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Frederico jayme

‘O PMDB não pode ter dono’

Sem papas na língua, ex-conselheiro não suaviza nas expressões quando quer falar sobre o estilo político de Iris Rezende, a quem ele culpa pelo esvaziamento do PMDB


Publicado em 09 Setembro 2007

João Carvalho - Goiânia

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divulgação
Frederico Jayme não teme condenar as ações políticas de Iris Rezende, que, segundo ele, tem o mesmo estilo de Fidel Castro e Hugo Chaves
Frederico Jayme não teme condenar as ações políticas de Iris Rezende, que, segundo ele, tem o mesmo estilo de Fidel Castro e Hugo Chaves
Sempre polêmico, o ex-deputado estadual Frederico Jayme não teme retaliações do prefeito Iris Rezende, a quem ele chama de ‘truculento e vingativo’. Nessa entrevista ao Diário do Norte, concedida na segunda-feira (3), um pouco antes da sessão em que Antônio Faleiros recebeu título de cidadão goiano na Assembléia Legislativa, Frederico fala o que pensa de Iris, responsável, segundo o ex-conselheiro de contas do Estado, pelo esvaziamento do PMDB no Estado. Frederico ainda diz que lideranças importantes do partido temem falar o que pensam de Iris, mas ele, não. “Nunca tive medo de nada em política, nem na época em que os militares mandavam”, avisa. E é com essa coragem que ele diz ter pretensões em disputar as eleições municipais de 2008 em Anápolis (talvez pelo PSDB, estimulado pelo senador Marconi Perillo) ou Goianésia (com certeza pelo PMDB). [b]Diário do Norte[/b] – Qual o futuro político do senhor? [b]Frederico Jayme[/b] – Meu futuro vai depender de muitas articulações. Há perspectivas de disputa em 2008 e também em 2010. Em 2010 talvez para o Legislativo. [B]DN[/B] - Quais são as pretensões do senhor para 2008? [b]Frederico[/b] – Há muita pressão para que eu dispute a eleição de prefeito em duas cidades: Goianésia, através do trabalho desenvolvido pelo ex-prefeito Gilberto Naves e pela deputada Mara Naves; e Anápolis, há uma grande facção do PMDB que vislumbra essa possibilidade. E há também uma possibilidade de entendimento com o PSDB da cidade, conforme tem sido anunciado pelo senador Marconi Perillo. [B]DN[/B] - Isso significa que o senhor pode deixar o PMDB? [b]Frederico[/b] – Ainda está muito cedo para qualquer avaliação a respeito. Isso vai depender muito mais do PMDB do que de mim. [B]DN[/B] - Depender em que sentido? [b]Frederico[/b] – Vai depender do PMDB em reciclar-se, em transformar-se num partido democrático, aberto e que prestigia a suas lideranças. E não num partido familiar, de um dono só, de um comandante que bate na mesa e que desprestigia lideranças históricas dentro do partido. [B]DN[/B] - Mas trata-se de uma liderança que sempre participa das eleições e que quase sempre vence as disputas? [b]Frederico[/b] – Mas é claro. Tudo tem que ser considerado. Fidel Castro também ganha eleições. Hugo Chaves ganhou eleição. Mas não é só isso. Tem que ganhar as eleições e prestigiar as lideranças que contribuíram decisivamente para sua vitória, para a vitória do líder. O verdadeiro líder é aquele que valoriza todo o colegiado. Nós temos uma história dramática. E o PMDB é muito resistente, tanto que tem resistido muito tempo. Mas essa liderança que você diz que disputa as eleições e ganha, tirou do partido o ex-governador Mauro Borges. Tirou também Nion Albernaz, Marconi Perillo, tirou a Lúcia Vânia e o Irapuan Costa Júnior e outros. [B]DN[/B] - E vai tirar também o peemedebista [b]Frederico[/b] Jayme? [b]Frederico[/b] – Ele faz tudo para me tirar. Só que eu estou enfrentando-o, embora sem mandato, mas num jogo limpo e dentro do partido. E afirmo mais, qualquer eleição que eu for disputar, eu levarei uma grande parcela do partido comigo. [B]DN[/B] – Goiânia está nos planos do senhor para disputar as eleições de 2008? [b]Frederico[/b] – Não. Penso em Anápolis ou Goianésia. Ou talvez nenhuma das duas cidades. Vou contribuir para que os meus companheiros tenham o melhor caminho. E também para que eles possam aplicar uma prática política séria, além da valorização de todos os membros do partido. [B]DN[/B] – A impressão que se tem é que o senhor é uma voz isolada dentro do PMDB em relação ao prefeito Iris Rezende ou há outras lideranças insatisfeitas com o comportamento dele? [b]Frederico[/b] – É só você verificar que eu o questionei publicamente durante muito tempo e escrevi um artigo (Pedras no Caixão – publicado no Diário da Manhã - em Goiânia) e não houve ninguém que contestasse. Então, não sou voz isolada. Acho que estou representando o desejo da maioria esmagadora do partido. [B]DN[/B] – Porque essa maioria dentro do PMDB não se manifesta? [b]Frederico[/b] – Às vezes por conveniência, por receios e por saber da truculência do prefeito. Sabem da sua forma truculenta de agir, da sua ação vingativa. Talvez por isso. Imagino que seja por isso. Agora, eu costumo enfrentar essas dificuldades de frente. Na época da ditadura, eu era estudante e fui preso. Nunca me rendi e sempre enfrentei com coragem e determinação. Quando estava na Assembléia Legislativa, compunha a base de oposição e enfrentei o regime militar. Na solenidade de posse do então governador Ary Valadão, eu praticamente expulsei os militares do plenário. O comandante militar do Planalto teve que abandonar a sessão em função da firmeza do meu discurso. E assim foi a minha conduta como parlamentar. Como integrante do Tribunal de Contas do Estado eu sempre tive uma postura de honra, ética, seriedade e imparcialidade. Questionei atos do governo Iris Rezende de forma pública. Também dos governos Maguito Vilela e Marconi Perillo. Eu enfrento as coisas às claras e de frente, sempre debatendo os problemas. Eu chamaria isso de coragem cívica. Não é nada de truculência. Agora nunca fiz isso por trás, de forma dissimulada e puxando tapetes. [B]DN[/B] – O ex-senador Maguito Vilela também sente essa necessidade de expor os problemas que enfrenta com essa situação envolvendo o prefeito Iris Rezende? [b]Frederico[/b] – Tenho certeza que sim. [B]DN[/B] – O prefeito Iris caminha para mais uma eleição? [b]Frederico[/b] – Sim. Ele está a caminho de mais uma vitória. Agora, se ele se reeleger, não será porque ele tem o carinho e a simpatia do PMDB. Ele acaba sendo o candidato natural do partido porque é o prefeito. Então, forçosamente, tem que ser ele o candidato do partido. Se ele se reeleger, eu repito, vai acontecer muito mais pela fraqueza dos adversários do que por sua força política nas eleições em Goiânia. [B]DN[/B] – Nós podemos ter novidades nessa data limite que permite a mudança de partido? [b]Frederico[/b] – Tudo é possível em política. Tudo é possível em termos de candidatura, agora, mudança de partido não faz parte do meu projeto. Mas como em política tudo é muito dinâmico, não posso afirmar textualmente que isso não vá acontecer. Mas não faz parte do meu projeto. Eu ajudei a fundar o MDB. Ajudei a fundar o PMDB, partido em que sempre estive. Até quando o Henrique Santillo resolveu deixar o PMDB, ele me pediu muito para que saísse do partido, embora eu tivesse por ele todo respeito e honra, como ainda tenho, mas não atendi por questão de fidelidade partidária. [B]DN[/B] – Como o senhor vê essa crise no governo do Estado, com déficit de R$ 100 milhões mensais? [b]Frederico[/b] – É lamentável que isso esteja ocorrendo. E a torcida nossa como cidadão é que isso se resolva. Acho que a origem dessa crise já vem de algum tempo para cá. Não se pode, pelo menos no pouco conhecimento que tenho, condenar "A", "B" ou "C". Vi recentemente o prefeito Iris Rezende tentando jogar a responsabilidade pela dívida no ex-governador Henrique Santillo. Certamente o fez para tentar atingir o senador Marconi Perillo. Acho isso uma infantilidade. Nós sabemos que dívidas foram feitas no governo Santillo, mas sabemos também que o Santillo recebeu um governo destroçado, com muitas folhas de pagamento em atraso. Sabemos que o Iris endividou o Estado naquele episódio dos armazéns graneleiros e tantos outros empréstimos que foram feitos no seu governo. No governo Maguito foram feitos empréstimos de pequena monta. E também em governos anteriores, como no de Ary Valadão.

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