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ENTREVISTA - Helio de Sousa

As lições da discrição e da lealdade. E o reconhecimento


Publicado em 22 Fevereiro 2016

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Carlos Costa
Helio manifesta preocupação com a violência nos grandes centros
Helio manifesta preocupação com a violência nos grandes centros

Simpatizando ou não com seu estilo de fazer política e de conduzir a Assembleia Legislativa, jornalistas que acompanham o dia a dia do Palácio Alfredo Nasser parecem ter prestado muita atenção em Helio de Sousa no ano de 2015. Tanto que o Clube de Repórteres Políticos de Goiás lhe concedeu o título de Político do Ano. Foi a primeira vez que um deputado estadual recebeu a honraria. Tudo isso porque a Assembleia Legislativa viveu um ano conturbado. Foi palco de protestos. Foi alvo de notícias que viralizam nas redes sociais. Foi vista como uma Casa de escândalo. Mas nada disso abalou o estilo tranquilo e convicto do deputado Helio de Sousa, que falou com exclusividade ao Diário do Norte na quinta-feira (18), no seu gabinete. Explicou a sua situação política hoje. Deixou pistas de que deve deixar o DEM. Defendeu as OSs para a educação. Mas cobrou aumento do efetivo policial militar para frear o avanço da violência no Estado. Avisou que não existem candidatos imbatíveis. O recado foi para Iris Rezende, em Goiânia. Sobre Goianésia, disse  que não sendo Jalles Fontoura candidato à reeleição, não será o fim do mundo. Em razão da crise política e econômica, previu dificuldades para os candidatos que vão à reeleição este ano. E, sem titubear, avisou, não será sob hipótese alguma candidato a prefeito.

Diário do NorteO ano de 2015 foi bastante conturbado na Assembleia Legislativa, com muitos protestos e aprovação de muitos projetos e iniciativas. O que se pode esperar de 2016 considerando que muitos deputados vão disputar as eleições?
Helio de Sousa – No meu entendimento, 2016 é um ano político. E um ano político não é tranquilo. É lógico que a oposição deverá incrementar as suas críticas, especialmente  contra o Governo do Estado. Logicamente que caberá à base do Governo fazer a sua defesa. Então, prevejo que teremos uma Casa mais agitada. Historicamente isso ocorre em anos eleitorais. Os debates são mais intensos nesse período. Portanto, teremos um ano muito político na Assembleia. 

DNAlguns prefeitos estão preocupados com a atual situação de crise que o Estado e o País vivem. Eles argumentam que a crise terá reflexos nas eleições. O senhor entende que essa eleição terá um grau de dificuldade maior para quem disputa a reeleição?
Helio – Vejo que eles têm razão de estarem preocupados. Lamentavelmente estamos vivendo um momento de crise. Temos crise econômica. Temos crise política. E entendo que somente quando acabar o impasse da crise política é que o Brasil poderá voltar à normalidade de buscar o caminho para resolver seus problemas. Mas o prognóstico é sombrio. Tínhamos esse pensamento em 2015, mas ninguém imaginava que o cenário seria tão ruim. E 2016 temos previsão de PIB negativo. Tudo isso indica que o Brasil não vai crescer. E pior do que isso, vai mostrar que o brasileiro está com preocupação grande em todos os itens da sua vida, mas o desemprego é quem tira o sono de muitos pais de família. E não vejo recuperação no Brasil nesse ano de 2016. Mas penso que resolvido o impasse envolvendo a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, qualquer que seja o desfecho, a questão política entra para o segundo plano e a economia volta a reagir no Brasil. 

DN - O senhor fala em qualquer que seja o desfecho político. O senhor é favorável ao "Fora Dilma"? 
Helio – Nós sabemos que o meu partido (DEM) tem esta posição. Agora, sou muito realista. Acho que o que vai resolver o problema do Brasil não é o fato de ser com Dilma ou sem Dilma. O que nós precisamos nesse momento é de uma decisão. Qualquer que seja ela. 

DN - E por falar em partido, o senhor pensa em mudar de partido ou está satisfeito com a maneira como o DEM é gerido em Goiás?
Helio – Eu me considero um histórico dentro do partido. Já disputei sete eleições pelo PFL hoje Democratas. Logicamente que tenho uma dívida e um compromisso com esse partido. Mas em Goiás, por motivos próprios da política, o partido deixou sua base tradicional e buscou, já nas eleições de 2014, um afastamento dessa base. E hoje procura uma convivência com o PMDB. Isso criou dificuldades. Eu mesmo tive uma eleição muito difícil por esse motivo, mas vamos analisar o que permite a 'janela partidária'. Vamos analisar também o que pensam os nossos eleitores. Eu costumo falar que o meu mandato pertence aqueles que me apoiam e, de uma maneira quase unânime, esse grupo é contra a coligação com o PMDB. Então se abrir a janela eu buscarei ouvir as pessoas que me apoiam para que eu possa tomar uma decisão. 

DN - O senhor concorda com a forma como o senador Ronaldo Caiado conduz o DEM e a aliança com o PMDB?
Helio – Existe entre eu e o senador Ronaldo Caiado um respeito mútuo. Historicamente sempre tivemos pontos de divergência. Mas respeitamos as posições de cada um sobre qualquer situação. Isso vem desde há muito tempo. E sempre tivemos um bom nível, respeito e de consideração pela posição que cada um tomasse. Nesses dois últimos anos tivemos uma mudança relativamente profunda na posição do partido sobre a presidência do senador que é de aproximação com o PMDB. Vejo que essa é uma posição que ele adotou para manter um projeto político. O meu caso é diferente. Mesmo em 2014, quem me elegeu foram bases que estão vinculadas com o Governo do Estado. Respeitando essas posições posso afirmar que nunca houve retaliação do partido. E também nunca tive maiores atritos e nunca fui cobrado porque o partido respeita a minha posição. 

DN - As bases do senhor podem ter uma surpresa com o senhor deixando a Assembleia para disputar mandato em Goianésia?
Helio – Sem titubear eu afirmo que não trabalho, não penso e não serei candidato a prefeito em Goianésia. Essa é uma questão definida. Porque tenho essa firmeza em afirmar isso: primeiro porque não tenho realmente esse propósito. Segundo é que nós deveremos ter, sob o comando do prefeito Jalles Fontoura, um candidato que dará sequência e continuidade ao projeto que vem sendo implementado na cidade. 

DN - Particularmente o senhor defende qual projeto em Goianésia. Reeleição do Jalles ou outro nome?
Helio – Vamos falar em pré-candidatos. Eu diria que pré-candidato ideal é aquele que é candidato natural. E hoje nós temos o privilégio de ter dois nessa situação: Jalles Fontoura e o vic e-prefeito Robson Tavares. São candidaturas naturais. Ninguém tem ciúmes. Ninguém contesta. E que todos trabalhariam para ser viabilizado o projeto. Agora sabemos que há resistência de ambos de não serem candidatos. Não sendo, o mundo também não vai acabar. Temos outros nomes e como não são naturais, não quero citar nenhum. Mas temos outros com capacidade para nos defender e nos representar. 

DN - Quando o grupo do senhor optou por nomes que não fossem o do senhor, de Jalles ou de Otávio Lage Filho o resultado eleitoral foi desfavorável. Esse não é um risco que se corre novamente em 2016?
Helio – Toda eleição tem os seus riscos, especialmente para nós que temos Goianésia como referência importante. Porque nosso grupo político na cidade pertence a imagem daquilo que representou para o município o ex-governador Otávio Lage de Siqueira. Agora, desde 1962 (quando Otávio foi eleito prefeito) até as eleições de 2012, nós perdemos apenas duas vezes, em 1992 e 2008. É lógico que é mais fácil trabalhar com candidatos naturais, como Jalles ou Robson. Mas mesmo considerando as duas derrotas que sofremos, não consideramos que o candidato fosse o errado. O que ocorreu foi que o adversário foi mais competente. Mas vamos ter candidato este ano e para ganhar. Não trabalhamos com a hipótese de que houve erros no passado, quando sofremos as derrotas. Acho que cada eleição tem a sua história. 

“Sem figurinha carimbada em Goiânia”

DN - Em relação a Goiânia, a base do governo tem vários nomes. Esse não é o caminho para se perder uma eleição?
Helio – Na verdade um partido para crescer precisa disputar eleições. E os grandes partidos não podem deixar de marcar presença em colégios eleitorais tão simbólicos como Goiânia. Vejo que nesse primeiro momento é uma decisão do partido, de ficar em evidência e de ocupar espaço. Apesar dos vários candidatos que já se apresentaram na capital, hoje não temos nenhuma 'figurinha carimbada'. Ninguém hoje pode dizer que esse ou aquele candidato é imbatível. 

DN - O senhor entende que Iris Rezende não é imbatível?
Helio – Não é. Nem ele e nem ninguém nesse processo eleitoral. 

DN - Ele nunca perdeu eleição pela Prefeitura de Goiânia? 
Helio – Ele também nunca tinha perdido eleição para o Governo do Estado, mas acabou perdendo um dia. Então, tem uma série de expectativas. O eleitor vai de acordo com aquilo que ele sente que pode ser melhor para ele e para a sua cidade.

DN - Dentro da base, se o senhor votasse em Goiânia, o senhor escolheria quem?
Helio – Não tenho um nome de preferência. Mas eu diria que as candidaturas que estão colocadas, não só da nossa base, todas são interessantes. Mas com certeza teremos uma simpatia por uma ou outra candidatura. 

DN - Dois temas polêmicos que não saem do noticiário: OS na educação e a segurança. Como o senhor analisa as duas situações?
Helio – A questão das OSs é um modelo que o Governo do Estado apresenta e que busca tentar melhorar ainda mais a performance da educação. As OSs na saúde deram certo. E tivemos realmente ganhos consideráveis para a população na saúde pública oferecida pelo Governo do Estado através das OSs. Isso é inquestionável. Na questão das OSs da educação vejo que há uma interpretação que precisa ser feita. Primeiro, não haverá privatização da educação. Não haverá terceirização. O que se propõe é que o Estado controle a parte de formação educacional (pedagógica) e somente a parte administrativa ficaria na responsabilidade das OSs. Se não faltarem recursos, eu vejo que é um modelo interessante. Em relação a segurança o diagnóstico é fácil. Temos um problema nacional. A violência hoje atinge todos os estados brasileiros. Todos, sem exceção. É uma questão nacional porque a crise econômica provoca esse aumento das situações de violência. A crise estimula a violência. Onde temos pequenas concentrações habitacionais, onde as pessoas se conhecem, não há violência. Onde há crescimento habitacional acelerado, a violência aumenta. Também temos o problema do contingente policial. O efetivo da PM hoje é metade do que era nove anos atrás. A população cresceu mas o efetivo policial não acompanhou esse crescimento. A presença policial inibe essa realidade. O Governo precisa se adequar e buscar uma maneira de aumentar o quantitativo policial no Estado, especialmente nas grandes cidades. 

DN - O senhor foi indicado pelo Clube de Repórteres Políticos de Goiás como o político do ano de 2015. O que representa para a carreira política do senhor?
Helio – Fiquei muito gratificado por esse reconhecimento dos repórteres políticos de Goiás. É a primeira vez que um deputado estadual ganha essa honraria de ser o político do ano. Para mim, representa muito para mostrar aos meus eleitores e amigos que o meu estilo de fazer política é um estilo discreto, mas muito companheiro. Sempre atuo ouvindo bem a população. E esse prêmio vem demonstrar que a maneira que eu faço política, discreta, firme e coerente, está certa. Por isso sou muito grato.

"2016 um ano perdido Segundo Helio de Sousa, a crise econômica só vai se arrefecer quando a crise política for resolvida. Para ele, 2015 foi perdido. E este ano segue no mesmo caminho, sem solução."

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