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frederico jayme

‘Falta identidade ao PMDB, que deve ser oposição’


Publicado em 30 Março 2009

João Carvalho

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íris roberto
Frederico pede ação para salvar a Celg e pede coerência ao PMDB
Frederico pede ação para salvar a Celg e pede coerência ao PMDB

Frederico Jayme cobra identidade política do PMDB. Segundo ele, ora o partido, na Assembleia Legislativa, é governo, ora é oposição. Isso deixa a base partidária no interior completamente perdida. O ex-presidente da Assembleia e atual secretário de Planejamento de Goianésia, defende que o PMDB seja oposição ao governo Alcides Rodrigues (PP), mas pede responsabilidade das lideranças políticas do Estado em relação à situação da Celg. Segundo ele, o momento é para salvar a estatal e não estimular a discussão sobre quem a quebrou. 

Diário do Norte – O PMDB sofre com a falta de identidade hoje. Porque isso ocorre hoje?
Frederico Jayme – Acho que falta identidade no partido. O PMDB deve buscar urgentemente a sua identidade e sua posição no cenário político do Estado. Ora o PMDB defende o governo. Ora o PMDB crítica. Ora o PMDB defende alianças com o governo Alcides Rodrigues e muitos integrantes do partido defendem isso claramente. Outros já dizem que não. Portanto, não há uma posição clara da cúpula partidária em Goiás. Então, eu quero conclamar o PMDB de Goiás a buscar a sua identidade. A minha preocupação, sendo um político do interior, é que aqui, no interior, as lideranças estão preocupadas. Na maioria das cidades que tenho visitado e com os companheiros com os quais tenho conversado, todos estão imaginando que se não tiver uma definição muito rápida, todos vão ficar sem rumo no interior e tomando decisões equivocadas, como o comprometimento político com um ou outro candidato de partido diferenciado que amanhã pode resultar em bater de frente com uma decisão da cúpula partidária.

DN – A cúpula por essa situação é da direção partidária?
Frederico – Não estou atribuindo culpa a um ou outro. Mas é preciso que o partido, no seu conjunto, busque estabelecer uma meta e um projeto político claro. Temos vivido um desconforto grande no meio dos eleitores e no meio da base do partido no interior do Estado.

DN – Qual deve ser, na opinião do senhor, a posição do PMDB em relação ao governo do Estado?
Frederico – Acho que o partido deve ser oposição construtiva. Nunca defendo a oposição destrutiva.

DN – Não seria isso que o PMDB está tentando fazer, estabelecer uma oposição construtiva na Assembleia Legislativa?
Frederico – Entendo que o partido muitas vezes busca essa conduta. Mas em outras oportunidades ela não é construtiva. Por exemplo, o líder do PMDB se apresentava nas inaugurações ao lado do governador Alcides Rodrigues falando em aliança política. Isso não é oposição construtiva. Isso, no meu modo de ver, é rendição. Então, oposição construtiva, se for feita pelo PMDB, é agir de forma coerente. Foi para a oposição que o partido foi conduzido pelo eleitor de Goiás. Não estamos propondo oposição raivosa. Eu repito que devemos fazer uma oposição até progressista. Quer dizer, buscar auxiliar a administração estadual apontando os possíveis equívocos. Essa é uma questão. Agora, estar junto no palanque defendendo alianças que extrapolam o limite administrativo e vão para as questões político, aí eu acho que é muito grave. Agora, se o objetivo do partido é uma aliança com o governador, então, que seja claro.

DN – O senhor seria favorável a uma aliança com o governo do Estado?
Frederico – Da minha parte, acho que não. O PMDB hoje é um partido de oposição ao governo de Goiás. Não adianta nós querermos juntar água e o óleo. Se o interesse da cúpula caminhar para um entendimento nós teremos grandes choques na base. Não há como unir na base, a não ser em alguns casos, que são raríssimos, o MDB com a Arena. Isso não acontece na base. É impossível. Não que haja um clima de raiva e de ódio. Não é isso. São projetos diferentes e completamente distanciados.
 
DN – O senhor é ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Como vê essa questão da Celg?
Frederico – Eu já vi esse filme. Essa história é antiga. Na verdade há muito mais barulho do que a chuva que verdadeiramente vai cair. Há mais trovoadas do que água. Há também, de forma irresponsável, uma politização do tema. Acho que a questão não pode ser conduzida por aí.
 
DN – O senhor entende que é possível sanar os problemas da Celg considerando a sua dívida de R$ 5 bilhões?
Frederico – Não sou economista. Mas a Celg tem uma arrecadação estrondosa. Se tiver uma boa gestão, ela pode tranquilamente ser recuperada. Agora, a discussão no momento, que me deixa mais preocupado, é em saber quem endividou a Celg e é responsável por essa situação. E ninguém se preocupa em discutir como salvar a Celg. Essa deve ser a nossa primeira preocupação. Depois a gente pode até discutir quem foi o responsável pela crise na empresa.
 
DN – O senhor acha que é possível identificar os responsáveis pela crise na empresa?
Frederico – Eu imagino que essa questão da Celg vem de muitos anos. Há uma dose de responsabilidade de muitos governos. Eu não seria capaz de dizer se houve má-fé por parte dos ex-governadores. Quando estava no tribunal eu critiquei várias situações em que o governo fazia obras com recursos da Celg. E depois o Estado não pagava a Celg. Isso aconteceu nos mais variados governos. Por isso afirmo que agora não adianta perder tempo com essa discussão. Eu até entendo que a situação financeira da Celg é grave. Mas a politização do tema tomou uma dimensão tão grande que ninguém mais está se preocupando em salvar a Celg. Acho que todos devem dar a sua contribuição para salvar a Celg.

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