Publicado em 12 Julho 2010
João Carvalho
Mãe. Esposa. Política. Com essas três atribuições diárias, a deputada Vanuza Valadares (PSC) ainda consegue tempo para suas atividades políticas. O que para muitas mulheres é fator de exclusão, para ela é desafio, aceito a partir de 2006, quando ela surpreendeu adversários e até mesmo aliados e conquistou mandato com pouco mais de doze mil votos. Três anos e meio já se passaram desde então e Vanuza está de volta no cenário eleitoral em busca da reeleição. O trabalho diminuiu? Não. Ao contrário, aumentou consideravelmente, sem contar a responsabilidade de representar na Assembleia uma das regiões mais carentes do Estado. Hoje Vanuza se sente mais madura politicamente. Ciente do que é preciso fazer para atingir seus objetivos eleitorais. E certa de que o Norte, mais do que nunca, precisa manter e ampliar sua representatividade no poder, sob pena de perder investimentos e obras essenciais para estimular o seu crescimento econômico e social. Vanuza falou com a reportagem do Diário do Norte sobre o seu trabalho na AL desde 2007. Avisou que seu voto vai para Dilma. Elogiou a candidatura de Vanderlan Cardoso (PR) e comentou que há espaço, sim, para a terceira via em Goiás. Para o governador Alcides Rodrigues, nota oito, segundo ela. Seria um dez. Mas ele, admite a deputada, enfrentou inúmeras dificuldades no início do seu governo, herdadas da gestão anterior, conforme ela disse.
Diário do Norte – Três anos e meio na Assembleia Legislativa, qual balanço a senhora faz desse período como deputada e o que resultou em benefícios para o Norte?
Vanuza Valadares – Faço um balanço positivo desse período como parlamentar na Assembleia Legislativa. E nesse período foi possível perceber ainda mais claramente que nossa região (o Norte) realmente necessita de representação política. E a gente vê o quanto isso é importante devido às discussões que nós temos na Assembleia. Está claro que as regiões que têm mais representatividade conseguem mais benefícios. Por outro lado, acho que a cada dia a Região Norte adquire essa consciência da importância de termos representante no Legislativo. Fico feliz por ter esse mandato e representar a região, ainda que no início do meu mandato não tenha contado com apoio do governo. Fui eleita pela oposição e tive que desenvolver um trabalho que não foi fácil. Sabemos que deputados aliados do governo têm mais facilidades. Nós enfrentamos esse desafio e fizemos um trabalho interessante para nossa região e nossa cidade, Porangatu, atendendo as pessoas que nos procuraram. Temos um trabalho na área social de atendimento, especialmente na área da saúde. Nós sabemos que esse não é o papel principal de um parlamentar, mas sentimos a necessidade da população de buscar apoio em Goiânia. Afinal, estamos localizados numa região distante de Goiânia, o que dificulta a busca de amparo. Também atuamos em busca de obras e de estrutura para beneficiar o Norte. Nós conseguimos a liberação de emendas parlamentares. É importante frisar que o governo Alcides Rodrigues foi o primeiro a liberar emendas para todos os parlamentares, independente de cor partidária.
DN – O eleitor do Norte amadureceu e hoje compreende a importância de se eleger representantes do Norte?
Vanuza – Essa situação ainda é um desafio para nós que somos do Norte do Estado. Mas percebemos que houve um avanço. Na última eleição (2006) nós percebemos isso. O candidato do PSDB de Porangatu (Júlio da Retífica) não se elegeu diretamente, mas teve uma votação expressiva na cidade. E ainda a minha eleição. Foram dois nomes da mesma região que chegaram na AL.
Há espaço, sim, para a terceira via em Goiás. As três forças políticas em disputa estão em condições de igualdade. Vencerá quem menos errar
DN – Qual a principal carência do Norte do Estado hoje?
Vanuza – Acho que temos que investir na área de educação. Esse é o ponto principal. Entendo que é preciso garantir a qualificação de mão de obra, que é um fator determinante para o crescimento econômico. Por outro lado, nenhuma região cresce sem uma logística e sem investimentos em obras de infra estrutura. E o desenvolvimento acontece quando se tem mão de obra qualificada. São duas situações que andam juntas e conseguem atrair os grandes investimentos através da industrialização. E agora nós estamos vendo uma realidade, que é a construção da Ferrovia Norte-Sul, uma obra que vai alavancar o nosso crescimento, dando condições de competitividade. Outro fator importante é a questão da saúde. Infelizmente, estamos numa região muito carente em relação aos investimentos para essa área. Aliás, essa foi uma das minhas bandeiras na campanha eleitoral de 2006, quando defendi a construção de um hospital para o Norte.
DN – Qual será a principal bandeira da senhora na disputa desse segundo mandato?
Vanuza – Vou disputar a reeleição. E, como eu disse no início, estamos trabalhando junto ao eleitor da região sobre a importância da nossa representatividade na Assembleia. Esse é um ponto importante na campanha, que deve ser colocado. Por outro lado, temos que colocar para a sociedade sobre o trabalho que pode ser feito para atender o Norte, conquistar as obras e os benefícios que a região precisa. A nossa bandeira em relação à saúde ainda não foi consolidada. Temos um projeto pronto de um hospital regional em Uruaçu, que ainda não é uma realidade. Essa será, com certeza, uma das nossas bandeiras para que o hospital seja construído o mais rápido possível. Vamos trabalhar para que o próximo governador firme compromisso de concluir essa unidade de saúde.
DN – Uma vitória credencia a senhora para disputar a Prefeitura de Porangatu em 2012?
Vanuza – Credenciar é uma coisa. Acho que qualquer pessoa que tenha interesse, uma base política e outras situações pode pleitear uma candidatura. Ter mandato de deputado estadual não significa automaticamente que você é candidato a prefeito. Porangatu conhece quem realmente tem vontade de trabalhar e de estar à frente da prefeitura. Agora a minha pretensão não é essa (prefeitura). Disputo novamente a eleição de deputada estadual para representar nossa cidade no Legislativo.
DN – Poucas mulheres conseguem se eleger na disputa da Assembleia Legislativa. As mulheres ainda são discriminadas na política?
Vanuza – Acho que a mulher que pode ser política ainda não despertou. Falta a mulher sentir essa vontade. Claro que existe uma série de fatores que dificulta essa atuação. A mulher enfrenta uma tripla jornada de trabalho: dona de casa, mulher-mãe e ainda o trabalho que ajuda no sustento da casa. Então, são várias responsabilidades que a mulher tem e que muitas vezes não permitem que ela participe da atividade política.
DN – Como a senhora vê a campanha em Goiás, com a polarização entre Marconi Perillo e Iris Rezende e a força política de Vanderlan Cardoso dentro de uma terceira via?
Vanuza – Acredito que há espaço para a terceira via em Goiás. As forças políticas estão iguais. Iris Rezende é um nome forte, mesmo que não tenha um número expressivo de partidos na sua coligação. Marconi Perillo é um nome consolidado, que está fechado com onze partidos. Vanderlan Cardoso tem também um número expressivo de legendas que hipotecaram apoio à sua candidatura. Esse quadro mostra uma igualdade de forças entre os candidatos.
DN – A senhova vai votar em quem: Fernando Henrique Cadoso/José Serra ou Lula/Dilma Rousseff?
Vanuza – Votarei na Dilma.
DN – De zero a dez, uma nota para o governo Alcides.
Vanuza – Para avaliar o governo Alcides temos que voltar um pouco no tempo. Assim que assumi meu mandato na Assembleia nós acompanhamos de perto sua gestão. E percebemos que ele enfrentou inúmeras dificuldades. Ele assumiu o governo com um déficit de R$ 100 milhões mensais. Isso foi um quadro que dificultou muito a sua gestão. E nós o apoiamos na Assembleia por entender que muitos problemas foram herdados do governo anterior. Quando afirmo que o apoiei, não significa que estava na bancada do governo. Ao contrário, fiz oposição ao seu governo, mas de forma construtiva e consciente. Tudo que foi necessário para o crescimento de Goiás nós apoiamos na Assembleia. Diante de tantas dificuldades e desafios o governo Alcides só conseguiu tomar fôlego no final ano passado e hoje está com um governo organizado e fazendo investimentos. Percebemos várias obras realizadas e em andamento. Isso é importante. E hoje ele está em um bom momento. Assim, acho que ele merece uma nota 8 por sua gestão.
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