Publicado em 02 Agosto 2010
João Carvalho - Goiânia
Crítico contundente do PMDB, o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) não perde uma oportunidade para alfinetar o tradicional adversário. Tem sido assim desde os tempos em que Leréia era deputado estadual e o PMDB, à época, tinha controle quase absoluto sobre a política em Goiás. Época em que o partido elegia até poste. Já naquele tempo, Charles Albert (como é conhecido por alguns jornalistas) fustigava as lideranças peemedebistas, em especial Iris Rezende e Maguito Vilela. O tempo passou e Leréia continua a atacar. Hoje, segundo ele, o projeto do PMDB é familiar. Isso significa que as principais lideranças do partido estão preocupadas em eleger parentes próximos, filhos, mulheres, sobrinho e outros entes. Como não tem papas na língua, Leréia aproveita para criticar uma aliada, a senadora Lúcia Vânia, que foi alvo durante muito tempo dos seus disparos. Segundo ele, Lúcia foi uma aliada canina do governador Alcides Rodrigues e não teve coragem de criticar o governo por não nomear mulheres para ocupar 50% dos cargos de primeiro escalão, conforme havia prometido na campanha.
Diário do Norte – Quais as chances de vitória do senador Marconi Perillo (PSDB)?
Carlos Leréia – Já percorremos mais de 50 cidades. E onde o Marconi chega a receptividade é muito calorosa. Isso a gente percebe claramente. Quando isso acontece é porque há uma aceitação muito forte e uma tendência de votos. No ritmo que está a campanha eu posso garantir que a campanha será decidida no primeiro turno e favorável ao Marconi.
DN – O que alimenta essa convicção do senhor da vitória no primeiro turno?
Leréia – As pesquisas já indicam essa tendência. Além das pesquisas, eu tenho uma percepção grande da vontade do eleitor em eleger Marconi. E ainda temos duas candidaturas fortes disputando vagas no Senado. Temos a melhor chapa de candidatos a deputado federal e estadual e o maior apoio de lideranças. Mas isso só não basta para ganhar. A minha percepção indica uma receptividade muito forte do eleitorado em relação ao Marconi.
DN – Prever uma vitória agora no primeiro turno não é um sinal de salto alto do PSDB?
Leréia – Pelo contrário. Essa percepção revela que estamos trabalhando muito. Nenhum dos candidatos tem trabalhado tanto quanto o Marconi. E é exatamente por esse trabalho forte que posso afirmar que as chances de vitória no primeiro turno são enormes, mas isso depende de muito trabalho.
DN – O senhor é do Norte, que ainda é muito carente. Que tipo de ação o senador vai propor para mudar essa realidade?
Leréia – Quando estava no governo, Marconi teve um carinho enorme pela Região Norte. Todos nós sabemos disso. A maior ponte construída dentro do Estado foi feita no seu governo e na Região Norte (Ponte do Rubão). Ele fez ligações asfálticas entre Goiás e Tocantins, de Montividiu a Palmeirópolis. De São Miguel do Araguaia a Araguaçu, passando pela Tataíra. Fez asfalto de Mutunópolis para Porangatu. Fez asfalto, que ainda não foi concluído; entre Montividiu e Porangatu. Fez parcerias com todos os prefeitos da região na área social. Marconi governador é garantia de que o Norte será contemplado novamente com grandes obras e recursos. Nós queremos um governador que realmente dê atenção ao Norte.
DN – Marconi ficou praticamente oito anos no governo e ainda assim não concluiu a ligação asfáltica de duas cidades da Região, Bonópolis e Colinas do Sul. Dessa vez essas obras serão realidade numa eventual gestão Marconi?
Leréia – A pavimentação das rodovias para interligar essas duas cidades é prioridade. Inclusive, o de Colinas já foi feito uma parte. Marconi pavimentou a rodovia que dá acesso ao Muquém. Naquele trecho você tem acesso ao trecho para Colinas. A rodovia para Bonópolis precisa de recursos para que o governo possa iniciá-lo e concluí-la nos próximos quatro anos. E ainda temos Guarinos, que está no Vale do São Patrício, mas também é uma obra que precisa ser assumida. Agora, temos que lembrar também que as indústrias chegaram na Região Norte do Estado. Temos duas grandes indústrias que estão prestes a produzir, a Bionasa (Porangatu) e Bionorte (São Miguel do Araguaia). Temos ainda uma fábrica de leite em pó em Uruaçu. Tudo isso somado à Norte-Sul vai melhorar a economia da nossa Região.
DN – Como é que o senhor vê as campanhas milionárias nestas eleições?
Leréia – A legislação estabelece os gastos para uma candidatura. Agora compete à fiscalização observar o cumprimento da lei. E vejo que o Ministério Público tem sido atuante nesse sentido. O que preocupa é a compra de votos. Isso é muito difícil de ser fiscalizado. Há o político desonesto que compra votos e há o eleitor desonesto que aceita esse jogo. Infelizmente, tem gente que vende e tem quem compra. Temos que coibir e denunciar.
DN – Qual será o principal alvo da campanha do PSDB: Vanderlan Cardoso (PR) ou Iris Rezende (PMDB)?
Leréia – Não tem alvo nenhum. O alvo nosso é buscar o apoio da população.
DN – Não foi isso que se viu no debate da Fonte TV.
Leréia – Os adversários não nos interessam, tanto faz um como o outro. Não tem diferença. São adversários e temos que tratá-los como adversários. Nós temos que nos preocupar é com os compromissos com a população, em resgatar os programas sociais e fazer parcerias com os prefeitos. Em relação ao Iris Rezende, vejo que ele tem potencial de votos. E é claro que nós sabemos do seu passado, período em que Goiás viveu muitos escândalos, denunciados por nós.
DN – Haverá campanha de comparação entre os governos do PSDB e do PMDB?
Leréia – Há algumas situações que nós não podemos deixar de falar. O PMDB virou projeto de família. O PMDB não tem um projeto para o Estado. Tem, sim, um projeto familiar. O Iris Rezende lançou a própria mulher para disputar mandato de deputada federal. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, trabalha noite e dia para eleger o sobrinho (Leandro Vilela) deputado federal e o próprio filho (Daniel Vilela) para deputado estadual. Flávio Peixoto quer eleger o filho (Thiago Peixoto) deputado federal. O Adib Elias move montanhas pela eleição da esposa (Adriete Elias) para deputada estadual. O Wolney Siqueira quer eleger o filho (Wagner Siqueira) deputado estadual. Então, o PMDB virou um projeto familiar. Eles não têm um projeto para a população e o Estado. E olha que o que eu estou falando não é nenhuma denúncia. Isso é apenas uma constatação do que o PMDB resolveu aprontar nessas eleições. Os caciques do PMDB querem, cada um, com a sua própria estrutura, eleger os parentes próximos. A campanha do PMDB parece estar sem rumo. Na verdade o rumo é no sentido de cada um se arrumar e eleger um parente bem próximo. E a população de Goiás precisa refletir sobre isso.
DN – O deputado Ronaldo Caiado disse que não subirá no palanque de Marconi Perillo. Isso tem importância para o PSDB ou isso não muda nada e Ronaldo Caiado é carta fora do baralho e o que interessa é o DEM?
Leréia – Importância tem. Tanto que o DEM está nos apoiando. O senador Demóstenes Torres está integrado na campanha. Todos os candidatos a deputado federal estão integrados na campanha. Agora o Ronaldo Caiado fez uma opção e nós temos que respeitar. E detalhe importante, Caiado fez essa opção e não está trabalhando em defesa de nenhuma outra candidatura. Ele está fazendo a campanha dele sozinho e apostando nas votações que sempre teve. Ele está pagando para ver.
DN – O senhor foi um crítico ferrenho da atuação da senadora Lúcia Vânia. O senhor vai pedir votos para ela?
Leréia – A senadora Lúcia Vânia teve uma falha que eu sempre destaco. Isso aconteceu quando o governador prometeu 50% dos cargos de primeiro escalão para as mulheres e acabou não cumprindo a promessa. Ela ficou do lado do governador e nunca questionou o não cumprimento da promessa. Mesmo assim, ela é do partido e minha equipe como eu estaremos pedindo votos para ela. Agora, eu diria que ela cometeu um pecado enorme, principalmente, com as mulheres, porque não levantou a voz nenhuma vez sobre essa questão dos cargos para as mulheres. Ela tem que se explicar, afinal, ficou do lado desse governo com o qual eu já rompi faz tempo.
DN – O senhor cortou relações com o governo do Estado, mas o PSDB não cortou, mantendo pessoas em vários cargos na estrutura do governo. Como é que explica isso?
Leréia – Olha, o PSDB que pede votos já está fora há muito tempo desse governo.
DN – Bráulio Moraes permanece no governo.
Leréia – Bráulio Moraes não é candidato a nada. Ele é um técnico. E ele tem o direito dele de estar lá por ser amigo do Alcides. Mas ele não me representa e não representa o PSDB. Nenhuma dessas pessoas que ficou no governo me representa.
DN – O senhor ampliou suas bases para essa eleição?
Leréia – Ampliei a base de apoio e espero ampliar os votos para a reeleição. Claro que com muito trabalho. Tenho apoio em cidades com mais de 60 mil eleitores, como Luziânia, que é a quarta maior cidade do Estado. Continuo tendo apoio em Trindade. Em Anápolis eu tenho apoios. Em Goiânia da mesma forma. Em Formosa eu não tinha apoios e hoje estou trabalhando lá. Em Valparaíso acontece a mesma coisa. E em outras cidades que hoje fazem parte desse arco de alianças, como por exemplo, Santo Antônio do Descoberto; na cidade de Planaltina, Palmeiras de Goiás, na cidade de Goiás, Uruana, Alexânia, Palminópolis, Cristianópolis, além de manter as cidades que já tinha. Com tudo isso terei mais trabalho, mas consequentemente mais votos do que tive nas eleições de 2006. É claro que são apoios que conquistei com o trabalho nas eleições de 2008 e também através do apoio que dou através das emendas e das visitas que faço em cada uma dessas cidades.
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