Publicado em 18 Maio 2009
João Carvalho - Jaraguá
arquivo/diário do norte

Lineu Olímpio quer discutir futuro do PTB para as eleições de 2010
Liderança consolidada na Região do Vale do Patrício, onde derrotou o clã de Nédio Leite nas duas últimas eleições municipais, o prefeito de Jaraguá, Lineu Olímpio, faz análise sobre o quadro sucessório que se desenha no Estado e aponta uma situação em que Marconi Perillo (PSDB) e Alcides Rodrigues (PP) caminham para estarem em palanques diferentes. Lineu observa que o seu partido, o PTB, deve mesmo fechar aliança com o PSDB, decisão que já teria sido tomada de forma isolada pelo líder do partido no Estado, o deputado federal Jovair Arantes. Sobre a crise financeira que se abateu sobre os municípios no início do ano, Lineu adverte que o pior ainda virá, no momento em que houver a tradicional queda nas receitas dos municípios. Segundo ele, é preciso muito cuidado e rigor com as contas públicas nesse momento, sob pena de muitas prefeituras ficarem inviabilizadas.
Diário do Norte - O deputado Jovair Arantes tem afirmado que o PTB, partido que ele preside em Goiás, já definiu que apoiará a candidatura do senador Marconi Perillo às eleições ao governo do Estado em 2010. O senhor concorda com essa "decisão"?
Lineu Olímpio - São circunstâncias de direção de partido. O deputado Jovair sempre teve uma proximidade grande com o senador Marconi e é, sem dúvida nenhuma, o candidato mais simpático ao partido. Nós, na última reunião do diretório estadual do PTB, manifestamos algumas ponderações em relação ao apoio imediato ao senador. Coloquei que aquele era um momento em que vivíamos um processo administrativo. Coloquei que o próprio senador Marconi Perillo havia dito que o processo sucessório deveria se iniciar a partir de setembro de 2009. O próprio governador Alcides Rodrigues tem manifestado esse pensamento. Ou seja, as discussões políticas devem ser feitas internamente nos partidos, mas esse encaminhamento para a base e a população só devem ser realizados no final do ano. Esse é o mesmo entendimento do prefeito Iris Rezende, de Goiânia. Esse é um pensamento que a maioria das lideranças tem, de se preocupar nesse momento com um processo administrativo. Agora, é claro, que as articulações internas nos partidos já estão aflorando. As legendas estão buscando nomes para futuras filiações e postulações de cargos majoritários. A expectativa nossa, para o próximo dia 22, quando haverá reunião do diretório do PTB em Goiânia, é realmente ter um direcionamento de qual caminho o PTB deve buscar. A manifestação do nosso presidente é de que o partido acompanhe Marconi Perillo.
DN - A tendência no PTB é fechar com essa tese, o senhor concorda com essa colocação?
Lineu - A tendência é grande para esse caminho. Temos alguns pontos que devem ser conversados e isso deve ocorrer na reunião do dia 22 e, baseado nesse encontro, acredito que teremos já um direcionamento para o partido no Estado e não somente a nível de liderança.
DN - O senhor imagina em que posição o governador Alcides Rodrigues estará no palanque eleitoral de 2010. Ele estará com o senador Marconi Perillo ou com as lideranças que estão hoje com Lula?
Lineu - Dentro da conjuntura que se observa a nível de Estado, nós podemos fazer avaliações. Afirmações são complicadas de se fazer num momento político como esse. Temos visto uma aproximação grande do governador com o prefeito Iris Rezende. Há também uma articulação forte para trazer o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o cenário eleitoral em Goiás. Temos observado uma articulação grande do presidente do PT, Rubens Otoni, em relação ao próprio governador. Então, quando se observa todos esses cenários, nós podemos ter consolidado um distanciamento do governador em relação ao senador Marconi. A gente observa algumas entrevistas de lideranças que deixam claro que isto está bem posicionado pelas duas lideranças, ou seja, o senador Marconi tentando uma aproximação, mas a gente percebe um distanciamento do PP em relação a uma eventual candidatura do tucano.
DN - Porque isso ocorre?
Lineu - Política tem os interesses de grupos e a busca de espaços. O PP deve estar procurando, nessa sua oportunidade de governar Goiás, manter a sua liderança a nível estadual. Trata-se de um partido que hoje está no governo, mas que ficou fora muito tempo. Agora eles querem manter essa posição de governar o Estado dentro de um grande acordo político. Hoje não vejo a possibilidade de uma terceira via disputar as eleições no Estado.
DN - O senhor acredita que Henrique Meirelles não disputa o governo do Estado?
Lineu - Dentro de um grande acordo ele pode, sim, disputar essa eleição. Nesse caso o quadro já tem um desenho. O próprio presidente do PR, Sandro Mabel, definiu um quadro do que poderia ser esse grande acordo, com o Meirelles candidato ao governo, Iris candidato ao Senado, Rubens Otoni também candidato ao Senado e o PR indicando um nome para a vice. Ou o contrário, com Iris candidato ao governo e o Meirelles ao Senado. Esse desenho do quadro sucessório em Goiás está se afunilando. É isso que se observa entre as lideranças.
DN - O senhor acredita que a ideia do projeto do Tempo Novo em Goiás chegou ao fim?
Lineu - Acho que o projeto do Tempo Novo teve uma consolidação forte com a aglutinação dos partidos. O Tempo Novo não é uma administração única partidária. Foi, sim, um projeto maior, onde todos os partidos comungavam com o mesmo pensamento. Hoje nós observamos várias manifestações em relação a tudo que o Tempo Novo executou em Goiás. Acredito que hoje não se consolida mais esse projeto como nos anos anteriores.
DN - Em relação à crise, como é que está a situação atual, o momento agora é de euforia ou de pé no freio?
Lineu - Quem está no segundo mandato já vinha preparando a estrutura financeira do município quando teve início a crise financeira mundial, isso no mês de outubro do ano passado. Então, nesse período, quando a receita começa a melhorar nas prefeituras, os prefeitos que estavam no poder mantiveram uma reserva. Nos meses de janeiro, fevereiro e março também as receitas geralmente são maiores. Agora é importante lembrar que nos meses de maior receita, que é de outubro a março, nós passamos muitas dificuldades com a queda nos repasses. Assim, a expectativa do que vem para depois é muito pior ainda. Temos que observar que a curva das arrecadações municipal, estadual e federal tem uma ascendência forte a partir de abril. Teremos situações críticas nos meses de junho, julho, agosto e setembro. Os prefeitos precisam entender que ainda não estamos saindo da crise. A receita da União pode até melhorar um pouco, mas a queda na distribuição é considerável nesse período. Temos que ficar vigilantes porque a crise financeira pode começar a ser interrompida, mas nós vamos enfrentar queda muito forte de receita nesse período que virá. Os prefeitos precisam ter um cuidado grande nos próximos meses. Vivemos um momento de muitas dificuldades.