Publicado em 17 Outubro 2016
João Carvalho
Eleito com 8.632 votos (39,39%), uma diferença pequena, de apenas 559 votos do segundo colocado, o tucano Valmir Pedro já faz planos para a sua gestão que tem início em janeiro de 2017 na cidade de Uruaçu. Ele revela ao Diário do Norte que fará uma ampla reforma administrativa no município, com cortes de secretarias, cargos e funções para deixar a prefeitura enxuta e em condições de atender o cidadão, especialmente na área da saúde, onde ele promete um verdadeiro choque de gestão. Acredita que com os pés no chão, com corte de despesas, terá condições de fazer uma gestão que vai atender o cidadão de forma humanizada. Sobre a crise que se abateu sobre os municípios, diz que somente com criatividade e muito trabalho é possível driblar os efeitos devastadores dessa crise. Sobre política, Valmir diz que o seu candidato a governador em 2018 será aquele que for ungido por Marconi Perillo. Ele aposta em José Eliton. Diz que vai trabalhar para reeleger Thiago Peixoto (federal) e Eliane Pinheiro (estadual), mas não faz nenhum objeção a projetos de candidatos que representem o Norte de Goiás, a exemplo de Júlio da Retífica, que ele espera que tenha o dobro dos votos na cidade de Uruaçu. Valmir dá uma boa notícia. Segundo ele, é compromisso do governador Marconi a conclusão das obras do Hospital Regional até o final do ano de 2017. Sobre Lourencinho, ele não acredita que o político, após duas derrotas consecutivas, tenha sido varrido do mapa político do município. Mas aconselha mais humildade ao adversário. E aproveita para declarar que a nota para a gestão da prefeita Solange Bertulino foi dada nas urnas. Ele mesmo dá uma nota quatro.
Diário do Norte – O que foi determinante para que o senhor conseguisse vencer as eleições em Uruaçu, considerando que foi uma disputa bastante acirrada?
Valmir Pedro – Vejo como determinante primeiro a fé. A crença de que Deus tinha esse projeto para a minha vida e para os meus companheiros. Depois fiz uma boa aliança. Tivemos um planejamento feito com muita antecedência. Fizemos uma pré-campanha muito bem feita com discussão nos bairros, ouvindo a população sobre ideias e sugestões para elaborar o nosso plano de governo. Tivemos a humildade de buscar forças políticas para compor com o nosso projeto. Fizemos a maior aliança em Uruaçu com onze partidos e o maior número de candidatos a vereador. Foram quase 50, sendo eles os que tinham o maior potencial de votos na cidade. Outro fator importante foi a composição com o dr. Juarez Lourindo (PSB), que é o nosso vice-prefeito. Ele compôs com a gente de última hora. Foi algo novo na nossa articulação com os partidos da base. Outro fator muito importante, isso no decorrer da campanha, foi a ausência do nosso principal adversário (Machadinho) nos debates realizados. Em outras eleições em Uruaçu nós tivemos debates para discutir a cidade. Isso aconteceu nessa eleição. Foram promovidos oito debates nesta eleição. Isso foi determinante, a ausência dele.
DN – O senhor entende que a situação poderia ter sido mais tranquila para a vitória se o governador tivesse participado diretamente da campanha?
Valmir – O governador teve uma participação ativa na campanha gravando dois vídeos.
DN – Ele não esteve em Uruaçu durante a campanha.
Valmir – Não esteve como não esteve na grande maioria dos municípios. Ele estava viajando e decidiu que não participaria em razão dessa viagem. Mas foi determinante nas costuras das alianças e até mesmo na indicação de obras importantes para a cidade como, por exemplo, o Hospital Regional. Trata-se de uma obra que nós temos cobrado. Mas tivemos a presença do deputado Thiago Peixoto e do vice-governador José Eliton na cidade que nos ajudaram bastante. A equipe do governo teve participação ativa no processo eleitoral.
"O nome da minha preferência para ser o candidato em 2018 será o nome da preferência de Marconi Perillo que hoje é José Eliton"
DN – Qual será o grande projeto da sua gestão à frente da Prefeitura de Uruaçu?
Valmir – Primeiro fazer a saúde pública em Uruaçu acontecer. Precisamos dar um choque de gestão nessa área. Temos que economizar para ter poder de investimentos. Além da luta pela conclusão do hospital regional, vamos realmente investir na saúde pública do município. Vamos humanizar realmente a saúde pública do município. E vamos investir pra valer na infraestrutura. Precisamos restaurar as vias de Uruaçu e fomentar o turismo. Além do carnaval, vamos criar no mês de julho a temporada de férias. Nós queremos conquistar em julho uma boa quantidade de turistas para visitar a nossa cidade nos grandes eventos que faremos na cidade.
DN – O senhor deve esbarrar num grande problema para colocar em execução tudo que está propondo, que é a questão financeira, do dinheiro que a maioria das prefeituras não possui. Como resolver essa situação?
Valmir – Crise financeira todos os municípios do Brasil enfrentam, principalmente os pequenos e de porte médio. Mas temos casos em muitas prefeituras que, apesar da crise, os prefeito conseguiram resolver os problemas com criatividade. São prefeitos que fizeram acontecer. Esse é o papel do líder e do gestor, que é superar a crise. Administrar com muito dinheiro é fácil. É preciso ter criatividade e não ter medo de tomar decisões.
DN – O senhor fala em investimentos na saúde. Por outro lado o Governo Federal trabalha com a aprovação da PEC 241, que prevê congelamento de investimentos nessa área nos próximos 20 anos. Mesmo assim o senhor acredita que terá recursos para fazer os investimentos que está defendendo?
Valmir – Olha é uma PEC que é um mal necessário. O Brasil na situação em que está indo, a tendência é do País estar quebrado até 2018 ou 2020. Claro que a PEC fere os interesses dos municípios e dos prefeitos porque a demanda de investimentos é crescente. Mas aí vem a necessidade de reduzir o tamanho da máquina, saber gastar cada centavo que pertence ao povo para sobrar investimentos na saúde. Vai exigir de nós gestores muita criatividade e trabalho. Nós estivemos em Brasília na terça-feira (11). Lá visitamos todos os parlamentares da bancada goiana, tanto na Câmara quanto no Senado, já buscando emendas no Orçamento da União para o próximo ano. Se tivermos a habilidade de buscar apoio em Brasília para obras estruturantes e de buscar apoio em Goiânia para eventos como carnaval e trabalhando com uma máquina enxuta, com certeza vai sobrar para investimentos na saúde.
DN – Qual o impacto que terá a reforma administrativa que o senhor propõe na prefeitura? O senhor vai demitir e reduzir a quantidade de secretarias?
Valmir - Vamos reduzir secretarias, superintendências e departamentos. Vamos reduzir o número de cargos comissionados. Tenho a estrutura de servidores já nas minhas mãos. E percebi que trata-se de uma estrutura muito grande e desnecessária. E temos uma equipe de profissionais na área fazendo um estudo para que a gente possa, já no mês de janeiro, enviar para a câmara essa proposta de reforma.
DN – Qual o impacto disso em termos de economia?
Valmir – Nós devemos economizar em torno de 30 a 40% para manter a máquina.
DN – O senhor foi candidato a deputado estadual em 2010. Há possibilidades do senhor pensar em uma nova eleição daqui a dois anos?
Valmir – Em 2018, não. Nosso projeto é apoiar o governador Marconi Perillo no seu projeto e ajudar na eleição do seu sucessor. E também temos que trabalhar para que os nossos deputados reconquistem as suas cadeiras e também os nossos senadores. Eu particularmente tenho um compromisso com a população de concluir o meu mandato.
DN – Quem seria o nome da preferência do senhor para suceder o governador Marconi Perillo em 2018?
Valmir – Hoje o nome da minha preferência é o nome da preferência do governador Marconi Perillo, que é o dr. José Eliton. Que ele seja o sucessor do governador. E onde o governador colocar as mãos para apoiar, lá eu estarei.
DN – Porque o PMDB perdeu as eleições em cidades importantes do Norte, como Uruaçu, Porangatu e Niquelândia (cujo prefeito hoje é do PSD, mas se elegeu pelo PMDB)?
Valmir – Acredito que tivemos mudanças importantes não apenas na Região Norte. O PMDB também perdeu algumas cidades consideradas estratégicas. Essa crise que o Brasil enfrenta deixou muitos prefeitos realmente em situação complicada. Aqueles prefeitos que tiveram ousadia e coragem de tomar medidas de contenção de gastos o mais cedo possível, esses conseguiram sobreviver. Especialmente aqueles que não colocaram as prefeituras para atender os companheiros. Mas aqueles que incharam as prefeituras, que não tomaram as medidas necessárias para se evitar problemas financeiros, esses realmente quando acordaram já estava tarde. E eles acabaram tendo problemas com as urnas. E é o que eu não quero que aconteça na minha gestão, apesar de não ter mais a reeleição, mas a nossa ideia é fazer um governo realizador, enxuto, moderno, com criatividade e que faça diferente.
DN – O senhor entende que após duas derrotas consecutivas em Uruaçu o ex-prefeito Lourenço Filho foi varrido do mapa político da cidade?
Valmir – Não vejo assim. De maneira nenhuma. O Lourenço é uma pessoa apaixonada pela política e gosta de fazer política. Não posso fazer uma previsão dessas sobre o futuro político dele. Acredito que todos nós podemos ressurgir das cinzas com correção dos erros e com menos vaidade. Ele tem, sim, condições de dar a volta por cima.
DN – Que nota o senhor dá para a gestão da prefeita Solange Bertulino?
Valmir – Eu gostaria de deixar essa avaliação para a população.
DN – Como cidadão de Uruaçu, até porque o senhor ainda não assumiu a prefeitura, qual seria a nota?
Valmir – O resultado das eleições agora recente já nos diz tudo. A nota então é na média de quatro.
DN – Relação com a Câmara Municipal. Como será? O senhor terá maioria folgada?
Valmir - Nós fizemos a maioria. A maior bancada hoje na câmara é do PSDB. Nós elegemos três vereadores. Elegemos um do PMB. E três outros vereadores de outros partidos também devem nos apoiar. Então, temos sete vereadores que devem nos apoiar dos treze que compõem. E ainda há mais três que tenho uma relação de amizade desde a minha infância. Acredito em dez vereadores na nossa base. Até porque vamos respeitar o espaço e o direito dos vereadores.
"Prefeitos que tiveram ousadia e coragem de tomar medidas saneadoras foram bem sucedidos nas eleições municipais"
DN – O senhor, nas eleições de 2018, vai apoiar candidatos a deputado de outras regiões? Como o senhor vê essa situação da representatividade do Norte?
Valmir – Essa ideia de cada região ter o seu parlamentar é uma ideia distrital que ainda não foi aprovada. No exercício do mandato você busca apoio e emendas de deputados de várias regiões do Estado. As eleições serão daqui a dois anos e eu começo a governar em janeiro do próximo ano. Então eu já vou depender de apoio agora, imediatamente. Não tenha dúvida de que em 2018 vamos apoiar o deputado que mais nos ajuda e que mais coloca emendas para a nossa cidade. Não vou de maneira nenhuma cobrar do meu grupo que apoie o meu deputado. Nós fizemos uma aliança de onze partidos para vencer as eleições. E cada partido tem o seu parlamentar. E eu como prefeito vou procurar dar uma votação expressiva para o Thiago Peixoto (federal) e a Eliane Pinheiro (estadual). Mas 2018 ainda está longe e temos muitas decisões a tomar. Temos o deputado Júlio da Retífica que é da região e tem uma relação boa na cidade. Ele tem um grupo político importante na cidade e ele nos ajudou na nossa convenção. Esperamos inclusive que ele dobre a votação que teve em Uruaçu nas últimas eleições.
DN – A representatividade é fundamental para o Norte, o senhor vê assim?
Valmir – Sim, é fundamental mas não depende apenas de um município. Depende de que todas as lideranças entendam sobre a importância de se ter um deputado. E essas lideranças devem fazer a articulação e conseguir a união, que deve ser feita pelo parlamentar.
DN – O Hospital Regional é uma questão de honra para o senhor, ele será entregue na sua gestão?
Valmir – É uma questão de honra e de necessidade. Uruaçu e a população do Norte dependem muito daquele hospital. Eu defendo essa causa quando ainda o projeto estava apenas no terreno. Eu viajei muito no meu carro, queimando a gasolina do meu bolso e fazendo mobilizações por acreditar nesse projeto. E hoje a obra está com 76% concluída. Eu tenho dito ao governador Marconi Perillo desde a nossa primeira conversa que eu estaria colocando esse projeto no meu plano de governo. Ele me garantiu que até o final de 2017 entrega a obra. As obras já foram retomadas e acredito que ele será entregue, sim.
DN – Esse ano nós tivemos a novidade de proibição de financiamento empresarial para as campanhas. O senhor concorda com essa iniciativa ou já é hora de mudar?
Valmir – Sou a favor. Na verdade eu já defendia essa iniciativa antes mesmo da reforma. Da forma como estava a política no Brasil, uma pessoa de origem humilde com a minha não teria o direito de sonhar em ser prefeito de uma cidade do porte de Uruaçu. Acredito que a campanha ficou mais igual, apesar que ainda existiu o abuso do poder econômico. Eu fiz uma campanha dentro do que a legislação me permitia em termos de gastos. Até menos do limite. Fizemos uma campanha com os pés no chão. Sem contratar um marqueteiro e franciscana, apesar de termos visto na cidade uma mega estrutura de campanha.
DN – Qual mensagem o senhor manda para o eleitor de Uruaçu após esse resultado?
Valmir – Quero agradecer a população pela confiança na nossa pessoa para governar a cidade. Eu disse na campanha toda para me abençoar para eu ser prefeito que eu usaria a prefeitura para ajudar os quase 40 mil habitantes. E é isso que farei, usar a prefeitura para abençoar a população e fazer um governo humano, justo e responsável. Agradeço a população e as lideranças que nos ajudaram. Também agradeço a imprensa, que foi de fundamental importância pelo processo democrático e sadio.
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