Publicado em 07 Novembro 2016
João Carvalho
Quando o nome de Pedro Fernandes foi anunciado em Porangatu como candidato do PSDB, muitos ficaram em dúvida sobre o seu potencial eleitoral. O deputado Júlio da Retífica, no entanto, não tinha dúvidas de que essa candidatura seria forte o suficiente para vencer as eleições. Ele estava certo. Depois de uma campanha acirrada, porém franciscana, com os pés no chão, o PSDB terá de volta a Prefeitura de Porangatu a partir do dia 1º de janeiro de 2017. Júlio fala sobre como foi a campanha e também destaca a sua opinião sobre a sucessão de 2018. Para ele, o nome da base governista está definido, é José Eliton. Diz que não pretende voos mais altos e que seu projeto político é conquistar a reeleição para mais um mandato de deputado estadual. Da Assembleia Legislativa ele pretende ajudar o prefeito eleito de Porangatu a conquistar obras e benefícios para a população. Júlio diz que sem parcerias os prefeitos terão dificuldades.
Diário do Norte – O que foi determinante para que o grupo político do senhor conquistasse a Prefeitura de Porangatu com o candidato Pedro Fernandes?
Júlio da Retífica – Na verdade houve um desgaste muito grande do atual prefeito. Tudo aquilo que ele prometeu na campanha de 2012 e que foi colocado como prioridade para a sua administração não foi cumprido. Nós perdemos a eleição em 2012, com a candidatura da Gláucia, porque o atual prefeito prometeu muita coisa e o eleitor que não o conhecia acreditou que ele poderia fazer. E isso se transformou numa decepção muito grande para todos. Decepção não somente para nós que fazíamos oposição a ele, mas também para a população que esperava muito da atual gestão. Por outro lado, nosso trabalho foi fundamental para essa vitória. Foi um trabalho de união de todo o grupo, que trabalhou muito com os pés no chão. Um trabalho voltado realmente para as pessoas de menor poder aquisitivo. Nós conseguimos reverter os votos que perdemos em 2012 com muito trabalho. A seriedade do nosso trabalho com o mandato de deputado estadual também ajudou bastante. Enfim, fizemos um trabalho muito bom e o resultado veio nas urnas. O eleitor descobriu que aquilo que a gente falava na campanha da Gláucia acabou se concretizando. Ou seja, todas as dificuldades que o prefeito teve em cumprir os seus compromissos nós já antevíamos que isso poderia ocorrer. E agora fizemos uma campanha de pés no chão e de acordo com a realidade. Nós fizemos uma campanha para levantar o auto astral da cidade e focando na necessidade de buscar as parcerias com o Governo do Estado, com o deputado Jovair Arantes, com os senadores Wilder Morais e Lúcia Vânia. Quer dizer, temos vários aliados que têm condições de nos ajudar. Vamos buscar essas parcerias para ajudar a cidade. Porangatu é uma cidade grande, é pólo mas que não tem grandes recursos. É preciso muita ajuda dos governos Estadual e Federal. A população de Porangatu entendeu essa situação e quem tinha essa relação mais próxima com o governo do Estado e o Federal era a candidatura do Pedro Fernandes.
DN – Qual é o perfil do Pedro Fernandes?
Júlio – Trata-se de uma pessoa que já mostrou trabalho para a cidade. Ele foi secretário na prefeitura durante oito anos. Esteve comigo na Assembleia Legislativa e fez um trabalho muito bom na área da saúde. E ele conquistou as pessoas. Então, a maioria das pessoas imaginava que a candidatura dele não decolaria. Mas ele entendeu que precisava trabalhar muito, de porta em porta e nós fizemos uma pré-campanha muito boa. E quando chegou na época da campanha ele já estava bem conhecido e nós conquistamos a vitória.
"Fizemos uma campanha enxuta. Franciscana mesmo, com poucos recursos, mas batendo de porta em porta e pedindo o voto”
DN – O grande problema que a maioria dos prefeitos enfrenta é a falta de recursos. Como resolver isso para resgatar os compromissos de campanha?
Júlio – Esse é o grande problema. Não existe ninguém auto-suficiente em política. Todo mundo depende de todo mundo. Até mesmo o prefeito de Goiânia depende de parcerias tanto com o Governo estadual como o Federal. Sem isso ele não consegue realizar nada. Nós tivemos algumas cidades do Estado em que, apesar das dificuldades, o prefeito foi muito bem avaliado. Fizeram um bom trabalho. E isso foi em função de uma parte administrativa bem cuidada, com corte de gastos desnecessários, de enxugamento da máquina e valorizando cada centavo da prefeitura. É isso que pretendemos fazer. Na minha época (foi prefeito entre 1997/2004), mas nos oitos anos da minha administração nós conseguimos administrar muita coisa. Agora, além desse trabalho de fazer o dever de casa, vamos ter que buscar as parcerias com o governador Marconi Perillo, que tem compromisso com Porangatu já a partir de primeiro de janeiro. Além disso nós vamos buscar também os recursos a nível de Governo Federal. E os investimentos para a cidade devem vir de fora. Os recursos que existem hoje na prefeitura mal dão para custear a máquina. Por isso temos que buscar as parcerias. Mas estou otimista, apesar de saber das dificuldades e problemas. Todo mundo no Brasil sabe disso, mas também reconheço que é possível fazer obras e melhorar a qualidade de vida da população. Em Brasília existem muitos recursos. Agora é preciso ter bons projetos, disposição de trabalhar e buscar o dinheiro incessantemente. O prefeito terá que fazer esse trabalho. E vamos ajudar ele.
DN – O senhor disse que a campanha de Pedro Fernandes foi franciscana. Esse modelo atual sem financiamento privado das campanhas deve ser mantido na opinião do senhor?
Júlio – Acho que tem que ser mudado a questão da postura da própria população. Acredito que a campanha mais curta contribuiu para que a gente tivesse um gasto menor. Agora é preciso que a população entenda que na medida em que exige do candidato um gasto maior, isso acaba saindo dos cofres públicos. Então, se o eleitor pede mais gastos, isso vai repercutir na administração. Se você gasta muito numa campanha, isso vai refletir em despesas a mais para a própria administração. Então na medida em que a gente faz uma campanha barata e mais enxuta, são compromissos que a gente passa a ter com a população. Você deixa de ter compromissos com grupos e passa a ter compromissos com o eleitor. Cabe agora à própria população encarar essa realidade. Como foi uma campanha difícil e com poucos recursos, espero que isso sirva de base para que outras campanhas sejam realizadas da mesma maneira. Campanha barata é a chance de escolhermos os melhores. Nessa condição teremos um peso menor de quem tem mais poder aquisitivo. Vai eleger quem tem as melhores propostas e serviço prestado, além de uma história de trabalho. Acredito que a população é importante nesse processo. E temos a questão do Judiciário. Nós precisamos aparelhar melhor o Judiciário, o MP para que eles possam fiscalizar mais o processo eleitoral. Porque apesar de toda a legislação, o que ainda existe é o caixa dois. Nós sabemos que o caixa dois não deixou de existir. É preciso que haja maior fiscalização. Com melhores condições esses órgãos vão fiscalizar com mais intensidade e evitar o uso do caixa dois. O que a gente viu foram campanhas caras. Isso tem influência no resultado. Basta ver o fator do cabo eleitoral. Se um candidato tem condições de contratar mais cabos eleitorais, ele acaba tendo melhores condições na disputa. Acho que deveria ser voluntário esse trabalho.
"Júlio aposta em José Eliton para 2018"
DN – Em relação ao resultado das eleições na Região Norte, o senhor está satisfeito com o resultado nas cidades em que o senhor atuou?
Júlio – Acredito que foi muito bom. Tivemos algumas surpresas, como o Vander (Borges) de Campinorte, o Nilson Preto de Mara Rosa. Foram as grandes surpresas negativas que nós tivemos. Realmente eu não esperava a derrota deles. Eu tinha quase certeza da vitória dos dois. Infelizmente não deu certo. Mas de uma maneira geral nós fomos bem sucedidos nessa eleição. A base do governo foi muito bem no Norte do Estado. Recuperamos as prefeituras de Porangatu, de Uruaçu e de São Miguel do Araguaia, que são cidades importantes e que estarão com lideranças da base do governo. Em São Miguel, por exemplo, foi importante a vitória do PSDB. Tivemos um candidato muito bom e um grupo forte. Já na campanha a gente sabia que o resultado seria positivo. Não foi surpresa essa vitória.
DN – O governador Marconi Perillo disse que o candidato do PSDB ao Governo do Estado em 2018 é José Eliton. O senhor concorda com essa definição faltando ainda tanto tempo para as eleições?
Júlio – Nós temos várias possibilidades de candidaturas. Mas eu o coloco como o candidato da base. Como o governador Marconi Perillo deve disputar outra eleição, quem vai assumir o governo é José Eliton. Ele assumindo o Governo com certeza será candidato à reeleição. Não tenho dúvida de que será um ótimo candidato. E ele já mostra, em todos os lugares por onde passa, uma facilidade de diálogo e de aglutinação. É o nosso candidato, do PSDB, e também da base. Agora, cabe somente a ele o trabalho de conquistar os demais partidos para esse projeto que eu entendo ser o melhor para Goiás. Acho até que ele é o único capaz de unir toda a base. Participou da campanha, andou em todo Estado, tem um bom discurso, uma facilidade grande de dialogar e será um ótimo candidato. Espero que essa base esteja unida como esteve na campanha de Marconi.
DN – Definido o nome de José Eliton como fica o restante da chapa, quem serão os nomes na opinião do senhor?
Júlio – Temos vários nomes. Mas teremos que escolher dois para o Senado e um para vice. Temos que avaliar com critério e temos dois anos para fazer esse trabalho. Também temos que esperar resolver a situação do governador Marconi. Não sabemos ainda se ele será candidato a senador ou a presidente da República ou a vice. Isso precisa definir.
DN – O senhor pensa em reeleição em 2018 ou vai tentar a Câmara Federal?
Júlio – Meu projeto é a reeleição. Esse é o meu projeto hoje.
"O resultado das campanhas que participei foi positivo. Mas tivemos surpresas em Mara Rosa e Campinorte"
"Temos várias possibilidades, mas eu coloco José Eliton como o candidato da base aliada para a eleição de 2018"
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