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Luciano Lucena

um prefeito que fala o que realmente pensa


Publicado em 01 Fevereiro 2010

Euclides Oliveira

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Euclides Oliveira
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O prefeito de Barro Alto, Luciano Lucena (DEM), conversou com a reportagem do Diário do Norte em sua casa na última quinta-feira (28). Discorrendo sobre vários assuntos, ele queixou-se da queda de 40% nos repasses de ICMS para seu município, em 2009, mesmo com a atuação da mineradora Anglo American, que hoje emprega mais de cinco mil trabalhadores na implantação do Projeto Barro Alto, com atividades previstas para iniciar em 2011. Luciano disse que só acompanhará o DEM se a legenda apostar num candidato próprio na tentativa de suceder Alcides Rodrigues (PP). “Se o DEM ficar lá atrás, e fizer compromisso em Goiânia, servindo como bucha de canhão, não precisa contar comigo”, disparou o prefeito. Comentando sobre os outros nomes aventados à disputa, comentou que o senador Marconi Perillo (PSDB) é um candidato duríssimo de ser batido; disse que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), não tem nenhuma afinidade com os “prefeitos de roça” do interior goiano; e que o atual prefeito de Goiânia, o peemedebista Iris Rezende, não entrará na disputa, por questões de saúde e idade avançada. Defendeu o fortalecimento político do Norte em Goiânia, citando que Porangatu como único exemplo de cidade onde esse fato ocorre com clareza. No plano municipal, falando sobre o distante pleito de 2012, Lucena disse que o vereador Tim foi precipitado em anunciar intenção de sucedê-lo na Prefeitura de Barro Alto. “Ele terá de ser muito guerreiro para não ser vítima da ciumeira que cairá na cabeça dele”, comentou Luciano.

Diário do Norte – A presença da Anglo American em seu município, bem como a perspectiva de implantação do Projeto Barro Alto da multinacional em 2011, serviram para atenuar os impactos da crise econômica mundial que assolou as prefeituras em 2009?
Luciano Lucena – De dois anos para cá, essa mineradora empregou três mil funcionários e chegou a 4.500 funcionários. No ano passado, mesmo num ano de crise, de julho em diante, a Anglo American elevou esse número e hoje emprega seis mil trabalhadores. Nos últimos quatro anos, a Anglo American pagou, só no município de Barro Alto, R$ 40 milhões na forma de ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) ao Estado, além de outros R$ 80 milhões lá em Niquelândia, na Codemin. Niquelândia é, hoje, um município que sobrevive com o minério de Barro Alto. Se cortar esse minério de Barro Alto, ela (a Codemin) fecha as portas, pois não tem mais minério em Niquelândia. Um município que, através de seu minério, gerou tantas riquezas para o Governo do Estado de Goiás, que sai na capa de jornais de todo o Brasil, perdeu 40% na divisão do bolo (da arrecadação do Estado). Eu gostaria que esses, que fazem essa matemática, me explicassem direito o que precisamos fazer para Barro Alto subir no ranking do ICMS. Somos o município que tem a maior plantação de seringueiras do Estado, que tem uma grande plantação de cana e de soja, além de outras mineradoras. O prefeito Nilson Preto, lá de Mara Rosa, de uma cidade que só produz açafrão, é meu amigo. Lá, a arrecadação do ICMS aumentou 30%. Então, que credibilidade podemos ter desses políticos que representam nosso Estado? Nenhuma. E queria que o governo me mostrasse, depois do início do Projeto Barro Alto, alguma obra do Estado com alguma significância para nossa cidade.

DN – Sobre as eleições de outubro: o senador Demóstenes Torres tem defendido que o deputado federal Ronaldo Caiado, ambos do DEM, seja candidato ao Governo do Estado pela chamada Frente Alternativa. Caiado contaria com o apoio do senhor nessa disputa?
Luciano – Eu sou do Democratas e para onde o meu partido for, eu irei também. Tenho de ser fiel ao meu partido. Se o DEM lançar um candidato ao governo, estarei junto. Se o DEM ficar lá atrás (apoiando candidatos de outras legendas) e fizer compromisso em Goiânia, servindo como bucha de canhão, não precisa contar comigo. Se o candidato for do DEM, terá o meu apoio.

DN – O deputado estadual Helio de Sousa (DEM) terá apoio do senhor?
Luciano – Com certeza. O doutor Helio é o meu candidato, o meu deputado. Só Deus para tirar o meu apoio ao doutor Helio, mais ninguém. É um pacto fechado, pois ele é o cara que, mesmo limitado para conquistar algo junto ao Governo do Estado, tem ajudado Barro Alto.

DN – Quais são as chances de vitória de Marconi Perillo na disputa ao governo?
Luciano – Política é igual a você olhar para céu. Se não me engano, essa frase foi dita por Tancredo Neves. Você olha agora e o céu está nublado. Meia hora depois, deu um vento e o céu está totalmente limpo. O Marconi é um cara que esteve três vezes nos meus palanques. Se ele vai ganhar, não sei. Mas ele é um candidato duríssimo (de ser batido). Quem achar que ele está abandonado, que é fácil ganhar a eleição do Marconi, está enganado.

DN – O PP, do governador Alcides Rodrigues, teria alguma chance no pleito com os nomes dos secretários Ernesto Roller (Segurança Pública) e Jorcelino Braga (Fazenda)?
Luciano – Qualquer candidato do PP, PT e PMDB será um nome forte, pois contará com o apoio do presidente Lula. Terceira Via? No meu entender, sem chances. Mano a Mano, se for o PSDB praticamente só, contra esses outros três partidos grandes, será uma eleição disputada por gente grande.

DN – Já que o senhor citou o PMDB, é inevitável falarmos de Henrique Meirelles. O comandante do Banco Central seria esse “nome forte”, para concorrer com Marconi Perillo?
Luciano – Sobre Henrique Meirelles, eu sempre digo para todos os prefeitos “de roça” como eu: ele é um homem ligado à elite do mundo, não só de Goiás. O elo entre o povo e o governador é o prefeito. É um homem que só vive no meio dos maiores banqueiros, só vive no meio dos maiores empresários do mundo. Você acha que ele vai achar tempo para receber prefeitos de roça como eu ou como o Adelino (de Nova Iguaçu)? O Meirelles é um homem muito inteligente, muito preparado. A nossa sorte foi esse homem ter assumido o Banco Central. Mas, no meu modo de pensar, ele deve ficar de Brasília para lá. Ele não se enquadra no perfil do povo goiano.
DN – O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, tem chance de ganhar o governo neste ano?
Luciano – Acredito que Iris Rezende nem candidato ele é. Na época que Iris Rezende era Iris Rezende, ele entrou e levou couro do Marconi. Hoje, por sua saúde e por sua idade avançada, estando com a Prefeitura de Goiânia arrumadinha e com muito dinheiro em caixa, todo mundo sabe disso, acredito que o Iris não vai ter peito para enfrentar o Marconi. Mas, se fizer isso, saberá o risco que estará correndo.

DN – O senhor, a exemplo de outros prefeitos, também crê que o Vale do São Patrício e o Norte do Estado ainda carecem de maior representatividade na Assembleia Legislativa?
Luciano – É muito pouco ainda. O Norte deveria se unir mais. Quando se fala no Norte, se incluem várias cidades. Agora, quem representa o Norte (na Assembléia e no Estado) é apenas uma cidade: Porangatu.  E mais ninguém. Se eu estivesse no lugar do José Osvaldo (da Silva, prefeito de Porangatu) eu faria a mesma a coisa.

DN – Mara Naves, deputada estadual e primeira-dama de Goianésia, já anunciou que não vai tentar se reeleger nas próximas eleições. Como se deu a relação do senhor com a parlamentar do PMDB nos últimos quatro anos?
Luciano – Mara Naves? Ela é minha amiga pessoal, mas não tenho como avaliar o trabalho dela. Quando criança, a Mara Naves foi criada aqui em Barro Alto, junto comigo.

DN – No âmbito local, o senhor iniciou agora o segundo de seu segundo mandato. Entretanto, o senhor já formulou algum pensamento sobre seu possível sucessor nas eleições municipais de 2012?
Luciano – Primeiramente, estou pensando na quantidade de votos necessários para eleger o meu deputado estadual (Helio de Sousa), o meu deputado federal, que será o Luiz Bittencourt (PMDB), provavelmente.  Eles terão votação muito expressiva aqui em Barro Alto. Acredito que a quantidade de votos para os deputados apoiados por mim será o termômetro da próxima eleição municipal, juntamente com o trabalho que estou fazendo à frente da prefeitura, num município promissor, quando deverei trabalhar com receita R$ 6 milhões (por mês) em 2012 para atender 12 mil habitantes. Isso representará grande potencial para fazermos o sucessor. Mas ainda não tenho em mente esse nome. Primeiro, quero saber quem será o novo governador do Estado, quem serão os dois novos senadores, principalmente se esses nomes forem aquele que receberão o meu apoio. Um dia depois da eleição deste ano, aí sim teremos que começar a preparar a campanha em Barro Alto.

DN – O vereador e atual presidente da Câmara Municipal de Barro Alto, Geraldo Aílton dos Santos, o popular Tim, disse que pretende eleger-se prefeito com seu apoio, em 2012. Como o senhor vê essa vontade do vereador?
Luciano – Hoje, todo mundo sabe aqui em Barro Alto que existe um elo muito grande entre o vereador Tim e o prefeito Luciano. Agora, cada um tem uma estratégia política. No meu caso, eu não faria isso três anos antes, o que causaria ciúmes no próprio grupo político, nos demais vereadores e nas outras pessoas que também têm a intenção de disputar a prefeitura. E se você começa a causar ciúme, torna-se uma vidraça para começarem a lhe bater. Eu faria o meu trabalho caladinho, antes, para ver se o meu nome teria aceitação. Se o meu nome deslanchasse, na hora certa eu lançaria a candidatura. O vereador Tim foi prematuro e agora terá de ser muito guerreiro para não ser vítima da ciumeira que cairá na cabeça dele.

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