Publicado em 09 Dezembro 2007
João Carvalho - Brasília
DN – O senhor está desqualificando a pesquisa Grupom?
Jovair – Não é isso. O eleitor ainda não sabe sequer quem são os candidatos. Ainda não temos isso claro. Eleitor vota no candidato que consegue motivá-lo durante o processo eleitoral. Que consegue apresentar uma proposta que faça com ele compre a idéia e passe a defendê-la junto ao seu candidato. Um processo eleitoral é diferente. Esse é o meu entendimento histórico em relação à pesquisa eleitoral. Eleição e pesquisa não servem de base para um processo eleitoral no dia da votação. É totalmente diferente. Temos vários exemplos nesse sentido. Nas últimas eleições em Goiânia quem estava em primeiro lugar era o Sandes Júnior. Em segundo o Darci Accorsi. Em terceiro a Rachel Azeredo. Em quarto o Demóstenes Torres. O Iris Rezende era o sétimo. E no fim, quem ganhou as eleições foi o Iris Rezende. Na eleição de governador aconteceu a mesma coisa. Na última eleição em Goiás o Maguito Vilela contava com 80% e o Alcides Rodrigues 2% ou 3%. Então não se pode levar em consideração o resultado da pesquisa para definir por uma candidatura a prefeito. Eu serei ou não candidato dependendo do interesse partidário e da minha vocação e possibilidade de atingir os eleitores com uma proposta que eles possam comprar como sendo verdadeira e contemplativa dos seus interesses, como melhora no transporte coletivo, melhora na qualidade de vida, melhora no sentido de ir e vir das pessoas – que está um verdadeiro caos –, modernizar a administração de Goiânia que está muito rançosa – e isso não tem nada a ver com a idade do prefeito, porque eu também já tenho idade avançada. O problema é a vocação administrativa do prefeito, que ainda é focada nos tempos anteriores. Nós estamos na época da velocidade da informação. Também estamos na época da sincronização de todos os setores de informação do mundo. Não é possível que ainda se tenha um sistema de trânsito caótico como o de Goiânia se podemos modernizar tudo que está aí. Também podemos modernizar o sistema de saúde. Há dinheiro para esse sistema e, ainda assim, é mal gerido em Goiânia. Você sabe que hoje o problema na saúde é a falta de gestão. Então temos uma série de coisas que pode levar o eleitor a mudar sua posição, uma vez que ele assimila a nossa proposta.
DN – O senhor defende a unidade dentro da base aliada ou entende que cada partido deve ter o seu próprio candidato?
Jovair – O PTB estabeleceu como prazo fatal o mês de janeiro. Era dezembro e nós jogamos para janeiro. Se não decidir até janeiro quem será o candidato da base, seja ele quem for, nós vamos indicar nome próprio. Pode ser qualquer um. Nós temos é que decidir qual será o nome da base. Agora, é preciso buscar esse entendimento até janeiro para que se dê tempo de conversar com a sociedade. É preciso esse diálogo para que a sociedade possa entender que a sua proposta é a que encaixa no projeto de vida de cada morador. Então, nós temos que escolher esse candidato até janeiro. Se não escolhermos até janeiro, o PTB vai procurar outro objetivo fora da base. Nas duas últimas eleições a chamada base fez bobagem. E bobagem grande, quando escolheu Lúcia Vânia e Sandes Júnior. Falo isso não pela qualidade dos candidatos, mas porque não tomou decisão com antecedência, de tal sorte que desse para organizar uma campanha. Eleição numa capital, especialmente numa capital moderna e que exige modernidade, agilidade e informações mais rápidas, tem que amplamente discutida com a sociedade. Não se pode permitir a dúvida para o eleitor. Este deve sentir que terá um ganho com o candidato que lhe for apresentado.
DN – O que é mais difícil, dentro desse pensamento, consolidar uma candidatura própria ou assegurar a unidade da base?
Jovair – Acho que construir a unidade da base está mais difícil. O poço de vaidade é muito grande.
DN – Não está faltando comando?
Jovair – Está faltando comando. E é importante chamarmos a atenção dos dois comandantes principais: Marconi Perillo e Alcides Rodrigues. São eles as pessoas que têm que assumir o papel de ser gestor desse processo. Eu me assusto quando vejo os partidos afirmarem que o candidato é fulano. Não pode ter candidato. Temos agora pré-candidatos. E cada partido pode apresentar o seu nome. E através dessa apresentação vamos discutir até chegar a um nome. Isso é possível de fazer e é necessário que cada partido faça. O que não dá para aceitar, especialmente nessa época de modernidade, é você ter que engolir candidato colocado por esse ou aquele segmento. Por isso acho que é mais difícil fazer a unidade da base do que discutir uma candidatura.
DN – Como o senhor vê a crise entre o senador Marconi Perillo e o governador Alcides Rodrigues dentro desse processo de arapongagem?
Jovair – Olha, não li as reportagens. Não me meto nesse tipo de situação. Acho que é um negativismo para o processo político de todos, independente de quem seja o culpado.
DN – O senhor não acha essa questão um tanto quanto séria para ser tratada dessa forma?
Jovair – É muita séria e não poderia ser tratada dessa forma. Acho que arapongagem é uma coisa histórica no Brasil. Hoje todo mundo faz isso. A polícia te grava 24 horas sem você saber que está sendo gravado. É um desrespeito à individualidade e a liberdade das pessoas. Cada problema que existe no Brasil, os grampos são utilizados. Isso é sórdido, invade a liberdade, diminui a liberdade do cidadão e não convém a nada. Saiu na imprensa, mas isso não me interessa. Acho que é uma raia tão miúda que não deve ser tratada na política. Na política devemos tratar de qualidade de vida, saúde e emprego.
DN – O senhor fala que a polícia está investigando. Qual polícia estaria investigando?
Jovair – Não sei qual polícia. Seja ela qual for. Tem tanta polícia e araponga no Brasil que não dá para saber quem é quem, e quem está falando a verdade.
DN – O senhor já foi investigado?
Jovair – Até agora não. E espero não passar. Isso é deprimente e absolutamente inoportuno para quem é arapongado e para quem faz a arapongagem.
DN – Essa crise não é um sinal de início de rompimento entre Marconi e Alcides Rodrigues?
Jovair – Não. Cada um tem a sua liderança. O grande líder de Goiás é Marconi Perillo. A gente tem que entender isso. O próprio Marconi tem que entender que sua liderança se sobrepõe a tudo isso. Nosso governador Alcides Rodrigues é um homem de absoluto respeito e de absoluto foco no seu objetivo que é administrar bem Goiás. Temos que respeitar as diferenças do Alcides com o Marconi. E o que é preciso fazer é que as pessoas que circulam os dois parem de fazer fofocas. Fofoca é uma coisa horrorosa. Fofoca é uma coisa de gentinha. Nem o Marconi e nem o Alcides precisam de fofoqueiros em volta deles. Eles precisam de gente séria, que trabalhe e que leve recursos para Goiás. Os fofoqueiros têm que ser varridos desse processo.
DN – O PTB está contemplado no governo e que análise o senhor faz da proposta de reforma administrativa feita pelo governador Alcides?
Jovair – A reforma é uma coisa do governador. Eu tenho afirmado que cargos quem dá é o governador. Os partidos ajudam na eleição, querem participar e exigem a participação. O PTB participou, ajudou eleger, quer participar e exige essa participação. Isso não significa que é uma coisa de vida ou morte. Se o governador quer dar os espaços para o PTB, nós vamos recebê-los e temos os nomes para indicar. Se ele achar que não, é uma decisão dele e a gente vai lamentar, vai exteriorizar politicamente, mas não vamos fazer um campo de guerra por conta de uma ou de outra indicação.
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