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Raquel Teixeira

“Iris nunca investiu na área social”

Deputada diz que Marconi está fora da disputa em Goiânia, mas o PSDB ainda tem Nion. Tucana não esconde decepção com suspensão de programas sociais


Publicado em 30 Setembro 2007

João Carvalho - Brasília

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adalberto ruchelle
Raquel Teixeira diz que Iris Rezende só sabe fazer asfalto e que o prefeito nunca fez investimentos na área social, nem quando era governador do Estado
Raquel Teixeira diz que Iris Rezende só sabe fazer asfalto e que o prefeito nunca fez investimentos na área social, nem quando era governador do Estado
Expert no tema educação, a deputada Raquel Teixeira (PSDB) recebeu a reportagem do Diário do Norte na Comissão de Educação da Câmara Federal, na quarta-feira (26), em Brasília, quando abriu o jogo sobre o quadro sucessório em Goiânia. Ela disse que o senador Marconi Perillo está definitivamente fora da disputa pelo Paço e que o PSDB espera uma resposta de Nion Albernaz, que seria o segundo nome da preferência tucana para enfrentar Iris Rezende. Raquel não esconde a sua decepção com a paralisação dos programas sociais em Goiás, mas diz ter confiança no governador Alcides Rodrigues (PP), a quem caberá implementar uma nova fase dos programas de transferência de renda. Ao mesmo tempo em que diz que caberá a Alcides coordenar o processo sucessório de 2008 e de 2010, ela avisa que Marconi será candidato ao governo, por força das bases que lhe dão sustentação política. Raquel também informa que o piso salarial de professores poderá ser de R$ 950,00. Diário do Norte – Como está o trabalho na Comissão de Educação da Câmara Federal, já que a atuação da senhora tem como foco principal as discussões sobre a educação? Raquel Teixeira – A comissão está discutindo um piso salarial nacional para os professores, coisa que nunca existiu nesse País. No momento estamos apreciando o relatório do deputado Severino Alves, que apresentou uma primeira proposta, que prevê dois pisos salariais para a categoria. Seria um piso para quem tem o nível médio e outro para professor com nível superior. Essa proposta foi descartada. Nós entendemos que piso é um só, não se pode fixar diferentes pisos. Mas antes nós definimos o conceito de piso, que não inclui as vantagens pessoais. Definimos que piso é o pagamento mínimo que todos terão igual, independente das vantagens de caráter pessoal, que são adicionadas ao piso. Nós fixamos apenas um nível e o restante será determinado por cada Estado ou município, que terá autonomia para definir a carreira. Esse piso foi fixado em R$ 950,00 e será isso que nós vamos votar antes de levar ao plenário. DN – Isso não pode provocar prejuízo para professores de determinados estados que hoje pagam mais do que esse valor de R$ 950,00? Raquel – Não. Esse é o piso obrigatório para quem tem nível de magistério. Todos os direitos que os professores têm hoje estão garantidos e vão continuar. O problema que temos hoje é o inverso, com municípios que não têm condições de pagar esse mínimo. Em princípio, o aumento de recursos que o Fundeb representa vai permitir essa cobertura. Mas mesmo assim vamos ter municípios que vão ter dificuldades de cobrir esse piso. E nós estamos exatamente discutindo a introdução de um mecanismo que obrigue a União a complementar esse valor nos municípios que não têm condições de pagar o piso de R4 950,00. É uma forma de equalizar as diferenças regionais e as desigualdades regionais dos municípios. DN – O PSDB terá candidato em Goiânia? Raquel – Sim. O PSDB terá candidato próprio em Goiânia. Essa decisão está tomada. Nós não estamos discutindo nomes. Até porque o nome que se colocou até agora foi o do professor Nion Albernaz e nós estamos aguardando uma decisão dele. Se ele quiser disputar as eleições, nós assumiremos todos a campanha dele, porque ele é o nome mais ou menos consensual dentro do partido. Especulou-se sobre a possibilidade de Marconi Perillo ser o candidato em Goiânia. Isso está completamente descartado. A teoria por trás dessa candidatura de Marconi é a seguinte: eleição é uma guerra. E em guerra você deve ir com a munição mais pesada se você quer ganhar. Quem é a munição mais pesada do PSDB para enfrentar o Iris Rezende? Com certeza, Marconi Perillo. Esse foi o primeiro raciocínio. Só que isso repercutiu mal no interior. As lideranças do interior contam com Marconi Perillo governador em 2010. Então, Marconi é candidato em 2010. Nesse momento essa é a nossa decisão. A segunda munição mais pesada que temos dentro de Goiânia é o professor Nion Albernaz. Nós torcemos para que ele concorde em ser o candidato. Passada essa face, caso Nion não seja o candidato, aí sim vamos colocar em cogitação outros nomes. Há um grupo dentro do partido que tem o seguinte pensamento: que eu seria a única pessoa dentro do PSDB em condições de enfrentar um candidato como Iris Rezende pelo contraponto que se faz. Aí não se faz uma questão de munição, mas, sim, do elemento novo. Eu seria a primeira mulher, a primeira pessoa nascida em Goiânia, que nunca teve um prefeito nascido na capital. E eu nasci em Goiânia. E principalmente pela possibilidade do discurso novo. O Iris faz um bom governo, naquilo que ele faz bem, de asfaltar e construir viadutos. Mas Goiânia tem anseios por um discurso e uma experiência de alguém que saiba falar com propriedade de modernidade, de inclusão digital, de ciência e tecnologia, mas que tenha também a sensibilidade de olhar para o idoso e a criança. Essa construção de uma cidade humanizada, onde a qualidade de vida e não o asfalto que se faz seja o elemento definidor. DN – O asfalto não pode ser considerado como um elemento de mobilidade social para as camadas mais carentes? Raquel – Claro. Mas o Iris vai deixar pronto tudo que faltava. Ele fará essa parte. E aí as pessoas não sabem se ele saberá fazer esse outro lado. Ele tem feito um esforço, com pessoas novas na sua equipe. Mas um coisa é você buscar gente e outra é você, intrinsecamente, acreditar no que você faz, fala e ter o olhar da modernidade. Não é nem a parte social, que é um componente importante. Mas temos que observar a questão da modernidade. Não vejo ele falar em sustentabilidade na área ambiental. Não vejo ele falar em procedimentos modernos de coleta de lixo, de aproveitamento de verde, da igualdade de direitos, entende. Esse é o discurso da modernidade que falta ao Iris. DN – Quando o PSDB anuncia que o candidato pode ser Nion Albernaz, isso não significa que o partido não tem um candidato natural? Raquel – O PSDB está acreditando que o Nion é o seu candidato natural. Nós estamos pensando no Nion como alguém que fez três administrações que foram consideradas as melhores, como alguém que tem um vínculo profundo com a cidade. As pessoas sentem falta do Nion. E quando eu falo em questões sociais, devo perguntar: qual o trabalho social que o Iris faz em Goiânia? Nenhum. Ele fechou a Fundec, que foi o grande marco de Nion na área social, através do Programa Trabalhando com as Mãos. O Iris não fez nada que substituísse ou melhorasse a Maternidade Nascer Cidadão. É esse lado que o Iris não tem e que o Nion tem. DN – A senhora fala em ausência de programas sociais na gestão do Iris. Mas como o candidato da base aliada em Goiânia vai explicar à sociedade a suspensão dos programas sociais do governo do Estado, que, de certa maneira, foram uma marca nos dois governos Marconi Perillo? Raquel – Acho que o governador Alcides Rodrigues já definiu que em dezembro ele retoma esses pagamentos. E aparentemente ele vai retomar nos moldes que eu propus. Estive à frente da secretaria (de Cidadania) por três meses e deixei três documentos importantes. O PPA com algumas rubricas de programas novos que atendem essa diversidade. O Plano de Gestão do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e uma proposta de transferência de renda com esse viés antecipatório. Eu confesso que tenho dificuldades em explicar isso, tanto que achei que a minha atuação mais efetiva seria na Câmara Federal. O governo entendeu que naquele momento não tinha condições de implantar, por isso retornei para Brasília. Eu lamento essa demora. Mas acredito no governador, na sua boa intenção e no seu propósito de retomar. Mas eu lamento que a gente não esteja ainda colocando isso em prática. DN – Essa demora será um complicador para a base aliada, tanto na capital como no interior do Estado nas eleições do próximo ano. Raquel – Só não será um complicador porque o lado opositor não tem nada a oferecer nessa área. Basta você observar que o Iris foi governador por muitos anos e nunca fez nada nessa área. Ele não tem nada semelhante para contrapor a essa paralisação. Essa marca é do Marconi Perillo e do PSDB. DN – O fato dos programas sociais estarem suspensos não representa uma ação política do governo Alcides, considerando que os programas foram a marca de Marconi Perillo no governo? De repente o governador Alcides não quer fortalecer essa marca. A senhora não vê dessa maneira, de repente o problema não é financeiro, mas político? Raquel – Acho legítimo que o governador queira ter a marca dele. Isso faz parte da natureza da política brasileira, que é caracterizada pela não continuidade de programas. Agora, não vejo que o governador Alcides queira descontinuar. Ele está trabalhando para ter um programa que tenha o perfil dele. Até porque a situação mudou muito de quando o Marconi lançou os programas em 1999 para hoje. Se o Marconi fosse governador hoje, ele teria que fazer mudanças nos programas hoje. Em 1999, quando ele lançou os programas sociais, não havia nada no governo federal com a dimensão que existe hoje. Hoje com os programas federais, os programas nos estados estão duplicando pagamentos e não existe controle. Hoje temos pessoas que recebem de quatro programas diferentes. Tem gente que ganha R$ 1 mil reais em programas de transferência de renda. Então, é natural nesse momento que se parasse para fazer uma reavaliação e um novo banco de beneficiários. DN – Há muita discussão sobre a briga de bastidores entre alcidistas e marconistas. Hoje, no ninho tucano, há quem entenda que foi um erro apoiar Alcides Rodrigues, que é do PP, quando o partido poderia ter investido num nome do PSDB e evitar o seu processo de esvaziamento dentro da estrutura de governo. Qual a opinião da senhora? Raquel – Não foi um erro. Acho que foi coerente com a postura política do Marconi. Ele foi o governador do Tempo Novo. Ele não falava em partidos políticos. Não falava em PSDB. Ele, inclusive, em alguns momentos, sacrificou o PSDB em nome dos aliados. Ele tinha uma visão de estadista e de parceiros num governo de coalizão em que todos tinham a mesma importância. O PP cresceu. O PTB cresceu. O PSB cresceu. O PL, que hoje é PR, cresceu. O governador atuou como governador do Tempo Novo que tinha uma proposta política, administrativa e democrática. DN – Ainda que ele tenha perdido o PFL (hoje DEM) num determinado momento, a senhora vê essa posição dele como democrata? Raquel – Mas foi por uma questão pessoal, entre o Ronaldo Caiado e o Marconi. Foi lamentável o que aconteceu, mas foi uma coisa mais pontual o que aconteceu com o PFL. Agora nesse contexto de Tempo Novo, o Alcides era o candidato natural. Ele foi oito anos vice-governador, foi um companheiro leal e sempre presente. Se depois de eleito, pessoas próximas a ele e de sua assessoria tentam caminhar de uma forma partidária, eu só posso lamentar. Isso é um retrocesso político. Hoje ele é o coordenador político do Estado. E nas eleições vai caber a ele a coordenação política do processo eleitoral de 2008 e também demonstrar capacidade de coordenar uma coalização complexa e diferente, mas que é a base dele. DN – Como a senhora vê o processo de esvaziamento do PSDB dentro da estrutura do governo? Raquel – Acho natural que o governador queira ter os cargos da confiança dele. Acho que isso faz parte do direito que ele tem como governador. Poderia ter sido diferente, mas ele tem direito de fazer essa escolha. Até porque, no final quem será cobrado pelo sucesso ou insucesso do governo, vai ser ele. Então, ele precisa ter com ele pessoas da sua extrema confiança pessoal. Ele fez essa opção. E vai ser cobrado, para o bem ou para o mal. Eu não lamento e também não deixo de lamentar. Não se trata de uma situação para se fazer julgamento. DN – Essa seria a mesma resposta que a senhora daria considerando que o PR e o PTB até hoje não foram contemplados na estrutura do governo? Raquel – Eu discordo dessa afirmação. O PR tem o vice-governador. Então, está contemplado, sim. No momento em que se chamou o PR para ocupar a vice, ficou claro que o partido foi contemplado. O PR está mais do que contemplado. Agora o PTB tem a Saneago, que foi indicação do prefeito (de Itumbiara) José Gomes. DN – Mas o prefeito José Gomes é do PMDB. Raquel – Mas ele virá para o PTB agora. Mas digamos que o PTB não tenha a Saneago. Temos que considerar que o governador foi importante na indicação do Armando Vergílio para a Susep, que o cargo mais importante depois do Banco Central na área de seguros. Houve apoio do governador, que concordou com a indicação.

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