Publicado em 07 Dezembro 2009
João Carvalho
Próximo de completar cinco anos à frente da Prefeitura de Jaraguá, o prefeito Lineu Olímpio (PTB) faz análise do quadro sucessório em Goiás e diz que não se pode desprezar a frente política formatada pelo governador Alcides Rodrigues, que inclui o PP, PR, DEM e PSB, além de outros partidos menores. Lineu deixa nas entrelinhas que a polarização em Goiás (entre PSDB e PMDB) pode não vingar. Segundo o prefeito, essa frente terá a força do governo para mover a locomotiva nos trilhos onde já estão assentados o PMDB e o PSDB. Lineu também comemora a recuperação das receitas pelos municípios, mas avisa que é preciso cautela e fala ainda sobre as obras da Estação de Tratamento de Esgoto da cidade.
Diário do Norte – Em relação à questão política, como o senhor vê a movimentação do governador Alcides Rodrigues em pavimentar o caminho para formatar uma nova frente política para as eleições de 2010?
Lineu Olímpio – Nós temos hoje em Goiás uma situação de polarização entre o PMDB e o PSDB. Mas eu não faço nenhum tipo de avaliação negativa em relação a essa frente política que está sendo proposta pelo governador. Quando se faz avaliação das últimas eleições (2006), quando Barbosa Neto, que nós apoiamos aqui em Jaraguá, representou uma terceira via, pregando um projeto de um Estado grande e de pensar grande, nós tínhamos naquele primeiro momento o governo atuando, de um lado; e tínhamos do outro lado outro governo também atuando, através da Prefeitura de Goiânia. Barbosa entrou com a força dele própria, com um grupo de prefeitos e parte do PT apoiando. A situação hoje é outra. Nós temos o PSDB, que não é governo em Goiás e nem no País. Temos o PMDB, que é governo em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Goianésia e em outras várias cidades. Temos o PT nesse processo, que é governo em Anápolis. E do outro lado temos a frente política pelo governador, que é governo no Estado, é governo o PSB, é o DEM e o PR. Então, temos uma estrutura completamente diferente. Então, quem despreza essa força, não está fazendo uma avaliação correta. Politicamente, não se pode desprezar essa força.
DN – Essa avaliação do senhor serve para o PSDB ou para o PMDB?
Lineu – Acho que essa força tem reflexos mais negativos para o PSDB. Mas também não deixa de ter reflexos para o PMDB.
DN – A grande dificuldade dessa frente será formatar um nome que seja competitivo?
Lineu – A definição de nomes apresenta uma dificuldade grande. Não pela vontade de muitos que estão compondo essa frente. Mas pela estruturação que há nos partidos. Temos o Sandro Mabel, que é um nome importante. Mas que também é líder da bancada do PR na Câmara Federal. Temos o Vanderlan Vieira, que é prefeito de uma cidade importante para o desenvolvimento, que é Senador Canedo. Temos ainda o deputado Ronaldo Caiado, que tem expressão no Estado, sempre provou isso em eleições proporcionais, mas não conseguiu fortalecer esse trabalho no campo do Poder Executivo. Temos também o nome do vice-governador Ademir Menezes, que já foi prefeito de Aparecida de Goiânia e hoje está no PR. Temos o senador Demóstenes Torres, que foi candidato nas eleições de 2006 em circunstância isolada do Democrata. Temos o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, que mesmo falando que não é candidato, tem o seu nome citado pelo próprio governador. Essa avaliação de nomes dentro dessa frente é muito ampla. Agora é claro que definir um nome que consiga agregar todos será a grande tarefa do governador Alcides. Dentro do PSDB já temos definição com o nome do senador Marconi Perillo. E dentro do PMDB temos o prefeito Iris Rezende, temos a possibilidade da incógnita que é o Henrique Meirelles e temos também nomes novos como o de Thiago Peixoto e Leandro Vilela, entre outros que também têm esse perfil. Vejo que falar da definição do quadro político hoje pode ser um chute. A realidade de amanhã pode ser completamente diferente. Temos muitos episódios que acontecem e que acabam por mudar todo um quadro e uma estratégia política.
DN – O senhor diria que a crise financeira já passou e que agora é o momento de se fazer obras?
Lineu – Eu costumo falar que o que aconteceu em 2009 para os prefeitos novos (os que entraram no início do ano) foi uma verdadeira escola para que eles possam nos próximos três anos transformar as suas cidades. Em cinco anos que estamos à frente da Prefeitura de Jaraguá nós nunca tivemos uma dificuldade tão grande como a que foi enfrentada esse ano. É claro que tinha as finanças organizadas, como aconteceu aqui em Jaraguá, nós tivemos condições de superar a crise e manter a execução das obras. E essa realidade aconteceu em poucos municípios. Aqui na nossa cidade nós mantivemos muitas obras. Mas de outubro para dezembro nós sentimos uma reação na receita do Estado e da União e também nas receitas locais. E nós temos certeza de que o mês de dezembro será um momento de muita euforia para muitos municípios. Porque o volume de arrecadação desse mês será superior ao que foi arrecadado em dezembro de 2008. Isso pode gerar um momento de euforia. Por isso, é importante que os prefeitos tenham a consciência de que isso é apenas um momento. É preciso fazer reservar para entrar o ano de 2010 com projetos de desenvolvimento para os municípios. Por isso tenho a certeza de que essa escola vivida pelos prefeitos que entraram este ano foi a melhor escola que eles poderiam ter.
DN – A alternativa para sair da crise é Brasília? É lá onde o prefeito pode conquistar mais recursos e obras para o seu município? O senhor vive essa realidade?
Lineu – A timidez para um gestor é maior risco para o fracasso dentro da administração. A maioria dos municípios goianos tem receitas pequenas. O prefeito não precisa ter medo de buscar na população a cobrança sobre os impostos devidos para que ele possa reverter essas receitas em obras. A população entende isso e quer contribuir. Mas também quer resultados. Prefeito que não busca o governo federal e os ministérios ele terá poucas chances de ampliar a quantidade de obras no seu município. Ficar somente com as emendas dos deputados é pouco. É preciso buscar apoio no governo. É essencial esse trabalho.
DN – O que representa para Jaraguá a obra de construção da Estação de Tratamento de Esgoto?
Lineu – O município fez processo licitatório para execução desse serviço aqui em Jaraguá, conveniado com a Saneago. Já temos concluídas 42% das obras que permitem a coleta do esgoto e o tratamento de todo esgoto coletado até o ano de 2025. Esse projeto da Saneago e do governo do Estado mostra que nós vamos atingir qualidade para a população da cidade. Isso nos garante um índice de desenvolvimento ainda melhor para a população.
DN – Qual o valor da obra?
Lineu – Trata-se de uma obra no valor de R$ 10.7 milhões. Parte do recurso é da Saneago. Outra parte, quase R$ 7 milhões, é financiada pelo BNDES.
DN – Investimento em obras de coleta e tratamento de esgoto representa mais saúde à população?
Lineu – É claro. São praticamente todas as casas em Jaraguá que têm os seus sumidouros sem fossas sépticas. E com isso você acaba gerando problemas para o lençol freático. Sem esgoto nós temos mais problemas com questões de saúde. E com o tratamento do esgoto nós vamos amenizar e muito esse tipo de problema.
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