deputado representando Goianésia junto ao governo do Estado. E aquilo que for da nossa competência para viabilizar recursos e concretizar as principais obras que temos lá, nós o faremos. Essas conquistas serão metas obrigatórias do meu plano de trabalho para o próximo ano. O fato dele (Renato) não ser um aliado político não muda a minha postura em relação a cidade. A eleição acabou e temos que ajudar a cidade.
DN – O senhor acha que faltou a participação direta e mais incisiva do governador Marconi Perillo na campanha do Jalles e de outros candidatos da base?
Helio – A presença do governador na campanha é simbólica. A presença sempre é importante. Agora muitas vezes ele não esteve presente mas, através do vice-governador José Eliton, nós notávamos a presença do governador.
DN – O senhor entende que tinha o mesmo peso político?
Helio – Ele tinha, sim, o mesmo peso. O governador fez essa opção de não entrar de uma maneira muito forte porque em grande parte dos municípios havia a disputa entre candidatos de partidos da base aliada. Marconi esteve em Goianésia em uma das nossas atividades de campanha. Então ele marcou presença. Manteve e mantém os compromissos que tem com a cidade de Goianésia.
DN – De 1962 para cá, o grupo político do qual o senhor faz parte só perdeu três vezes em Goianésia. Essa foi a primeira vez em que um membro da família Jalles perde. O senhor entende que agora é o fim da participação de membros dessa família nas eleições em Goianésia e região?
Helio – Eu vejo de outra maneira. Não é só quando você perde uma eleição que você enfraquece. Muitas vezes em situações adversas você consegue crescer. Passado o período eleitoral a cidade parece que acordou ao perceber que perdeu a oportunidade de manter o Jalles na prefeitura. E nós sabemos que temos esse legado que veio de Otávio Lage, que é um legado forte de empreendedor e de grandes administradores. Goianésia fez outra opção. Não fez a opção que foi aquela que representa o legado de Otávio Lage com a sua ação empreendedora. Nós sabemos que nas duas vezes em que Otávio Filho e o Jalles foram prefeitos, eles exerceram e foram grandes administradores, respeitados e com muita credibilidade. Eu diria que foi um momento em que a cidade tomou uma decisão e que vamos respeitar. Entendo que o Jalles sai fortalecido e com a cabeça erguida porque ele cumpriu aqueles que foram os seus compromissos em 2012. Ele honrou o seu mandato. E não apenas em Goianésia, mas também a nível de Estado vamos ter sempre a presença forte da família Lage.
DN – O senhor entende então que um deles - Otávio ou Jalles - deve disputar mandato de deputado federal em 2018 ou isso está pacificado e o nome do candidato da base na cidade será o de Thiago Peixoto?
Helio – O nosso grupo político agora deve parar para pensar. E tanto Jalles quanto Otavinho se fizerem opção para serem deputado federal, serão candidatos naturais de Goianésia e região, que clamam por isso. Então seria necessário ter primeiro uma vontade política de postular essa candidatura. Nós sabemos que os dois têm uma vocação maior para o executivo. Agora nós sabemos que em política você tem que ocupar espaço. E caberá a eles decidirem se tem projetos para 2018.
DN – O governador Marconi Perillo fará reforma no secretariado. O senhor entende que é o momento do Jalles Fontoura voltar para o Governo?
Helio – Primeiro temos que fazer uma análise sobre o governador Marconi Perillo. Ele foi o grande vencedor dessas eleições. O PSDB foi o carro-chefe das eleições este ano. E os partidos da base do governo saíram fortalecidos. Isso é uma demonstração de que o governo é forte. Agora é lógico que essas alternâncias de secretários são normais num período pós-eleitoral. E governo é cíclico. Vejo com normalidade que se pense e que se tenha mudança para os próximos dois anos. Agora, o governador deverá fazer as mudanças que forem importantes para fazer crescer o Estado. Quanto a uma questão do Jalles ou Otavinho virem a ocupar cargos de destaque, eu particularmente sou favorável. Agora entendo que é uma decisão pessoal tanto do governador como do Jalles ou do Otavinho. A previsão é que teremos não uma reforma, mas uma adequação, que é normal nessa etapa.
DN – Após o atentado em Itumbiara, o senhor entende que é hora de mudanças na Segurança Pública?
Helio – Não. Os índices que são apresentados hoje pela Segurança Pública mostram que a política que está sendo desencadeada pelo Estado está no caminho certo. Os indicadores sobre violência estão mostrando que a política está correta. A presença de José Eliton na Segurança Pública mostra a importância que dá o governo para esta área. E mostra mais uma vez que o governador Marconi acredita na capacidade dele, que já tem demonstrado seus méritos. Ele é um homem do diálogo. Ele consegue fazer isso com todas as forças de segurança do Estado. Então isso mostra que ele é um grande articulador. Ele é o homem no local certo e no momento certo.
DN – O senhor tem uma forte representatividade política na Região do Vale do São Patrício. Que balanço faz da campanha dos seus aliados na região? Foi positivo ou poderia ter avançado mais e conquistado mais prefeituras?
Helio – Eu marquei presença em várias cidades do Vale do São Patrício e no Norte do Estado. E entendo que os resultados foram aqueles previstos. Nós sabemos que uma eleição municipal é polarizada. E um ou outro fator é que decide. Nas cidades em que participei acredito que a minha presença assegurou um resultado satisfatório.
DN – Isso credencia o senhor para um voo mais alto ou o senhor não está pensando nessa possibilidade?
Helio – Sou muito realista. E entendo que cada um tem o seu projeto. Em Goianésia nosso grupo sempre respeitou o ex-deputado Vilmar Rocha desde 1990. A gente tinha esse compromisso com ele. E eu não poderia ser um obstáculo para ele por tudo que ele representa e fez pela cidade. Só em 2014 é que ele fez uma opção para o Senado. Eu poderia ter ido disputar mandato de deputado federal, mas estava em uma coligação em que eu era praticamente um corpo estranho. Então seria totalmente desprovido de qualquer chance eu disputar naquele ano para federal. Mantive a minha candidatura para estadual e hoje estou numa fase de encerrar minha carreira política postulando mais uma candidatura de deputado estadual em 2018. Vou à reeleição.
"Goianésia sempre teve a grande virtude em relação aqueles que estão na oposição não obstruírem o trabalho de quem está no poder. Agora é hora de
ajudarmos a cidade"
"Jalles perdeu as eleições. Mas vejo que às vezes você se fortalece na derrota. Muitas vezes você cresce
é diante das situações adversas"
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