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roberto balestra

“O pp fará 60 prefeitos”

Deputado não vê crise interna na base aliada e diz que candidato em Goiânia será o do consenso


Publicado em 24 Junho 2007

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íris roberto
Roberto Balestra lê o Diário do Norte no seu gabinete em Brasília
Roberto Balestra lê o Diário do Norte no seu gabinete em Brasília
Dono do sexto mandato consecutivo de deputado federal, Roberto Balestra pode se orgulhar de dizer que nunca mudou de lado desde 1986, quando conquistou sua primeira cadeira na Câmara Federal. Desse ano para cá ele experimentou o gosto amargo da oposição por doze anos consecutivos. Depois disso, por mais oito anos e seis meses, teve o prazer de saborear o doce gosto do poder. Já são mais de 20 anos e pode se dizer que Balestra sempre mantém posições coerentes e firmes em relação às suas convicções. Na quinta-feira (21) ele recebeu a reportagem do Diário do Norte no seu gabinete no Congresso Nacional. Na parede da sala, fotos dos seus pais e uma espécie de aquarela dele próprio. Calmo, observador e até um pouco frio, Balestra concedeu entrevista para falar do governo Alcides Rodrigues e alertar que ele jamais será igual a Marconi Perillo. Negou a existências das chamadas cassandras, previu que em breve o governo sairá da crise e afirmou que o déficit nas contas públicas sempre existiram, em todos os governos. Balestra ainda previu que o PP pode eleger 60 prefeitos no interior do Estado em 2008. Finalmente, disse que o candidato da base aliada será escolhido de forma consensual dentro dos partidos que apóiam a gestão de Alcides Rodrigues. [b]Diário do Norte[/b] – Como membro da base aliada, como o senhor está avaliando a crise financeira que o Estado enfrenta? [b]Roberto Balestra[/b] – Entendo que isso é natural. Governo não quebra. Nem federal, nem estadual e nem municipal. O governo passa por momentos difíceis e faz os ajustes de acordo com a capacidade administrativa de quem está no comando. E cada um tem a sua maneira de ser. Logicamente que o (então) governador Marconi (Perillo) utilizava instrumentos que, para ele, eram os mais apropriados. O governador Alcides por certo vai usar outros expedientes que, para ele, serão os mais apropriados. Mas a solução virá. Primeiro porque eu acredito na determinação do governador. Segundo porque ele não abriu exceção. Se ele tivesse aberto exceção para contratar ou para fazer serviço para prefeito, então aí seria muito difícil para ele estabelecer uma forma de administração que tivesse a sua marca. Ele não conseguiria. Quando ele não abre exceção, a solução para o problema vem a curto prazo. E a prova maior é que ele agora já colocou o pagamento dos servidores dentro do mês trabalhado. E já lançou o pacote de obras rodoviárias, mesmo com recursos do Bird e parte do Estado. Então, as coisas já começaram a acontecer. Acho que entre agosto e setembro, ele deve anunciar uma nova situação do Estado e vai tocar o barco. Ele será um grande administrador. E para aqueles que não acreditam ou que têm pressa, é preciso entender que ele é um governador. E o governo passado era outro governo. Ele terá mais três anos e meio pela frente para imprimir o seu trabalho. Querer exigir dele hoje uma posição igual ou semelhante a do governo passado, é querer exigir que ele se despersonifique e que não imprima a sua marca. [B]DN[/B] – O senhor fala que a solução virá a curto prazo, mas esta não é a visão que tem o secretário da Fazenda, que disse recentemente que a situação é mais grave do que ele próprio imaginava. Qual o caminho para achar essa solução? [b]Balestra[/b] – Não contestando o secretário, mas ele tem um mês é pouco de trabalho e nós já convivemos com o governo. Não estou dizendo com esse governo. Eu convivo com governo há 20 anos. E já vi situações iguais, piores e melhores. Todas elas. E a solução não é tão demorada. O que viabiliza a solução é a coerência. Se há coerência, a solução virá a curto prazo. Como eu sei que o Dr. Alcides não vai mudar de comportamento, a solução virá a curto prazo. [B]DN[/B] – O que determinou para que essa crise surgisse do nada, uma vez que no ano passado o governo não falava em crise? [b]Balestra[/b] – Sempre houve déficit. Toda vida houve déficit. No governo Marconi houve, e antes dele também. Em todos os períodos esse tipo de situação foi enfrentada. Agora, o Estado sempre teve ativos que ele lançava mão para poder fazer caixa. E agora chegou um momento em que os ativos disponíveis não puderam ser utilizados. Então, o Estado teve que mudar de estratégia na forma de administrar para poder acomodar essa nova situação. [B]DN[/B] – Quais são os ativos? [b]Balestra[/b] – Por exemplo, o governo fez o Refiz do ICMS. Fez o Refiz 1. Fez o Refaz. Em todos eles o governo criava uma condição para o devedor pagar. Aí um grupo pagava e ficava outro sem pagar. Então ele criava uma nova norma, através do Refiz, para que esse pessoal viesse efetuar o pagamento do débito. Assim, o governo ia se apropriando de recursos que as empresas pagavam à vista e o restante era parcelado. Então, isso é um ativo. O BEG foi federalizado. Foi outro ativo para o governo. A Caixego foi extinta e o governo recebeu ativos. O Estado foi desmembrado, o governo recebeu parte de ativos. E vai por aí afora. Sempre existiram alguns ativos que o governo se apropriava honestamente e dentro da legislação. Nada de errado nisso. [B]DN[/B] – O senhor apóia essa iniciativa do governador em demorar na escolha do secretariado? [b]Balestra[/b] – Apoio. Sucessão é diferente de alternância de poder. Ele é sucessor de um grupo e de um projeto político do Tempo Novo. Ele não veio através de alternância. Essa sucessão precisa de muito cuidado porque os companheiros são os mesmos. E logicamente ele vai poder imprimir a sua marca num curto prazo. Ele não tem como fazer isso de imediato porque senão poderia produzir um processo muito traumático. A estratégia está correta. [b]“A CULPA PELO ENDIVIDAMENTO É DO ESTADO DE GOIÁS. NINGUÉM FOI, SOZINHO, RESPONSÁVEL PELA DÍVIDA”[/b] [B]DN[/B] – A demora na escolha do secretariado não pode acarretar prejuízos nas eleições de 2008? [b]Balestra[/b] – O que vai balizar a próxima eleição de prefeito será a organização do Estado. Com isso, o governo poderá atender o município. E logicamente proteger os companheiros. Não adianta fazer bonito agora e, chegar no ano que vem, sem ter como amparar os companheiros na eleição. [B]DN[/B] – O governo está se preparando para essa situação? [b]Balestra[/b] – Ele não está se preparando. Ele está organizando o Estado porque a dinâmica de trabalho dele é diferente da dinâmica do Marconi e, como conseqüência, ele terá as condições para fazer política no ano de 2008. [B]DN[/B] – Do ponto de vista eleitoral, o PP tem pressa e necessidade de eleger mais prefeitos? [b]Balestra[/b] – Não é que ele tem necessidade. Todos os partidos políticos visam o poder. Ninguém entra em política que não seja pelo poder. Logicamente que nós temos um espaço com 30 prefeitos. Por ser governo, naturalmente as pessoas correm para o lado do governo. Isso aconteceu com todos os ex-governadores. O Marconi quando ganhou a eleição, o PSDB tinha 18 prefeitos. Ele terminou com 90 prefeitos. Isso é natural. [B]DN[/B] – O senhor faz previsão de eleição de quantos prefeitos? [b]Balestra[/b] – Nós devemos fazer 60. Só o PP. [B]DN[/B] – Como fica o PP na disputa em Goiânia? [b]Balestra[/b] – O PP é o partido do governador e logicamente o partido que não participa desaparece. Nós temos a obrigação de oferecer nomes para a base aliada. E oferecer nomes não quer dizer que vamos fechar questão e exigir que candidato seja do PP. Nós vamos participar para que a base aliada tenha um candidato de consenso para ganhar a eleição. Pode ser de qualquer partido. Nós não podemos é querer que cada partido lance um candidato. E essa prática nós já demonstramos desde a época da eleição do Nion Albernaz. [B]DN[/B] – Dentro do ninho tucano há o entendimento de que o PSDB deve encabeçar a chapa, diante do fracasso que foi a candidatura de Sandes Júnior em 2004. Como o senhor vê essa postulação. Esse é o critério para definir nomes? [b]Balestra[/b] – O critério é o que eu disse, todos os partidos da base devem ter nomes competitivos. E ter o juízo suficiente e respeito aos partidos e aos companheiros para escolher o melhor candidato de qualquer um dos partidos. [B]DN[/B] – Quais são os nomes do PP hoje em Goiânia? [b]Balestra[/b] – Não sei. Acho que qualquer companheiro filiado ao partido, que tem moral, tem respeito e que trabalha, pode ser candidato a prefeito em Goiânia. [B]DN[/B] – O senhor pretende disputar as eleições em Goiânia? [b]Balestra[/b] – Não. Nenhuma. [B]DN[/B] – Nem para governador? [b]Balestra[/b] – Não tem eleição para governador agora. Eu estou fazendo projeto para a próxima eleição, que eu tenho que ajudar. [B]DN[/B] – Fala se muito de uma guerra surda entre alcidistas e marconistas. O que há de verdade nisso? [b]Balestra[/b] – Nada. O que existe é uma coisa muito natural, que é da natureza política, que todo grupo que está no poder, recebe crítica daqueles que estão de fora. Isso é natural. Nunca foi diferente em época nenhuma. Agora, quem é que promove isso? Aquele que tem emprego e que está com medo de perder o emprego. Aquele que quer ser agradável ao ex-governador. Então, ficam fomentando para ficar na crista da onda, quando na realidade, quem deveria provocar essa briga seriam os dois. Mas nenhum dos dois tem essa disposição. Muito pelo contrário, eles se respeitam e estão juntos de mãos dadas. [B]DN[/B] – Essa mesma natureza política que o senhor cita, implodiu o PMDB na década de 80. A base aliada não caminha nesse rumo? [b]Balestra[/b] – Não vejo elementos para isso. Naquela época o que existia é que o atual prefeito de Goiânia (Iris Rezende), que era o comandante do processo, alijou do PMDB o ex-governador Henrique Santillo. Ele fez uma administração paralela e obrigou o grupo político a sair fora do PMDB. E isso não está acontecendo agora. [B]DN[/B] – O senhor não identifica um governo paralelo do Marconi Perillo em Goiás? [b]Balestra[/b] – Absolutamente. Todos os membros do governo dele agora continuam no governo do Alcides Rodrigues. Não mudou nada. [B]DN[/B] – E a história das cassandras não existe então? [b]Balestra[/b] – Quem seriam elas? [B]DN[/B] – Sérgio Caiado seria uma das cassandras? [b]Balestra[/b] – Ele é o presidente do PP e é ligado ao governador. É o que eu disse, quem está com o poder, todo mundo quer minar. Quem não entender isso, não pode atuar em política. Agora o comportamento que existe hoje é muito diferente do comportamento daquela época do PMDB. O Iris (na época mi-nistro da Agricultura), fez um governo paralelo. Ele ignorou o Santillo e minou o seu campo, impedindo que ele trabalhasse, e não permitindo a liberação de verbas para Goiás. [B]DN[/B] – Não existe possibilidade de rompimento entre Alcides e Marconi Perillo? [b]Balestra[/b] – Isso nunca passou pela cabeça de ninguém. A não ser desses que têm interesse em fomentar. Quem conhece a história da política de Goiás é só analisar os fatos e as circunstâncias da época. [B]DN[/B] – Nessa discussão sobre o endividamento do Estado, porque o governo entrou nesse debate? [b]Balestra[/b] – O governo não entrou. O governador não entrou. E é ele quem fala pelo governo. [B]DN[/B] – De quem é a culpa pelo endividamento? [b]Balestra[/b] – O culpado do endividamento é o Estado de Goiás. Não existe ninguém que foi, sozinho, responsável por esse endividamento. [B]DN[/B] – Essa resposta não é muito cômoda? [b]Balestra[/b] – Não. É só pegar a história. Agora, se uns tiveram participação maior do que outros, isso depende das circunstâncias. Eu acredito que nenhum dos ex-governadores atuou para prejudicar o Estado. E afirmo isso considerando que fui adversário de quase todos os ex-governadores. Ninguém vai odiar a própria carne. Tanto que todos eles permanecem na política. [B]DN[/B] – O deputado federal Carlos Leréia lançou Marconi Perillo como provável candidato a prefeito de Goiânia. Como o senhor vê? [b]Balestra[/b] – Eu tomei conhecimento pela imprensa. O Leréia quem falou. Não foi a base aliada quem falou. Não sei se tem cabimento, mas o nome foi lançado. Será que o senador Marconi topa essa candidatura?

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