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lucia vânia

“Me sinto alijada no PSDB”

Senadora diz que PSDB goiano trabalha mais em função da figura de Marconi Perillo. Ela se sente alijada do processo de decisões internas da legenda


Publicado em 07 Outubro 2007

João Carvalho - Goiânia

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adalberto ruchelle
Senadora Lúcia Vânia durante entrevista na sua residência, em Goiânia, onde ela vê dificuldades de vitória para a base aliada no pleito de 2008
Senadora Lúcia Vânia durante entrevista na sua residência, em Goiânia, onde ela vê dificuldades de vitória para a base aliada no pleito de 2008
Personagem histórica dentro do PSDB, a senadora Lúcia Vânia quer ser ouvida e participar mais ativamente do processo de tomada de decisões internas da legenda. Ela reclama que hoje o PSDB trabalha mais em função da imagem de Marconi Perillo. Diz que o prefeito Iris Rezende (PMDB) faz um bom governo em Goiânia e avisa que é preconceito puro essa idéia de que existe candidatura imbatível dentro de um processo eleitoral. A tucana nega que tenha sido assediada para deixar o PSDB e se abrigar numa legenda ligada ao governo do presidente Lula. Avisa que hoje existem vários nomes dentro da base aliada do governo, mas por enquanto não surgiu nenhum que tenha realmente condições de agregar todos os partidos e que seja competitivo. Ela descarta a possibilidade de Nion Albernaz ser candidato, mas avisa que seu nome está à disposição, apesar de este não ser o seu projeto político: Lúcia quer a reeleição ao Senado em 2010. Diário do Norte – A base aliada do governo tem candidato para disputar as eleições em Goiânia em 2008? Lúcia Vânia – Nós temos nomes. Mas não temos um nome que esteja realmente pronto para ser apresentado e que a gente possa dizer que é o nome que agrega. Temos nomes no PP, no PSDB, e também no PTB e PSB. Acho que os nomes de José Paulo Loureiro e Barbosa Neto podem agregar com mais força dentro da base. DN – Existe algum candidato que não tenha arestas dentro da base aliada? Lúcia Vânia – Dificuldades para ter um nome que agregue a base como um todo, acho que nós não temos. Talvez nós tenhamos mais dificuldade de ter um candidato que agregue toda a base e que seja, eleitoralmente, forte. Essa composição é mais complicada. DN – A base não está demorando demais em apresentar um nome? Lúcia Vânia – Isso não se constrói da noite para o dia. Nós tivemos uma série de insucessos nas eleições em Goiânia. Para recuperar esse espaço na capital é preciso um nome que seja trabalhado ao longo do tempo. Acredito que se nós tivermos um nome que passe para a sociedade segurança e idéia de modernidade, talvez a gente possa começar a trabalhar este candidato. A campanha é uma oportunidade de se mostrar os novos talentos. Acho que a base não pode prescindir de lançar um candidato e tentar indicar um nome que agregue, mesmo sabendo que a campanha será bastante disputada. DN – Se depender da senhora, a disputa de Goiânia será para outros candidatos dentro da base aliada? Lúcia Vânia – Acho que temos que dar espaço para o pessoal que está começando e que tem uma ligação maior com Goiânia. Eu estou fora há muitos anos, sempre trabalhando na Câmara e no Senado. Não tenho tido a oportunidade que um candidato a prefeito precisa ter na sua cidade. Isso não quer dizer que eu fujo da luta. Se o partido entender que meu nome é importante, não terei porque não disputar qualquer eleição. DN – Que avaliação a senhora faz da gestão do prefeito Iris Rezende? Lúcia Vânia – Ele faz uma boa gestão. Ele é uma pessoa que está trabalhando bem e tem sido feliz nessa administração. Ele aliou um trabalho interessante, que é o compromisso de asfaltar toda cidade, ao mesmo tempo em que cuida do meio ambiente de forma responsável. Vejo que é um fato novo na sua administração. Há uma preocupação com a formação de parques na cidade e mesmo com a própria limpeza da cidade, que está bem cuidada. Tem, naturalmente, como toda cidade grande, muitas dificuldades. Na área de transportes, por exemplo, ele tenta superar, mas trata-se de uma área complicada. Temos a questão da segurança, que não é de responsabilidade da prefeitura, mas acaba sofrendo reflexo dela. Na verdade, há muita coisa que precisa ser feita e que pode ser colocada como proposta para quem vai disputar. Só não admito essa idéia de que existe alguém que seja imbatível. Isso é preconceito. Você pode ter alguém que não seja tão conhecido, mas que tenha oportunidade de fazer uma campanha com uma nova proposta, ensejando esperança, enfim, tudo isso há possibilidade de se ter um bom nome e com sucesso nas eleições. Agora, não podemos deixar de levar em conta que o Iris está fazendo uma boa administração. Não é correto e não é justo, mesmo sendo de oposição a ele, a gente não debitar o sucesso da administração a ele. Por outro lado, isso não significa que a gente vá recuar diante desse sucesso administrativo. A gente tem que aplaudir quando a cidade vai bem, mas não vamos ter medo de nos colocarmos para uma disputa. DN – Comparativamente, como a senhora avalia a gestão do governador Alcides Rodrigues? Lúcia Vânia – É muito difícil fazer uma avaliação do governo Alcides, porque é muito recente. Antes ele estava cumprindo o mandato do outro (Marconi Perillo). E agora ele começa a dar um perfil para a sua gestão. A gente só pode medir o governo dele a partir da posse dele como governador. A partir daí ele está se movimentando. Não foi fácil o início do governo. Mas confio muito na sua sensatez e na sua serenidade. Ele foi muito tranqüilo para encarar as dificuldades. Ele conseguiu fazer uma âncora política e administrativa forte e com um perfil muito ligado a ele. Acho que esse foi o maior avanço da presença dele no governo. E também é preciso ressaltar o fato das obras não terem sido paralisadas. Apesar de serem obras pequenas, mas todas estão sendo concluídas e elas são importantes para as comunidades. Outro aspecto que eu considero importante é a questão da educação. A Milca Severino é muito competente e assumiu com muita discrição. E a gente já vê resultados positivos nessa área, principalmente com o início das escolas de tempo integral. E é interessante que a imprensa simplesmente desconheça o problema da educação. Porque quando se tem um problema, isso é muito evidenciado. Mas quando as coisas saem da mídia, é porque estão funcionando bem. E quando falo que saem da mídia e porque o governo também teve dificuldades na área de comunicação. Mas o governador agora tem se dedicado com mais afinco com essa área, que é extremamente importante. Acredito até que esse deverá ser o terceiro passo dele, de se estruturar melhor na área de comunicação. O Alcides terá um resultado positivo na medida em que o governo começar a deslanchar. Acho que agora ele deve avançar nessa direção. Eu considero, pelo que estou acompanhando, que temos um prognóstico de que o governo do Alcides será muito bom. DN – Há comentários de que a senhora estaria insatisfeita no PSDB. O que há de verdade nisso? Lúcia Vânia – Na verdade a minha dificuldade no PSDB local é de participação. Me sinto um pouco alijada no processo, apesar de ter uma trajetória política grande no partido. Sinto que esse meu trabalho não é reconhecido pela direção. Gostaria de ser mais ouvida. Mas são dificuldades que eu procuro superar. Tenho um forte compromisso com o partido e fui o responsável por dar um perfil dos programas sociais do partido a nível nacional. Apesar dessa dificuldade, isso não é fator impeditivo para que eu me afaste. DN – Quem estaria alijando a senhora no processo de tomada de decisões dentro do PSDB? Lúcia Vânia – O processo é assim mesmo. Todo partido tem um processo de centralização de decisões. Não vejo que é uma características específica do PSDB. Hoje o partido é muito trabalhado em torno da figura do senador Marconi Perillo, que é, sem dúvidas, a maior liderança. Não desconheço isso. E acho até que é bom para o partido que seja ele uma liderança, mas sinto que o partido precisa ser um pouco mais aberto às outras lideranças para que a gente não fique com uma legenda muito dependente de uma pessoa só. É preciso valorizar as demais lideranças. DN – A senhora já pensa em reeleição ao Senado? Lúcia Vânia – Eu ainda não tenho um projeto imediato, mas o que eu penso é buscar a reeleição e continuar realizando o trabalho que tenho feito no Senado. Faço um trabalho que eu acredito que seja bom para Goiás. Procuro defender as decisões que são importantes para Goiás e consegui fazer compreender isso diante dos demais estados, que agora sabem que nós temos uma defensora e ninguém mais desconsidera Goiás. E faço isso com muita dedicação. Não tenho outra atividade e por isso dedico a minha inteira ao Senado. Agora é óbvio que ainda é cedo para se definir essa posição de candidatura. DN – A senhora foi assediada para deixar o PSDB e se filiar num partido da base do presidente Lula? Lúcia Vânia – Não procede. Na verdade, a minha posição é bastante clara no Congresso Nacional e tenho uma identificação muito forte com o PSDB. Sempre fui muito caracterizada com o PSDB. Então, não é verdadeira essa informação. Não acho que é correto esse negócio de mudar de partido para se montar um novo núcleo e um novo partido. Eu tenho uma história dentro do PSDB e compromisso com pessoas que estão dentro do partido.

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