Publicado em 01 Julho 2007
Rui Sabóia e João Carvalho - Brasília
rui sabóia

Pedro Wilson em seu gabinete em Brasília: PT terá candidato próprio na capital
O ex-prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, falou com a reportagem do Diário do Norte na quarta-feira (27) em Brasília e admitiu que não será candidato em 2008. Apontou vários nomes para disputar a cadeira que hoje é ocupada por Iris Rezende, do PMDB, e frisou que capital de Goiás é privilegiada por eleger tantos prefeitos que, a seu tempo e modo, foram responsáveis pela melhoria da qualidade de vida da população. Ético, o petista não quis fazer comparações entre o seu governo e o de Iris Rezende. Afirmou que joga no time do ‘quanto melhor, melhor’.
Com esse pensamento, ele informa que o presidente Lula não fará nenhum tipo de retaliação ao governador Alcides Rodrigues (PP), que apoiou Geraldo Alckmin (PSDB), na disputa à presidência da República, nas eleições de 2006. Sobre a crise financeira do Estado, Pedro disse que é preciso esquecer o retrovisor e olhar para frente. Sobre a sua atuação no Norte do Estado, o deputado afirmou que tem compromisso em recuperar a BR-153 (Anápolis/Uruaçu), em construir a Ferrovia Norte-Sul, no trecho que corta o território goiano; e em garantir um campus avançado da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Porangatu, além de levar um Cefet para Uruaçu e de fortalecer a Universidade Estadual de Goiás (UEG).
[b]Diário do Norte[/b] – De que maneira o senhor imagina o PT nas eleições em Goiânia em 2008? [b]Pedro Wilson[/b] – Nesse momento o PT está realizando encontros zonais e municipais e até início de agosto faremos o encontro estadual para preparar a realização de congresso em São Paulo. Estamos debatendo teses para construir um novo Brasil. Nessa discussão, avaliamos que País queremos, que socialismo que nós propomos, o que é o PT enquanto ferramenta partidária. Tudo isso para que a gente possa renovar o pleito do PT enquanto partido que luta pelas mudanças sociais no Brasil. Nesse momento, essa é a nossa meta. Também vamos apoiar os prefeitos e governadores, além do presidente Lula nessa arrancada de desenvolvimento do Brasil a partir do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Trabalhamos para aprovar a reforma política, a emenda 29 da saúde. Nós acabamos de aprovar o Fundeb, que será um revolução na educação brasileira, que vai injetar de R$ 4 a R$ 5 bilhões na melhoria das nossas escolas. Outro trabalho que desenvolvemos é no sentido de melhorar nossa malha viária. Precisamos de mais e melhores estradas. Precisamos concluir a Norte-Sul em Goiás, o que será um avanço no escoamento da produtividade do cerrado. Aliás, em relação ao cerrado, temos que atuar no sentido de zelar por ele. A questão do meio ambiente não pode ser abandonada. O PT, nesse momento, ajuda o presidente Lula a alavancar o crescimento do Brasil nos vários projetos do presidente Lula. Em relação a 2008 nós vamos participar das eleições apresentando nossas propostas e projetos. Temos projetos para Goiás e para o Brasil. A partir do 3º Congresso do partido nós vamos tirar diretrizes sobre as alianças políticas e certamente vamos nos aliar com as legendas que estão na coalizão governamental com o presidente Lula.
[B]DN[/B] – O PT terá candidato em Goiânia em 2008?
[b]Pedro Wilson[/b] – O PT sempre teve um desempenho favorável em Goiânia. Desde a eleição de 1985 nós perdemos três disputas e vencemos duas. E ficamos em segundo lugar em todas as eleições que perdemos com diferença mínima na disputa eleitoral. Isso significa que o PT tem um potencial eleitoral muito forte em Goiânia. Acho que o partido em Goiânia, Anápolis e nas cidades do Norte pode apoiar outras candidaturas bem como lançar nomes próprios. Nós teremos centenas de candidatos nessas eleições. Eu defendo a idéia de que o PT tenha uma política de alianças, mas deve também estimular o lançamento de candidaturas.
[B]DN[/B] – Onde o PT errou na campanha de 2004 e o que o partido pretende fazer para não cometer os mesmos erros daquele ano?
[b]Pedro Wilson[/b] – Nós trabalhamos muito naquela eleição. Fizemos muitas obras, mas só mostramos elas no final do governo.
[B]DN[/B] – No seu governo houve falha na comunicação?
[b]Pedro Wilson[/b] – Houve falha na comunicação. Houve também uma campanha muito centrada contra nós. Foram sete candidatos na eleição, sendo que seis focaram suas ações contra o nosso governo. Também tivemos o problema da impugnação da nossa candidatura. Ficamos praticamente abril, maio e junho e só no início de julho é que tivemos a nossa liberação à campanha. Isso paralisou nossa campanha e todos achavam que nós não iríamos para o segundo turno, mas nós conseguimos chegar. Fizemos uma campanha ética apresentando nossas realizações e com proposta de continuar o desenvolvimento em todas as áreas da gestão.
[B]DN[/B] – O candidato do PT será o senhor mesmo?
[b]Pedro Wilson[/b] – Não. Eu sou candidato a exercer o mandato. Temos que renovar. Acho que cada um deve cumprir uma parte do seu processo. Acho que já cumpri a minha. Sou militante do PT, mas defendo novas candidaturas. Temos o nome da Marina Sant´Anna, do Serjão, da Cidinha, do Djalma Araújo, do Carlos Soares, do Luís César Bueno e outros nomes também importantes.
[B]DN[/B] – O projeto do senhor é para as eleições de 2010?
[b]Pedro Wilson[/b] – Nem sei se serei candidato a alguma coisa em 2010. Sou candidato a lutar pelo presidente Lula, para o PT ganha força e para fazer uma renovação profunda na luta pela transformação social no Brasil. Mas também entendo que não posso dizer que dessa água não beberei. Estou na luta como militante e quero ajudar o Estado de Goiás e Goiânia, independente de quem está na prefeitura. Minha maneira de ver é de que quanto melhor, melhor para todos. Temos muitas lideranças capacitadas que podem disputar as eleições.
[B]DN[/B] – Qual o grande diferencial da gestão Iris Rezende para a gestão
[b]Pedro Wilson[/b] na Prefeitura de Goiânia? [b]Pedro Wilson[/b] – Eu não faço essa avaliação. Quem deve fazer é a população. Acho que temos elementos que são iguais, outros são diferentes, então, não faço esse tipo de comparação. Cada um tem o seu estilo. Quem deve melhor avaliar são os meios de comunicação e a própria sociedade. E na época da eleição a sociedade vai comparar. Existem cidades que sofrem com maus administradores. E Goiânia não tem esse problema. Todos os prefeitos contribuíram com a cidade: o Iris, o Pedro, o Nion, o Darci Accorsi e o Daniel Antônio contribuíram, a seu tempo, com o desenvolvimento da cidade. Os prefeitos de Goiânia sempre tiveram mais virtudes do que defeitos. Cada um colocou um tijolo para construir essa cidade. Na campanha de 2004 foi colocado que Goiânia seria uma das piores cidades do Brasil. Depois que passou a eleição, dois meses depois, a cidade se transformou na principal cidade. Então acho que essa política de terra arrasada nós temos que abandonar. Temos que fazer uma política em que você contribui, independente de quem está à frente da prefeitura. O governador Alcides lutou pelo candidato Geraldo Alckmin, mas o presidente Lula em momento algum virou as costas para Goiás. Ao contrário, ele quer trabalhar junto com Goiás para ajudar o Estado a crescer e se desenvolver.
[B]DN[/B] – Como está a atuação do senhor em relação às cidades do Norte do Estado?
[b]Pedro Wilson[/b] – Durante os encontros do partido nas cidades do Norte eu defendi a tese de que o PT pode apoiar candidaturas fora do partido, mas também deve trabalhar nomes para serem lançados à disputa eleitoral. Também abri a discussão para transformar Uruaçu num grande porto seco para receber produtos de estados do Centro-Oeste, do Norte e também do Nordeste. Ou seja, Goiás com a melhoria da BRs 153, 070 e 080 e construção da Norte-Sul, a expansão da Universidade Federal de Goiás para o Entorno e para Porangatu, além do revigoramento dos campus de Goiás, Catalão e de Jataí; a implantação das novas unidades do Cefet no Estado. Tenho trabalhado e vou dedicar um grande espaço da minha atuação para uma melhor organização e desenvolvimento da Universidade Estadual de Goiás (UEG). E mesmo que alguém tenha sido irresponsável em criar pólos da UEG apenas por questões eleitorais, nós não podemos permitir que a UEG não se revigore. A UEG tem um corpo de professores dedicados e deve ser valorizada. Precisamos fortalecer cada vez mais a universidade. Em 2010 a população poderá fazer comparações sobre as nossas ações, as ações do PT. Isso em Goiás e como em todo País.
[B]DN[/B] – Que análise você faz do quadro de dificuldades que o Estado enfrenta hoje considerando que no ano de 2006 a situação era completamente diferente?
[b]Pedro Wilson[/b] – Acho que todo mundo sabia dos problemas. O governo Alcides Rodrigues é o governo de continuidade de Marconi Perillo. Ele será continuidade mas com a marca dele.
[B]DN[/B] – Isso não tem nada a ver com a gestão.
[b]Pedro Wilson[/b] – Mas ele sabia das dificuldades que enfrentaria. Eu até gostei de uma resposta dele: 'vamos pra frente'. Quando eu assumi a prefeitura todos queriam que eu ficasse voltado para a gestão anterior. Eu paguei o que podia paga (dívidas) e toquei minha gestão pra frente. O presidente Lula deu continuidade a todas as obras de Fernando Henrique Cardoso. Tem que ser assim. Administrar com os olhos focados no futuro.