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raquel teixeira

Ela promete um choque de gestão

Deputada aceita qualquer critério para escolha do candidato da base, mas pede consenso entre os pré-candidatos e partidos aliados


Publicado em 03 Fevereiro 2008

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adalberto ruchelle
Raquel Teixeira diz que asfalto de Iris Rezende é bom, mas Goiânia precisa urgente de um choque de modernidade, que prepare a cidade para o futuro
Raquel Teixeira diz que asfalto de Iris Rezende é bom, mas Goiânia precisa urgente de um choque de modernidade, que prepare a cidade para o futuro
Apesar do pouco tempo que tem na atividade política, a deputada federal Raquel Teixeira (PSDB) já demonstrou que gosta de desafios. Enfrentou sua primeira campanha em 2002 e conquistou mais de 120 mil votos na disputa à Câmara Federal. Em 2006 se reelegeu. Antes teve o seu nome envolvido injustificadamente naquele escândalo do mensalão. Enfrentou tudo de cabeça erguida e deu a volta por cima, quando todos imaginavam que ela desistiria e voltaria para sua vida normal de professora com pós-doutorado na Universidade Federal de Goiás. Hoje, apesar do baixo índice nas pesquisas de intenção de voto, ela é uma das pré-candidatas da chamada base aliada e avisa que topa qualquer critério para escolha de candidatura, desde que os partidos e postulantes estejam unidos. Raquel não poupa críticas ao prefeito Iris Rezende e avisa que asfalto é bom, mas Goiânia agora precisa de um choque de modernidade, que a transforme numa cidade do futuro, com foco especialmente na educação e na qualidade de vida das pessoas. Raquel avisa que pretende discutir com profundidade a questão do trânsito. E mais, acredita que Barbosa Neto vai renunciar para ser o seu vice na chapa com a chancela governista.

Diário do Norte – A senhora confirmou candidatura dentro do PSDB. O que falta agora para que a senhora se confirme como candidata oficial da chamada base aliada do governo?
Raquel Teixeira – Um processo eleitoral tem várias etapas. A primeira etapa era dentro do partido. Acho que a articulação que fiz com todos os vereadores, deputados federais e estaduais, senadores, presidentes do partido, além dos presidentes de zonais, me deram uma boa vantagem, de tal forma que os outros três pré-candidatos abriram mão de suas postulações em favor do meu nome. Sou grata a eles que entenderam que nesse momento eu posso ser porta-voz do partido. O mesmo desafio que tive internamente eu tive agora dentro da base aliada. Eu quero ser candidata da base aliada. Na verdade, quero ser candidata da sociedade. Mas, como disse, são etapas. O desafio agora é conversar com os outros partidos e convence-los de que nesse momento eu significo uma opção real de vitória. Eleição é isso. A gente vence quando o eleitor confia em você para exercer aquele mandato que você pleiteia. Agora, para convencer o eleitor, tem que antes convencer os outros partidos da base. Espero que nas articulações que tenho feito as demais legendas possam ver em mim uma possibilidade de contrapor o atual prefeito (Iris Rezende), que está forte, é trabalhador e tem feito muito por Goiânia. Mas não tenho dúvidas de que daqui para frente Goiânia não vai precisar mais de um tocador de obras, que é o que ele é.

DN – O que Goiânia mais precisa hoje além do asfalto?
Raquel – Goiânia hoje precisa de alguém que tenha preocupação com a qualidade de vida. O asfalto chegou nas ruas através do prefeito. Agora eu quero entrar na casa das pessoas. Numa casa onde o asfalto chegou, nós temos que avaliar agora se há crianças precisando de creches, se tem idoso precisando de apoio, se há pessoa deficiente também precisando de apoio ou se o jovem conta com vaga nas escola. Temos que avaliar ainda nesta casa se a mulher precisa se qualificar para melhorar sua renda no mercado de trabalho. Goiânia é uma cidade boa que não tem grandes problemas, mas estamos numa definitiva e decisiva. Se não tivermos urgentemente políticas de curto, médio e longo prazo para o trânsito, Goiânia deixará de ser essa cidade boa que é hoje para ser caótica como qualquer outra grande metrópole. E não se resolve o problema do trânsito sem resolver o problema do transporte coletivo. E por ser uma cidade boa, está na hora certa de discutirmos salto de qualidade na saúde, educação, meio ambiente e na tecnologia. É disso que Goiânia vai precisar a partir de agora.

DN – Quando a senhora fala em melhorar educação, saúde e segurança, podemos entender que isso é uma crítica ao governo do Estado, que também é responsável por essas áreas?
Raquel – Não. Em hipótese alguma. Não é uma crítica. Eu não farei uma campanha de críticas. A minha campanha não é contra ninguém. A campanha é favor de novas idéias. De novas políticas públicas. Eu entendo a atividade política mais ou menos como uma corrida de bastão. Você corre e entrega o bastão e outro vem e pega o bastão. Então, cada um que pega o bastão faz a sua corrida com a melhor das intenções. Não acredito que ninguém no mundo que assume o cargo de governador, de presidente, de prefeito não tenha intenção de fazer o melhor. Cada um que assume, que fazer o melhor. O que ele faz é resultado das circunstâncias da preparação que tem, da história de vida, dos apoios que tem em todos os segmentos. Enfim, o que é realizado é conseqüência dessas circunstâncias. Eu entendo que todos os prefeitos que passaram, fizeram o melhor que puderam. E nós temos hoje uma cidade boa.

DN – O que falta para Goiânia melhorar ainda mais?
Raquel – O mundo inteiro está avançando muito rapidamente. Nós podemos avançar e é desse ponto que eu quero pegar. Educação infantil, por exemplo, é responsabilidade única e exclusiva da prefeitura. O mundo todo está voltado para educação infantil porque todas as pesquisas mostram que entre zero e seis anos de idade a criança define praticamente que tipo de adulto ela será. É nessa fase que se forma a personalidade. Desenvolve a base cognitiva e a capacidade de integração social. Cem por cento dos presos americanos tiveram nessa faixa etária experiências de violência, trauma, negligência, abuso, assédio e outras situações. E se a gente fizer essa pesquisa no Brasil o resultado será o mesmo. Então, estou dando apenas um exemplo sobre educação infantil. A Comissão de Educação da Câmara Federal fez um seminário sobre educação de zero a três anos no mundo. É prioridade nas políticas públicas do mundo. E é menos de 10% da população de zero a três anos que está atendida nas escolas do município de Goiânia. Essa é uma crítica grave que faço. Estive em Vitória há dois meses, e olha que essa cidade não é um bom exemplo de cidade moderna. Mas lá 100% das crianças de seis meses a três anos estão no sistema educativo de Vitória. Para cada 25 crianças numa sala de aula, há quatro professores, sendo três com curso superior e um com magistério. Vitória entendeu que apostando na educação infantil, você combate a criminalidade nos próximos anos, sem contar que você cria cidadãos preparados para desenvolver a inteligência e a emoção para serem cidadãos no século 21. Estamos num século que é diferente da era agrária e do sistema industrial. Hoje nós vivemos uma sociedade tecnológica que exige preparo, educação e conhecimento. Então, todos os países e cidades avançados estão jogando tudo na formação das pessoas. É esse tipo de debate que nós devemos fazer. O asfalto é importante, mas daqui para frente nós temos que discutir o que a cidade precisa. E é isso que me dá um entusiasmo grande para entrar nessa disputa. Me sinto preparada para discutir todos os temas para tornar Goiânia uma cidade moderna. Quero discutir índices de mortalidade infantil, que é outro indicador de qualidade de vida. Goiânia tem 15 mortes de crianças para cada grupo de mil. Mas o índice desejado é que seja de pelo menos um dígito. Na verdade, o desejável é que o índice seja zero. Temos a questão ambiental. Goiânia deveria fazer coleta seletiva de lixo há muito tempo. A cidade desperdiça água é não existem campanhas educativas. Nosso consumo de água per capta é acima da média recomendada pela ONU. Estou dando o exemplo de coisas elementares, mas que não aparecem. O slogan da prefeitura é: O trabalho que você vê. E é isso que o prefeito faz. Ele faz uma administração visível. Mas Goiânia precisa do invisível, do intangível que transforma a vida das pessoas. Está na hora de discutirmos o salto de qualidade e de modernidade que a cidade precisa.

DN – O que será mais difícil: manter todos os aliados num mesmo palanque ou confirmar a sua candidatura? Ou a tendência é cada um por si?
Raquel – A minha candidatura não é mais minha. Ela pertence ao partido. Eu não posso responder mais individualmente ou pessoalmente por nada.

DN – E qual a posição do partido?
Raquel – A posição é que eu sou a candidata e nós vamos buscar o apoio da base aliada. Com toda humildade e tranqüilidade.

DN – Não havendo acordo a senhora mantém a sua candidatura?
Raquel – Isso não está colocado. Eu acredito na possibilidade de unidade da base. E é esse trabalho que está sendo feito agora, da busca da unidade. Todos os candidatos colocados são bons candidatos. Talvez, nesse momento, o mais importante é o diálogo. Se o diálogo não for suficiente, nós temos outros mecanismos, como pesquisa qualitativa, que pode medir o potencial de crescimento de uma pessoa e a capacidade de aglutinação. Acredito que a capacidade de aglutinação e o potencial de crescimento da candidatura são os dois elementos mais importantes que vão definir o processo. Agora, quem vai definir tudo é governador Alcides Rodrigues, que é o coordenador da base aliada.

DN – Ele dará a palavra final nesse processo de escolha?
Raquel – Com certeza. O governador é coordenador da base e cabe a ele conduzir o processo. Ele sabe disso e está participando desse processo.

DN – A tendência é repetir o processo de escolha ocorrido em 2004, entre Sandes Júnior e Barbosa Neto?
Raquel – Não. Não tem a menor chance. Aquilo foi um equívoco. Está completamente descartado aquele tipo de escolha do candidato.

DN – O que a senhora não aceitaria como critério para escolha do candidato?
Raquel – Nós não discutimos o critério. Estou aberta a qualquer critério que for definido pela maioria e pelo conjunto dos partidos. Acho que logo após o carnaval temos que realizar uma reunião com todos os presidentes dos partidos e com todos os candidatos. Estou inteiramente aberta a qualquer critério, desde que seja da maioria.

DN – O Jovair Arantes está fora desse processo de escolha?
Raquel – Não. Ele fez um documento estabelecendo como data-limite o dia 31 de janeiro para escolha do candidato da base aliada. Acho que a posição do PTB virá no dia 23 de fevereiro, data em que o partido fará um encontro em Goiânia para discutir sucessão municipal.

DN – E o PR de Sandro Mabel, com fica?
Raquel – Já conversei com o PR. Falei com o vice-governador Ademir Menezes, com o deputado federal Chico Abreu, com o deputado Cláudio Meirelles, com o prefeito José Macedo, de Aparecida de Goiânia.

DN – A senhora conversou também com o deputado Sandro Mabel?
Raquel – Ele deu uma declaração extremamente positiva, quando disse que pessoalmente não pediria votos para mim, mas afirmou também que não é dono do partido e se fosse decisão da legenda em me apoiar na campanha, ele não faria nenhum tipo de objeção. Foi uma postura extremamente correta.

DN – A senhora faz questão do voto dele ou a senhora dispensa?
Raquel – Eu respeito a posição dele e quero apoio do partido. A questão pessoal é menor e não vem ao caso. Nós somos filiados a partidos que têm projetos comuns. No meu caso, sou filiado ao PSDB, que é um partido parceiro do governo. No caso do PR, o partido é governo. Então, não temos que discutir por entender que a questão partidária é maior do que a questão pessoal.

DN – E Barbosa Neto, a senhora espera apoio dele?
Raquel – Tem todo o meu respeito. Eu o apoiei naquela disputa com o Sandes Júnior. Trata-se de um político habilidoso, preparado, que eu espero que me apóie. Vou trabalhar para isso.

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