Publicado em 29 Julho 2007
Euclides Oliveira - São Miguel do Araguaia/Luís Alves
euclides oliveira

O deputado estadual Cláudio Meirelles e o prefeito Ademir Cardoso, de São Miguel do Araguaia
O deputado estadual Cláudio Meirelles (PR) esteve no Povoado de Luís Alves no sábado (21), participando da terceira edição do Carnaraguaia, quando aproveitou para visitar lideranças do Vale do Araguaia e prestigiar a festa na praia, que foi organizada pela administração do prefeito de São Miguel do Araguaia, Ademir Cardoso dos Santos (PMDB). Para a alegria dos turistas que foram curtir as belezas naturais do Rio Araguaia, o deputado levou para Luís Alves um trio elétrico que usou em sua bem sucedida campanha à Assembléia Legislativa de Goiás, no ano passado. Em entrevista exclusiva ao Diário do Norte, no início da madrugada do domingo (22), no calçadão de Luís Alves, Cláudio Meirelles falou de sua sexta visita à região, desde sua eleição; e logo voltou seu discurso às conjecturas que estão sendo desenhadas para a Prefeitura de Goiânia em 2008, quando o atual prefeito Iris Rezende (PMDB) deverá tentar a reeleição. O deputado mostrou-se preocupado com a falta de diálogo entre os partidos da chamada base aliada, para que o Tempo Novo tenha um candidato à altura para derrotar Iris no próximo pleito. No entendimento de Cláudio, o governo estadual precisa, de forma urgente e cabal, definir um interlocutor com trânsito entre todas as legendas que integram a base, para a abertura das conversações necessárias. Com a experiência de ter sido vereador e presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Cláudio Meirelles acredita que Iris Rezende construiu uma base sólida entre as mais diversas lideranças goianienses e que, nesse sentido, o nome do senador Marconi Perillo (PSDB) – mais forte no plano estadual, segundo ele – não seria o mais indicado para tentar derrubar o atual prefeito. "Trazendo o Marconi para Goiânia, ele (Iris) tem uma chance grande de ganhar em Goiânia. Se o Iris ganhar do Marconi em Goiânia, cai o 'mito' do Marconi Perillo. E, ocorrendo isso, Iris poderá disputar as eleições de 2010, com grandes chances de se eleger ao governo, realmente. Tudo o que ele (Iris) está fazendo é 'jogando a isca' para ver se Marconi cai", afirmou o deputado.
[b]Diário do Norte[/b] – A exemplo do ano passado, quando estava em campanha pela vaga que conquistou na Assembléia Legislativa de Goiás, o senhor retorna agora a Luiz Alves, desta vez na condição de deputado estadual, prestigiando a festa comandada pelo novo prefeito de São Miguel do Araguaia, Ademir Cardoso. Essas visitas pós-eleição serão uma rotina em suas andanças como parlamentar?
[b]Cláudio Meirelles[/b] – O político tem que retornar às suas bases. Depois de eleito, já estive seis vezes em São Miguel do Araguaia. Isso mostra que estou próximo da população da cidade, novamente ajudando nas festas da temporada no Rio Araguaia, com 11 dos nossos funcionários, para promover a alegria da população. E vamos estar aqui todos os anos, incentivando o turismo e com uma novidade: a liberação dos recursos para a pavimentação da rodovia BR-080, que liga São Miguel a Luís Alves. Estaremos aqui, no mês de agosto, juntamente com o deputado federal Sandro Mabel, que já providenciou esses recursos. Ano passado, estivemos com o então prefeito Adaílton (do Amaral, que morreu recentemente), juntamente com os vereadores, no Ministério dos Transportes e, um ano após, os frutos estão saindo. Acredito que será a maior obra que o município irá receber. Fico satisfeito, como deputado, por ter participado e lutado por esse benefício para o Vale do Araguaia. Comenta-se que nessa primeira fase serão liberados R$ 6 milhões para o início dessa pavimentação, que eu acredito que não fique pronta esse ano, o que deverá ocorrer até o ano que vem, se Deus quiser.
[B]DM[/B] – A crise financeira no Governo do Estado de Goiás é motivo de preocupação para o senhor? Qual a avaliação do senhor sobre os problemas enfrentados por Alcides Rodrigues para gerir o governo do Estado?
[b]Cláudio[/b] – Eu acredito que isso é temporário. O governador Alcides fechou as torneiras, realmente. Isso está correto, porque ele quer sanear o Estado, para começar a fazer as obras. No primeiro ano, ele quer pagar o máximo de contas atrasadas; botar a folha de pagamento em dia, como já colocou. Ou seja, é uma estratégia. A partir do ano que vem, ele começa a fazer os projetos para as grandes obras; e no terceiro e no quarto ano, fazendo-as e inaugurando-as. Isso é um plano de governo que ele está obedecendo. Ele tem uma equipe na Secretaria de Planejamento, que lhe colocou um quadro para que o governo consiga fazer grandes obras a partir do terceiro ano. Agora, ele tem inaugurado obras. Na semana passada, nós estivemos em Maurilândia, onde foram entregues 60 casas, pelo Cheque Moradia. Dinheiro não se colhe e não é apenas o Estado de Goiás que passa por dificuldades.
[B]DM[/B] – Existe, realmente, uma demora para a montagem da equipe de secretários, por parte de Cidinho? Ou esse suposto fato é apenas ataque da oposição ou mesmo dos que ainda não foram contemplados com as vagas no governo?
[b]Cláudio[/b] – É o estilo do Alcides. Ele é uma pessoa que tem o tempo dele, que não tem pressa. O governo de Cidinho é a continuação do governo do Marconi (Perillo, ex-governador e atual senador pelo PSDB). Se fosse um governo de substituição, do PMDB para o PSDB, até justificaria a troca imediata de todo o secretariado. Mas ele (Cidinho) foi governador nove meses antes de ser empossado. O secretariado que estava aí era o secretariado dele, que permaneceu. O secretariado é um só, é do Tempo Novo. Então, não há motivos para mudanças.
[B]DM[/B] – Qual deve ser a estratégia da chamada base aliada para vencer a eleição na Prefeitura de Goiânia?
[b]Cláudio[/b] – O governo precisa de um interlocutor. E está deixando isso a desejar. A base está desestruturada em Goiânia, pois não se tem uma linha só, não se tem uma conversa só. Goiânia é diferente das demais cidades do interior, onde a política é mais definida. O eleitor de Goiânia é apolítico e não tem compromissos com os partidos políticos. A esquerda, na capital, já ganhou as eleições com o PT (duas vezes), onde esse partido tem muita dificuldade. Se continuar do jeito como está, deixando tudo para a última hora como sempre e sem articulação, a base terá sérios problemas.
[B]DM[/B] – Iris Rezende, na opinião do senhor, é um candidato imbatível nas eleições de Goiânia?
[b]Cláudio[/b] – Acho que o Iris não é imbatível. Isso ficou provado quando diziam que ele era imbatível e perdeu para o Marconi (nas eleições para o governo estadual, em 1998). Agora, a base precisa ter um candidato, pois ainda não tem. Ninguém sabe quem será o candidato, se será o Sandes Júnior ou o Barbosa Neto ou se será algum terceiro nome. Se a base continuar do jeito do que está, não trabalhando algum nome, é evidente que o favoritismo continuará com Iris Rezende.
[B]DM[/B] – O senhor se colocaria para essa disputa, tendo em vista sua experiência como ex-vereador de Goiânia?
[b]Cláudio[/b] – Nunca pensei nisso. Fizemos uma forte oposição ao prefeito Iris Rezende, quando presidente da câmara, mas tenho deferência e respeito pela autoridade do prefeito, que é um político experiente e que já fez muito pelo Estado de Goiás. Tivemos divergências, mas acredito que faltou também, na oportunidade, um interlocutor que trabalhasse a relação do Executivo com o Legislativo. Agora, com o retorno do Valdivino de Oliveira (vice-prefeito da capital), a prefeitura está tendo um melhor acesso à Câmara Municipal. Eu coloquei isso ao prefeito Iris e sugeri o nome do nome do Valdivino. Na Prefeitura de Goiânia, mesmo com Iris Rezende, as coisas não vão bem, sem o apoio da câmara. A câmara é muito independente, diferente da Assembléia Legislativa. Os vereadores têm mais autonomia, pois enfrentam o prefeito, seja ele quem for. Em Goiânia, as coisas precisam ser mais politizadas, mais conversadas. Não adianta querer fazer de qualquer jeito, do jeito que o Iris queria. A Câmara de Goiânia não aceita Lei Delegada, como a Assembléia aceitou. E o Iris aprendeu isso.
[B]DM[/B] – Já que o senhor descarta sua candidatura, há algum nome que pretenda sugerir para a disputa na capital?
[b]Cláudio[/b] – O PR está 'solto', mas poderá até lançar candidato, até porque faz parte da base do governo do Estado. Nós temos bons nomes. Mas, se não conversar, pode acabar apoiando outros candidatos. Por isso é que eu insisto na necessidade de um interlocutor. Se o governo do Estado não definir essa pessoa, que tenha sensibilidade política para trabalhar um nome, a base vai perder novamente (as eleições) em Goiânia. Vou fazer mais um alerta: se o PMDB lançar Maguito Vilela em Aparecida de Goiânia e apoiar Rubens Otoni (deputado federal pelo PT) em Anápolis, as tendências indicam a eleição desses três prefeitos (incluindo Iris Rezende). Elegendo uma estrutura em Goiânia, Anápolis e Aparecida, já se pode dizer que isso é a metade do eleitorado do Estado. Aí poderá ser o grande trampolim para que o PMDB retorne ao poder no Estado. E o governo, até hoje, não se atentou para isso. E precisa ficar atento, caso contrário eles (os peemedebistas) voltam.
[B]DM[/B] – O nome para brecar toda essa conjuntura, para que a base aliada vença a disputa pela Prefeitura de Goiânia, seria o do senador Marconi Perillo?
[b]Cláudio[/b] – Eu acredito que não. E vou explicar por que. O Iris não tem chance – e ele sabe disso – de ganhar do Marconi, numa disputa para o Estado. Mas o Iris está provocando o Marconi para trazê-lo para dentro de Goiânia, onde está mais estruturado, trabalhando há mais de dois anos. O Iris já 'pegou' todas as lideranças fortes de Goiânia, como presidentes de associações de bairros, por exemplo. Trazendo o Marconi para Goiânia, ele (Iris) tem uma chance grande de ganhar em Goiânia. Se o Iris ganhar do Marconi em Goiânia, cai o 'mito' do Marconi Perillo. E, ocorrendo isso, poderá Iris disputar as eleições de 2010, com grandes chances de se eleger ao governo, realmente. Tudo o que ele (Iris) está fazendo é 'jogando a isca' para ver se Marconi 'cai'. O Marconi tem força em Goiânia, mas tem força no Estado inteiro. Mas o Iris se fortaleceu muito em Goiânia, de seis meses para cá. A Câmara de Goiânia não faz mais oposição ao Iris e deixou as coisas correrem. Enquanto o governo do Estado não conversa, o Iris está conversando com todo mundo. Chamou o PR, o PTB, todos os partidos. O Iris está lá na frente e seria muito difícil para o Marconi reverter isso. Acho que é muito arriscado o Marconi disputar em Goiânia, onde a eleição é imprevisível, onde ele pode ser derrotado. Se eu for consultado pelo Marconi, vou sugerir a ele que não mexa com Goiânia, até porque ele tem um projeto maior, pois foi eleito para ser senador. O povo também não vai aceitar o fato dele largar o Senado para disputar o Poder Executivo.