Publicado em 10 Agosto 2008
Gil Bueno-São Miguel do Araguaia
Amparada pelo seu título de campeã de votos (primeira colocada em duas das três eleições que disputou para a Câmara Municipal de São Miguel do Araguaia), a vereadora Azaíde Donizetti Borges Martins (PR), de 53 anos, espera uma campanha respeitosa e de alto nível. De sua parte, ela garante que picuinhas e acusações serão deixadas de lado. A mineira de Campina Verde, no triângulo mineiro, depois de nove anos consecutivos como vereadora, acha que somente como prefeita conseguirá implementar seus projetos de crescimento para o município. Com relação à presença do governador Alcides Rodrigues no palanque de seu adversário, Azaíde diz não se importar, embora espere muito respeito com o seu próprio palanque, que, afirma, estará recheado de políticos que fazem parte da base aliada do governo do Estado, como Sandro Mabel, Cláudio Meirelles e Demóstenes Torres. Formada em Gestão Pública, além dos anos no Poder Legislativo são-miguelense, a candidata foi chefe de gabinete e secretária de relações públicas na gestão do prefeito João Alves Freitas (1983-1988) e secretária da Ação Social durante o governo do prefeito Euler Cezar de Freitas, o Lé (1993-1996).
Diário do Norte – Por que ser prefeita de São Miguel?
Azaíde Donizetti Borges Martins – Pra realizar um sonho meu de muito tempo. Eu estou na vida pública desde 1983 e ajudei muitos prefeitos a serem eleitos, ouvi muitas promessas e vi muitas caírem no esquecimento. E como vereadora que sou por três mandatos, eu me sinto muito limitada. Como a função do vereador não é de executor, eu não tenho como desenvolver os projetos e ações que tenho vontade. Projetos e requerimentos que apresentamos aos prefeitos nem sempre são atendidos, e eu poderia dizer que chega a quase 0% as reivindicações atendidas. É dentro dessa vontade de fazer e essa experiência administrativa que tenho, que me faz querer ser prefeita de São Miguel. Minha meta principal é a valorização do ser humano.
DN – E como a senhora realizaria esse sonho?
Azaíde – Hoje, a principal carência do município é a criação de empregos, principalmente para a juventude, e isso é urgente que seja equacionado. Não há uma expectativa para o jovem são-miguelense para uma melhor colocação no mercado de trabalho, e de formação também. Nós temos a UEG (Universidade Estadual de Goiás) na cidade, mas ela precisa trazer novos e melhores cursos para que os jovens não necessitem sair daqui para buscarem formação. E é preciso que se criem condições para que novas empresas se instalem no município. E isso tudo se combina com a melhoria da infra-estrutura do município, que também é urgente. E na condição de mulher, eu vislumbro uma São Miguel do Araguaia mais bonita, onde os moradores tenham orgulho de viver nela e também agrade os nossos visitantes. Lutarei para que ela cresça, mas sem descuidar de sua beleza.
DN – A senhora vê alguma vantagem no fato de ser mulher na disputa desse cargo?
Azaíde – Não vejo uma vantagem direta nesse fato, embora eu tenha consciência de que muito do que eu faço muitos homens não fazem. Mas isso não é pelo fato de ser mulher, e sim pela minha força de vontade, da ânsia de ver as coisas acontecerem. É por isso que eu me desdobro pra fazer tudo que já fiz pelo município e continuarei me desdobrando para fazer muito mais. Mas não é pela minha condição de mulher. A mulher não tem o destaque que deveria ter na vida pública. Também não é pelo fato de ser mulher que o acesso à minha pessoa é tão facilitado, e continuará sendo assim comigo na condição de prefeita, mas é pela minha maneira de ser, de priorizar o ser humano, que para mim está acima de tudo, que isso acontece.
DN – O candidato que disputa a prefeitura com a senhora tem um rol de apoio que congrega 16 partidos políticos, enquanto que sua base é composta por cinco partidos. A senhora tem algo para compensar essa diferença?
Azaíde – Eu tenho o povo ao meu lado, que tem demonstrado, a cada dia, muita confiança no meu trabalho. E esse reconhecimento é fruto de muitos anos de trabalho e não de uma simples costura política. É claro que apoio partidário é importante, mas muitos desses 16 partidos a que você se referiu só oferecem uma sigla, e nada mais. Eleição se vence é com o voto popular e não com um monte de sigla em um cartaz.
DN – E com relação a esse esforço do Ministério Público e da Justiça Eleitoral em disciplinar as eleições, inclusive com o estabelecimento de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) entre os candidatos. A senhora acha que isso ajuda as eleições?
Azaíde – Eu acho que ajuda sim, e é preciso mesmo que haja um rigor na fiscalização, principalmente no que diz respeito ao uso da máquina pública. Eu serei a primeira a assinar um termo desse tipo, mesmo por que nossa previsão de gastos não ultrapassa os R$ 200 mil, e seria muito desigual se nosso concorrente não soubesse separar a condição dele de candidato e de prefeito.
DN – A senhora espera o apoio de Perinácio Saylon?
Azaíde – Espero sim, assim como espero de todos os são-miguelenses amigos e que conheçam o meu trabalho. Mas eu não quero assediá-lo, visto que ele é um servidor público estadual e não sei até que ponto esse assédio poderia prejudicá-lo. E não é de minha índole ficar pressionando ninguém na campanha. Mas espero que venha para o nosso lado sim, de uma forma espontânea, e será muito bem-vindo.
DN – Como a senhora espera que o governador Alcides Rodrigues (PP) se comporte no processo eleitoral de São Miguel, já que o seu partido pertence à base aliada do governo estadual e o PP tem candidato majoritário no município?
Azaíde – Espero que ele respeite os partidos da base aliada, que respeite o nosso presidente regional, deputado federal Sandro Mabel, e outros parlamentares que me apóiam e são da base do governo, como o deputado Cláudio Meirelles, também do nosso partido, e o senador Demóstenes Torres, do DEM.
DN – Então a senhora é contra a presença dele no palanque de seu oponente?
Azaíde – De forma alguma. Eu conheço a conduta do governador, a forma ética com que ele conduz sua vida política e pessoal, e tenho certeza que terá o maior respeito com a candidata do PR de São Miguel. E ademais, nós temos conosco o vice-governador Ademir Menezes, que é do meu partido.
DN – Que avaliação a senhora faz da atual gestão de São Miguel?
Azaíde – Esses últimos quatro anos de administração foram muito conturbados e fica até difícil de se fazer um julgamento da administração. Mas nós temos visto o atual prefeito tentando dar continuidade àquilo que já havia sido traçado pelo ex-prefeito, inclusive tendo herdado os recursos da ex-administração para dar continuidade ao trabalho. O que não vimos foram iniciativas próprias do prefeito atual, ele tem sido somente uma sombra da administração passada. Mas não o critico, foi um período especial, e eu estou me propondo a fazer uma administração melhor do que todas que já passaram por aqui.
DN – A senhora é reconhecida como uma campeã de votos, tendo sido eleita em primeiro lugar em duas, das três disputas à Câmara de Vereadores. A senhora acha que essa performance terá influência nas eleições para a prefeitura?
Azaíde – Sem dúvida. É uma eleição diferenciada, mas terá influência, sim. E é essa resposta que encontro em todos os lugares em que estou caminhando, em todas as portas em que bato, é essa a receptividade que estou encontrando na população.
DN – Qual o recado que a senhora dá para o seu oponente?
Azaíde – Que ele faça uma campanha da mesma forma que eu pretendo fazer: limpa, digna, respeitosa, assim como eu irei respeitá-lo. Ele é apenas um concorrente meu, que busca o mesmo que eu, que é a oportunidade de servir a São Miguel do Araguaia e o nosso povo. E que evite agressões verbais, picuinhas, que façamos uma campanha com propostas, respeitando o outro lado.
DN – Caso não seja eleita, depois de 22 anos ocupando cargos públicos a senhora vai ficar fora da administração e do Legislativo. O que a senhora pretende fazer?
Azaíde – Você pode ter certeza que eu serei eleita a nova prefeita de São Miguel do Araguaia. Mas, se caso não fosse, eu descansaria um pouco, dando continuidade a esse meu trabalho de servir a comunidade do município. E em 2012 estaria de volta e me candidataria novamente.
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