Publicado em 15 Julho 2007
Euclides Oliveira, Niquelândia
euclides oliveira

O deputado João Campos faz discurso em Niquelândia, durante ato público do 24º Congresso da Usadego: ‘Iris Rezende faz uma administração comum’
O deputado federal João Campos (PSDB) caminhou pelas ruas de Niquelândia na manhã de sábado (7), marcando sua presença no 24º Congresso da União das Senhoras das Assembléias de Deus do Estado de Goiás (Usadego). Depois de um breve discurso ao lado de outras lideranças evangélicas da cidade, o parlamentar concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Norte, na Praça Silva Júnior, ao lado da Câmara Municipal. Na conversa, o deputado defendeu o nome do senador Marconi Perillo (PSDB) para a Prefeitura de Goiânia, apesar de o mesmo ter rechaçado qualquer comentário nesse sentido, em visita ao município de Palmeiras de Goiás, onde nasceu, um dia antes, na sexta-feira (6).
Apesar desse fato, João Campos alardeou a hipótese de que Marconi possa demonstrar certo "desprendimento" e aceitar tal empreitada, mesmo que isso represente certo retrocesso em sua ascendente trajetória política. Na opinião do deputado, a Coligação do Tempo Novo somente vencerá o pleito municipal se as diversas correntes que o compõe adotarem uma estratégia de plena união, a exemplo do que normalmente ocorre para as eleições ao governo.
"À medida que os partidos passam a ter a convicção de que, isoladamente, podem representar um projeto dessa dimensão, isso desagrega a base e perdem as eleições. Antes de pensarmos num nome, devemos pensar numa estratégia para que possamos caminhar juntos para que não haja divisão", afirmou o deputado. Questionado sobre as possibilidades de Iris Rezende (PMDB) obter a reeleição em 2008, João Campos disse que o atual prefeito da capital faz uma administração "comum", citando que os investimentos em obras de pavimentação asfáltica são feitos por qualquer prefeito, em qualquer lugar do Brasil.
[b]Diário do Norte[/b] – Considerando seu trânsito junto ao eleitorado evangélico, o senhor tem a pretensão de disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2008, com apoio da base aliada?
[b]João Campos[/b] – Nós, na base aliada, temos alguns nomes que manifestaram o desejo de representar esse projeto do Tempo Novo para Goiânia. Dentre eles, a deputada Raquel Teixeira; o meu nome; e existem outros. Mas, por último agora, o deputado Carlos Alberto Leréia manifestou a opinião no sentido de que o senador Marconi Perillo pudesse ser o candidato. O senador Marconi reúne todas as condições, pois é um nome agregador, ousado e com uma capacidade de trabalho muito grande. Inclusive, nos perdemos as últimas eleições na capital porque a base aliada desagregou, porque não tivemos unidade. Se o Marconi, porventura, assumir esse projeto, vamos nos empenhar 'pra' valer, no sentido de que essa vitória se concretize. Agora, se ele disser que pretende continuar desenvolvendo seu trabalho no Senado, o meu nome, o da Raquel, estarão à disposição do nosso partido para avaliação. Sou o deputado federal do PSDB mais votado em Goiânia e penso que esse é um dos elementos que deverão ser levados em conta. Mas, antes de pensarmos num nome, devemos pensar numa estratégia para que possamos caminhar juntos para as eleições de 2008, para que não haja divisão.
[B]DN[/B] – A trajetória política de Marconi Perillo sempre foi marcada por uma curva ascendente, com dois mandatos como governador e uma eleição recorde em número de votos para o Senado. Cogitá-lo para ser postulante à Prefeitura de Goiânia, nesse curto espaço de tempo entre o pleito do ano passado e o próximo, não representaria uma espécie de retrocesso na carreira do senador?
[b]João Campos[/b] – Esse pode ser um raciocínio. Agora, outro raciocínio também que se faz é no sentido de verificar que o senador Marconi tem desprendimento. De repente, um homem que pode, inclusive, ser cogitado para a disputar a Presidência do Senado; ou a Presidência da República em 2010; tem a humildade de colocar seu nome para a prefeitura, dada a posição que ele ocupa hoje na conjuntura nacional do próprio PSDB; resolve dizer que "em razão do meu compromisso com o povo de Goiás, com o povo de Goiânia, eu prefiro voltar para Goiânia com um projeto moderno, inovador, e ousado". Isso pode ser entendido também dessa forma.
[B]DN[/B] – Por que o PSDB vai bem nas eleições estaduais e enfrenta dificuldades na disputa para vencer na capital?
[b]João Campos[/b] – Em Goiânia, por representar a segunda maior força política do Estado, depois da governadoria, o prefeito também acaba sendo a segunda maior força. Aí, alguns partidos da base começam a entender que também possuem condições de apresentar um candidato para a prefeitura da capital. À medida que passam a ter a convicção de que, isoladamente, podem representar um projeto dessa dimensão, desagregam a base e perdem as eleições. Nos municípios menores, isso não ocorre, porque há uma maior facilidade de entendimento e de desprendimento para ter um projeto de unidade. Em Goiânia, penso que esses acontecimentos possam nos servir de lição.
[B]DN[/B] – O atual prefeito Iris Rezende (PMDB), que deverá disputar a reeleição, pode ser considerado um homem imbatível na capital?
[b]João Campos[/b] – De forma alguma. No país, não há nome imbatível, nem nas eleições estaduais, nem para a Presidência da República e nem para os municípios. O Iris é um homem que tem uma história, está fazendo em Goiânia uma administração comum, sem nada que surpreenda e que signifique uma gestão inovadora, moderna e contemporânea. Ele faz aquilo que é trivial, que qualquer prefeito faz ou faria: faz asfalto. Qual é o prefeito que não faz asfalto? E mais alguns serviços próprios da administração pública. E ele não poderia fazer mesmo, porque essa marca de trabalho é do PSDB, de inovar, de surpreender. O Tempo Novo veio com projetos novos, que são copiados pelo Brasil.
[B]DN[/B] – Ao passo que o Tempo Novo inovou, as finanças do Estado agora também se mostram "surpreendidas" com uma enorme crise financeira, que está engessando a administração do governador Alcides Rodrigues, que admite as dificuldades em constantes entrevistas. Como o senhor avalia essa situação?
[b]João Campos[/b] – Isso é uma questão momentânea, apenas. O Estado do Rio Grande do Sul (governado por Yeda Crusius, do PSDB), por exemplo, não tem sequer capacidade de investimento, em razão das dívidas feitas por governos anteriores (Germano Rigotto/PMDB, que ficou fora do segundo turno gaúcho) que comprometeu substancialmente a receita do Estado. Goiás não foge à essa realidade nacional. No ano passado, o governo do doutor Alcides deu continuidade à uma política do Tempo Novo, começada por Marconi Perillo, para a valorização do servidor público em Goiás, que foi desprezado por décadas pelo PMDB. Mas ele (Alcides) tinha perspectivas de crescimento da receita, que estava numa ascendência razoável para prever o que poderia acontecer até o final do ano; e em função disso, foram aprovados mais de doze Planos de Cargos, Carreiras e Salários. A conjuntura nacional, especialmente no que se refere à crise do agronegócio – por falta de sensibilidade do presidente Lula em estabelecer uma política mais favorável de subsídios e de juros baixos para a agricultura – acabou refletindo em Goiás, que ainda tem uma vocação agro-pastoril. Por outro lado, aumentou o comprometimento do governo de Goiás, em relação ao pagamento da dívida com o governo federal, ocasionando esse déficit no Tesouro do Estado. Isso tudo será superado em curtíssimo espaço de tempo e Goiás retomará a sua linha de desenvolvimento.
[B]DN[/B] – A saída da deputada Raquel Teixeira, sua colega de partido, da pasta da Cidadania, não deixou as feridas da crise ainda mais abertas, nesse momento tão delicado?
[b]João Campos[/b] – Eu não analisaria dessa forma. Eu apenas não entendi e não vi elementos que me convencessem do motivo da deputada ter ido para o governo e ter saído num período tão curto. Na minha avaliação, não existia um fato novo dentro da estrutura de governo (dando a entender que Raquel, ao ser convidada para o cargo, sabia da real situação do Estado) depois que a deputada assumiu a secretaria de Cidadania, que a fizesse mudar de convicção. Portanto, eu não tenho elementos para avaliar o seu pedido de retorno à Câmara Federal.
[B]DN[/B] – A tão propalada demora do governador em definir mais nomes da base aliada para o secretariado continua sendo destaque em todos os veículos de comunicação. Porque isso ocorre, deputado?
[b]João Campos[/b] – O doutor Alcides assumiu o governo dentro de uma perspectiva de continuidade e com uma equipe da qual ele já fazia parte. Ele não tinha necessariamente a obrigação de anunciar um novo secretariado. Pontualmente, ele está fazendo algumas alterações, de forma tranqüila e sem traumas, atendendo à 'engenharia política' do momento. O Estado está andando.