Publicado em 24 Junho 2007
Rui Sabóia e João Carvalho - Brasília
íris roberto

Rubens Otoni durante entrevista ao Diário do Norte, no seu gabinete em Brasília: leque de alianças
Acostumado a participar de eleições em Goiás, o deputado federal e presidente regional do PT em Goiás, Rubens Otoni, entende que o partido deve se organizar para buscar o maior número de prefeituras nas eleições do próximo ano. Ele acredita estar mais próximo desse objetivo porque hoje a legenda da estrela vermelha abriu o leque de alianças com vários partidos, que apóiam governo do presidente Lula . Rubens fala sobre a situação financeira do Estado e cobra mais transparência do governo em relação ao déficit mensal nas contas públicas. “Dizem que o déficit é de R$ 100 milhões mensais, mas isso não foi apresentado à sociedade. E eu temo que ele seja bem maior”, alertou o petista. Rubens pondera que em Goiânia certamente o PT terá candidato próprio às eleições do próximo ano. Ele mesmo se coloca à disposição de Anápolis para ser o próximo prefeito da cidade. Finalmente, Rubens diz que seu compromisso com o Norte passa pela recuperação da BR-153 e construção da Ferrovia Norte-Sul em território goiano.
[b]Diário do Norte[/b] – De que maneira o PT vai trabalhar para ampliar os seus espaços nas eleições de 2008. Qual a estratégia do PT?
[b]Rubens Otoni[/b] – O PT realizou no início desde ano um planejamento estratégico para o desenvolvimento das suas ações para o período de 2007 até 2010. Nesse sentido, há todo um trabalho sendo realizado de preparação do PT para que possamos chegar em 2010 em condições de poder disputar as eleições ao governo do Estado de igual para igual. E porque essa estratégia? Porque o PT de Goiás já conseguiu eleger vereadores, deputados estaduais e federais, o prefeito de Goiânia e vários outros prefeitos. Mas ainda não conseguiu disputar as eleições do governo do Estado de igual para igual. Se nós deixarmos para pensar isso em 2010, corremos o risco de chegar lá novamente e não estarmos preparados. Então queremos trabalhar agora. E isso passa pelo fortalecimento dos diretórios, pela formação de novas lideranças e a preparação do partido para as eleições de 2008. As eleições de 2008 são importantes porque será o momento apropriado para darmos um passo adiante na nossa representação institucional, elegendo mais vereadores, mais vice-prefeitos e mais prefeitos. Para isso, nós estamos num período de discussão nas regiões e ampliando nossa área de atuação, além de fortalecer o partido onde ele já existe e preparando lideranças para disputar as eleições no próximo ano. E no final desse ano vamos discutir a estratégia política que vai depender da reforma política que está sendo votada no Congresso Nacional.
[b]“A HERANÇA DEIXADA PELOS EX-PREFEITOS DE ANÁPOLIS PRECISAM SER SUPERADAS. SOU CANDIDATO ”[/b]
[B]DN[/B] – O senhor já realiza este trabalho de articulação e de fortalecimento do PT nas bases. Qual será o diferencial para o PT vencer as eleições num número maior de prefeituras?
[b]Otoni[/b] – A minha avaliação é que com todas as dificuldades que um partido como o PT enfrenta, não tenho dúvida em afirmar que nós vivemos o melhor momento da nossa história. Nos nossos 27 anos o PT vive o seu melhor momento. Além de nós termos o PT estruturado em todos os municípios do Estado, já temos vereadores em boa parte dos municípios e prefeitos no interior, além da experiência do governo federal. E essa experiência é importante para o PT. Isso pelo acúmulo da experiência política e pela condição que isso nos dá de podermos apresentar programas e projetos concretos de superação de graves problemas que os municípios enfrentam. E isso tudo nos fortalece e nos dá condição de nos apresentarmos como um partido que tem condição de resolver os problemas que a sociedade vive no município.
[B]DN[/B] – Pedro Wilson disse que o PT terá candidatura própria em Goiânia. Isso está definido ou o PT pode abrir mão da cabeça de chapa?
[b]Otoni[/b] – Essa é uma definição que será tomada no momento oportuno pelo Diretório Metropolitano. Mas eu comungo da mesma opinião do deputado Pedro Wilson. Avalio que é natural que o PT tenha candidato numa cidade como Goiânia, que tem uma repercussão política forte. Até porque o PT está enraizado na capital. Já demonstrou isso em todas as eleições em que participou, mesmo não tendo êxito no pleito passado, mas conquistamos 45% dos votos no segundo turno, o que é quase 50% do eleitorado da capital. Eu defendo a participação do PT na campanha, apesar de que esta não é uma decisão do Diretório Regional. Quem vai decidir é o Diretório Metropolitano, mas estou convencido de que a opção mais correta é de participar com nome própria.
[B]DN[/B] – Confirmando essa tendência de candidatura própria, o PT deve abrir o leque de alianças com outras legendas?
[b]Otoni[/b] – Claro. O PT não apenas poderá, mas já abriu esse leque de alianças na medida em que hoje, no governo federal, nós temos uma coalizão de mais de 11 partidos. E é natural que essa coalizão que hoje dá sustentação ao governo federal, eles sejam interlocutores naturais do PT em cada município. É evidente que nós não estaremos aliando com todos os partidos, até porque nos municípios existe a realidade local, mas estes serão os nossos interlocutores naturais. Baseado na realidade de cada município e no interesse político dos partidos nós iremos formatar as nossas alianças. Mas hoje, sem dúvida nenhuma, o arco de alianças possível para o PT em 2008 é muito maior do que aquele que nós tínhamos no passado.
[B]DN[/B] – Uma aliança com o PMDB de Goiânia está totalmente descartada?
[b]Otoni[/b] – Não. O PMDB faz parte do arco de alianças e de apoio ao presidente Lula. Agora, eu falo de alianças de um modo geral nos demais municípios do Estado. Sou presidente do partido no Estado. O que vale para os demais municípios, poderá ser implementado por Goiânia. O PMDB é um interlocutor natural do PT. Mas como eu disse, o fato de estar na coalizão nacional, não significa que haverá uma aliança automática nos municípios, porque cada um vai observar a sua realidade local para fechar alianças. É possível um diálogo com o PMDB? Sim. É possível diálogo com o PMDB? Sim. Agora, vamos observar a realidade de cada cidade. Em Goiânia, a aliança é pouco provável, porque PT e PMDB têm intenção de ter candidato próprio. Mas teremos municípios onde a aliança pode se confirmar.
[B]DN[/B] – O senhor é candidato a prefeito em Anápolis?
[b]Otoni[/b] – Nossa avaliação sobre Anápolis é que mais do que nunca precisamos construir uma alternativa para superar os graves problemas administrativos e políticos que temos na nossa cidade. Estamos vivenciado na cidade quatro administrações em que, cada uma delas, a seu modo, deixando heranças que precisam ser superadas. E o PT vai construir uma alternativa para apresentar à sociedade. Entendo que o PT deve ter candidato próprio na cidade. Essa candidatura não está definida. Meu nome aparece no debate que sempre é feito, é verdade. Mas eu, cada vez mais, tenho um desafio como deputado federal, com tarefas que me distanciam do dia a dia do município. Então, é preciso que a sociedade anapolina avalie a importância de Rubens [b]Otoni[/b] como agente político. Eu sempre me coloquei à disposição e, novamente, vou me colocar à disposição. Por isso, entendo que é preciso avaliar e estou à disposição da comunidade da cidade.
[B]DN[/B] – De que maneira o senhor avalia essa questão da crise do Estado?
[b]Otoni[/b] – O que eu lamento é que haja uma dificuldade de apresentar a toda população, de maneira transparente, a verdadeira realidade econômica e financeira do Estado. Porque esse é um direito da sociedade em saber.
[B]DN[/B] – Mas essa realidade não está sendo apresentada, quando o próprio governador admite um déficit mensal de R$ 100 milhões nas suas contas?
[b]Otoni[/b] – Dizem que o déficit é de R$ 100 milhões. Mas isso não foi apresentado à sociedade. E eu temo que quando for apresentado, o déficit não seja de R$ 100 milhões. Por isso defendo que o governo tenha uma atitude de transparência administrativa de mostrar esses dados à sociedade. E também mostrar onde está esse déficit, até para nós sabermos se o valor do déficit é esse mesmo. E sendo este ou não, nós poderemos debater as suas causas para resolver o problema. Todos temos responsabilidade de buscar saída para um problema que a gente conheça. E vejo essa dificuldade de garantir essa transparência dos dados e informações. E essa transparência não foi apresentada na campanha. E vejo que agora o governo do Estado está no limite. Ele tem uma situação que ele é obrigado a administrar. Tem um passivo que ele é obrigado a se responsabilizar por ele. E para poder explicar isso à sociedade é preciso dizer de onde vêm as causas desse endividamento, que às vezes inviabilizam ações importantes que são cobradas pela sociedade que este governo não pode se comprometer.
[b] “ TEMO QUE O DÉFICIT DAS CONTAS DO ESTADO NÃO SEJA DE R$ 100MI. FALTA TRANSPARÊNCIA ”[/b]
[B]DN[/B] – Como está o trabalho do senhor em relação ao Norte do Estado?
[b]Otoni[/b] – Nós temos uma grande preocupação de podermos nos somar à representação do Norte para buscar saídas para os graves problemas que a região historicamente enfrenta. Um dos grandes desafios no nosso primeiro mandato e que buscamos contribuir com a região, foi na busca de soluções para a infra-estrutura, que é um ponto fundamental na garantia do desenvolvimento. Nesse sentido, duas bandeiras importantes foram apresentadas. Uma delas é a recuperação da BR-153 (Belém-Brasília) e a outra a Ferrovia Norte-Sul. São duas bandeiras fundamentais para o Norte. No que diz respeito a BR, a primeira fase nós conseguimos realizar, de Uruaçu à divisa com o Estado do Tocantins. Este ano nós partimos para a segunda etapa, que é garantir de Uruaçu até Anápolis, com a divisão desse trecho, em duas partes, que já estão sendo disponibilizados para que as empresas possam entrar e realizar o seu trabalho. E temos pela frente o desafio de podermos concretizar a Ferrovia Norte-Sul. Trata-se de um investimentos e por isso mesmo, temos mais dificuldade de concretizar a obra. Mas o meu compromisso com a Região Norte, como deputado federal, é de poder, além da recuperação da BR-153, garantir a execução da Norte-Sul como um marco do desenvolvimento do Norte. Esse é o nosso desafio, de concretizar a obra. Não se trata de tarefa para um ou dois anos, mas a responsabilidade minha como agente político, é estar atento até que a obra esteja finalizada. O Norte pode saber que o deputado Rubens [b]Otoni[/b] não ficará sossegado enquanto não ver a BR-153 restaurada e a Norte-Sul efetivada.