Publicado em 16 Setembro 2007
Gil Bueno - Porangatu
Gil Bueno

Waldemir Alves da Silva: ataques ao diretório estadual do PMDB
O ex-presidente do PMDB de Porangatu, Waldemir Alves da Silva, falou ao Diário do Norte sobre o cancelamento da eleição de novembro de 2006, que o reconduziu ao cargo de presidente da executiva municipal do partido. O processo eleitoral em Porangatu foi questionado por Marluce Dourado e por Evaldina Ribeiro, respectivamente, ex-secretária e ex-delegada do partido, que posteriormente entraram com uma representação solicitando o cancelamento das eleições. Em março, o 3º vice-presidente da executiva regional, Ney Moura Teles, decidiu pela intervenção, conforme noticiou o DN em sua edição 681. Uma reunião da executiva regional do PMDB, na segunda-feira (10/09), em Goiânia, ratificou a intervenção do diretório municipal, que agora deverá convocar nova eleição."Eu acredito que com a documentação apresentada pelas duas, não daria pra derrubar o diretório, eleito em um processo com transparência e dentro das normas. Algo estranho está acontecendo, foi uma decisão política, de gente com mandato", desabafa. Nessa entrevista, o ex-presidente fala sobre os últimos acontecimentos, sobre a oposição em Porangatu e sobre suas pretensões a partir de agora.
Diário do Norte – O senhor continua afirmando que o processo eleitoral de novembro de 2006 foi correto. O que, de fato ocorreu, então, para que o diretório fosse destituído?
Waldemir Alves da Silva – O processo eleitoral foi lícito, dentro do estatuto, dentro da ética, da seriedade, completamente normal. O que está acontecendo, na minha visão, é que a velha prática do coronelismo está sendo empregada em Porangatu. E não foi derrubado apenas o presidente do PMDB de Porangatu, foram derrubados 70 membros de um diretório, o que significa que estão passando por cima da vontade da maioria. Está claro que foi um ato político, comandado pela executiva regional, principalmente pelos deputados que fazem parte desta executiva e são amigos da deputada Vanuza Valadares (PSC), para poderem indicar uma pessoa que não é da vontade da maioria, para que seja candidato a qualquer custo, de qualquer jeito, que é o senhor Eronildo Valadares. E é bastante sugestivo que o processo tenha sido iniciado por duas assessoras da deputada Vanuza Valadares, que, como todos sabem, é esposa do Eronildo.
DN – A principal argumentação de suas adversárias era a de que não houve espaço para que novas lideranças se manifestassem. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Waldemir – O processo eleitoral, conforme a documentação mostra, transcorreu dentro da maior tranqüilidade, dentro da lei, da ética, da seriedade, como sempre fizemos. Aliás, a formação do diretório foi feita em conjunto com o Eronildo. Eu estive quatro vezes em seu escritório discutindo o diretório. Estranhamente, momentos antes das eleições, houve a tentativa de se retirar nomes do diretório. Depois fizemos uma discussão, remanejando a chapa, com algumas pessoas indo para a suplência e vice-versa, entrando em um consenso. Agora, com a ratificação da interdição de nosso diretório, o presidente regional Adib Elias, conforme noticiou a imprensa, está entregando o partido a Eronildo Valadares.
DN – O seu afastamento não tem relação com o fracasso do PMDB nas eleições de 2004 em Porangatu, quando o partido não elegeu vereador?
Waldemir – Eu faço parte do comando do partido, mas não sou a única liderança do PMDB, não sou dono do partido. E o PMDB tem sido vitorioso, sim, nas eleições em Porangatu. Nas eleições de 2004, nós elegemos o vereador Júnior Borges, do PDT, que era coligado ao PMDB; em 2006, nós elegemos a deputada estadual Vanuza Valadares, do PSC, que estava coligado com o PMDB em Porangatu; com relação ao governo do Estado, nas últimas eleições nós ganhamos no primeiro e segundo turnos, em uma cidade estratégica para o governo estadual, com o nosso candidato Maguito Vilela vindo aqui apenas em duas oportunidades, quando Marconi e Alcides vieram quase 10 vezes.
DN – O senhor não estaria preocupado com uma possível candidatura de Eronildo Valadares pelo PMDB nas eleições do ano que vem?
Waldemir – Eu tenho minhas convicções, mas eu trabalho em grupo; nunca decido nada sozinho. Por exemplo: a Vanuza Valadares não era minha candidata em 2006, mas quando o diretório decidiu que trabalharíamos para que ela fosse eleita, eu trabalhei, e desafio as pessoas a mostrarem que em algum momento eu não tenha me dedicado à sua eleição. Mas voltando à pergunta, em momento nenhum a minha atuação como presidente atrapalharia a pretensão de qualquer um que seja de ser candidato do PMDB e eu nunca fui contra a candidatura do Eronildo. Mas além dele, existem outras lideranças que podem ter essa pretensão e desejem vir ao PMDB para aqui colocarem o seu projeto. Como é que eu conversaria com o Carlos Garcia (do PMDB), por exemplo, que seguramente será candidato ao governo de Porangatu, se o PMDB já estivesse fechado com o Eronildo? Quem tem pretensões de se candidatar à prefeitura tem que sair do PMDB então? O ideal é que o PMDB tivesse vários pré-candidatos à prefeitura na convenção, que decidiria o nome ideal para o partido. Mas o que estão querendo fazer é impor um candidato. E eu vou disputar as eleições ao diretório daqui a 60 dias.