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Luiz Teixeira

A voz da segurança está de volta,16 anos depois


Publicado em 26 Julho 2010

Euclides Oliveira

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EUCLIDES OLIVEIRA
Delegado e político, Luiz Teixeira quer voltar ao poder através da Assembleia<BR>
Delegado e político, Luiz Teixeira quer voltar ao poder através da Assembleia

O ex-prefeito de Niquelândia, Luiz Teixeira (PSC), está de volta à cena política. Candidato a uma vaga de deputado estadual nas eleições de outubro, ele quer agora repetir o feito de 1994, quando conseguiu 12 mil votos e chegou à Assembleia Legislativa. Em 1996, porém, Luiz Teixeira chegou ao Poder Executivo, deixou o parlamento goiano e a cidade nunca mais teve representatividade no Palácio Alfredo Nasser. Nos quase oito anos em que governou Niquelândia, entre 1997 e meados de 2004, Luiz Teixeira alcançou grande popularidade na cidade. Delegado de Polícia em Anápolis desde 2005 e dono de um eleitorado cativo em terras niquelandenses, perdeu as eleições municipais de 2008, mas não se deixou abater. Na manhã da sexta-feira (23), Teixeira recebeu a reportagem do Diário do Norte em sua residência. Por cerca de uma hora, Luiz Teixeira defendeu maior representatividade do Norte de Goiás na Assembleia, apostou na reeleição da colega e atual deputada estadual Vanuza Valadares (PSC), de Porangatu; e na força de seu nome em Niquelândia e em Anápolis para vencer as eleições deste ano.

Di­á­rio do Nor­te – O se­nhor foi o úl­ti­mo de­pu­ta­do es­ta­du­al elei­to por Ni­que­lân­dia, nas elei­ções de 1994. A ci­da­de se res­sen­te da fal­ta des­sa re­pre­sen­ta­ti­vi­da­de?
Lu­iz Tei­xei­ra – Sim. Um par­la­men­tar na As­sem­bleia Le­gis­la­ti­va, que te­nha mai­or iden­ti­fi­ca­ção com sua gen­te, com seu po­vo, com sua re­gi­ão, é al­go ex­tre­ma­men­te po­si­ti­vo. Acre­di­to que o meu mo­men­to é bom e que va­mos vol­tar à As­sem­bleia. Mas pre­ci­sa­mos re­pen­sar o Nor­te do Es­ta­do co­mo um to­do. O Nor­te de Go­i­ás tem um po­ten­ci­al mui­to gran­de, tem um con­tin­gen­te elei­to­ral sig­ni­fi­ca­ti­vo, mas uma re­pre­sen­ta­ção ain­da mui­to pe­que­na na As­sem­bleia. O Nor­te pre­ci­sa se tor­nar uma re­gi­ão com ca­pa­ci­da­de ins­ta­la­da de bens, de ser­vi­ços, pa­ra ge­ra­ção de em­pre­go e ren­da. Se fi­zer­mos pe­lo me­nos 20% dos de­pu­ta­dos na As­sem­bleia, co­mo re­pre­sen­tan­tes do Nor­te, a re­gi­ão es­ta­ria to­tal­men­te mu­da­da pa­ra me­lhor.

DN – Na ava­li­a­ção do se­nhor, qua­is são as mai­o­res ca­rên­cias de Ni­que­lân­dia atu­al­men­te?
Lu­iz – Ni­que­lân­dia, quan­do eu fui de­pu­ta­do es­ta­du­al, ca­re­cia de obras de in­fra­es­tru­tu­ra de re­le­vân­cia mui­to gran­de. Tal co­mo o as­fal­ta­men­to da BR-414, ho­je pra­ti­ca­men­te con­cluí­do. Na­que­la épo­ca, em­bo­ra fos­se uma ro­do­via fe­de­ral, a con­clu­são era de­le­ga­da ao Es­ta­do; o as­fal­ta­men­to de Ni­que­lân­dia a Co­li­nas do Sul; a ele­tri­fi­ca­ção ru­ral, já que a ci­da­de ti­nha o me­nor nú­me­ro de pro­pri­e­da­des ru­ra­is ele­tri­fi­ca­das, con­se­gui­mos jun­to à Celg pa­ra que fos­se re­to­ma­do es­se tra­ba­lho. De­pois, co­mo pre­fei­to, Ni­que­lân­dia foi o pri­mei­ro mu­ni­cí­pio do Bra­sil em que se fez es­se tra­ba­lho a cus­to ze­ro pa­ra o pro­du­tor ru­ral, pe­los pro­gra­mas Luz na Ro­ça e Luz Pa­ra To­dos; a re­de de es­go­to pa­ra a ci­da­de, en­fim. Co­mo Fur­nas es­ta­va fa­zen­do um em­pre­en­di­men­to gran­de aqui na Re­gi­ão Nor­te (a Usi­na de Ser­ra da Me­sa) que afe­ta­va enor­me­men­te o mu­ni­cí­pio de Ni­que­lân­dia, fi­ze­mos ar­ti­cu­la­ções pa­ra que os de­je­tos sa­ni­tá­rios fos­sem tra­ta­dos, o que in­fe­liz­men­te, es­tá pa­ra­do até ago­ra. E nós, den­tro da As­sem­bleia, tra­ba­lha­mos in­can­sa­vel­men­te pa­ra vi­a­bi­li­zar es­sas obras. E con­se­gui­mos fa­zer com que as coi­sas saís­sem do pa­pel e se tor­nas­sem uma re­a­li­da­de.  De­pois, co­mo pre­fei­to (a par­tir de 1997) de­mos con­ti­nui­da­de às ar­ti­cu­la­ções e a obra da BR-414 se ini­ciou e ago­ra es­tá sen­do con­cluí­da. Tam­bém con­se­gui­mos fa­zer a in­clu­são do tre­cho Ni­que­lân­dia-Co­li­nas do Sul no tre­cho BIRD-3 (Ban­co In­ter­na­ci­o­nal pa­ra Re­cons­tru­ção e De­sen­vol­vi­men­to), que es­tá in­cluí­da nes­se pla­no de fi­nan­cia­men­to e po­de­rá ser con­cluí­da mais ra­pi­da­men­te. Se elei­to for, vou de­fen­der a re­to­ma­da da ele­tri­fi­ca­ção ru­ral, que ho­je es­tá pa­ra­da em Ni­que­lân­dia; a pa­vi­men­ta­ção de Ni­que­lân­dia a Al­to Pa­ra­í­so, pa­ra li­gar a ci­da­de com boa par­te do Cen­tro-Oes­te e Nor­des­te do Bra­sil, pas­san­do por Ni­que­lân­dia. Is­so vai ge­rar mui­tos em­pre­gos e ren­da pa­ra a nos­sa re­gi­ão. A pa­vi­men­ta­ção da ro­do­via en­tre Co­li­nas do Sul e Mi­na­çu, por exem­plo, tam­bém tra­ria be­ne­fi­ci­os pa­ra Ni­que­lân­dia.  Quan­do fui pre­fei­to, trou­xe o pó­lo da UEG pa­ra Ni­que­lân­dia, que ain­da não pos­sui pré­dio pró­prio.

DN – O seu par­ti­do, o PSC, de­ci­diu apo­i­ar a can­di­da­tu­ra de Van­der­lan Car­do­so (PR). O se­nhor já foi pre­fei­to de Ni­que­lân­dia pe­lo PMDB e têm for­te re­la­ção po­lí­ti­ca com Iris Re­zen­de, que tam­bém é can­di­da­to ao Go­ver­no de Go­i­ás. O se­nhor vai pe­dir vo­tos pa­ra Iris ou pa­ra Van­der­lan?
Lu­iz – Até mes­mo por exi­gên­cia da fi­de­li­da­de par­ti­dá­ria, e da­da nos­sa ma­nei­ra de agir, do nos­so jei­to de ser, não po­de­ria ser di­fe­ren­te: se o nos­so par­ti­do es­tá co­li­ga­do com Van­der­lan, te­rei de pe­dir vo­tos pa­ra Van­der­lan e fa­rei is­so com o mai­or en­tu­si­as­mo e de­ter­mi­na­ção. Dei­xan­do bem cla­ro que, em ne­nhum mo­men­to, va­mos fa­zer cam­pa­nha con­tra Iris Re­zen­de. On­de hou­ver vo­tos do Iris, nós não va­mos ten­tar des­vi­ar es­se vo­to (pa­ra Van­der­lan) em hi­pó­te­se al­gu­ma. O Iris é meu ami­go par­ti­cu­lar, é uma pes­soa que tem uma tra­je­tó­ria po­lí­ti­ca in­ve­já­vel no Es­ta­do in­tei­ro, é uma re­fe­rên­cia no Bra­sil pa­ra os go­i­a­nos, sem dú­vi­da ne­nhu­ma.

DN – Den­tro do PSC, a dis­pu­ta in­ter­na com a de­pu­ta­da Va­nu­za Va­la­da­res, não tor­na mais di­fí­cil a sua ten­ta­ti­va de vol­tar à As­sem­bleia?
Lu­iz – A exem­plo da Va­nu­za Va­la­da­res, den­tro da co­li­ga­ção PDT, PSC e PRP, te­mos can­di­da­tos com po­ten­ci­al de vo­tos mui­to gran­de. No en­tan­to, o meu no­me es­tá in­cluí­do en­tre os cin­co, seis de­pu­ta­dos com pos­si­bi­li­da­de de ser elei­to. Acre­di­to se­ri­a­men­te na vi­tó­ria da Va­nu­za, mas acre­di­ta­mos na nos­sa vi­tó­ria tam­bém. Por que? Va­nu­za tem uma ba­se ex­pres­si­va lá em Po­ran­ga­tu; eu aqui em Ni­que­lân­dia; e te­mos, os dois, uma vo­ta­ção mui­to boa fo­ra (dos do­mi­cí­li­os elei­to­ra­is de ori­gem). Mi­nha ba­se prin­ci­pal, ho­je, é em Ni­que­lân­dia, mas tam­bém te­nho uma ba­se mui­to boa em Aná­po­lis, on­de re­si­di por mui­tos anos e te­nho uma afi­ni­da­de mui­to boa com a po­pu­la­ção ana­po­li­na. Além dis­so, ape­sar de eu sa­ber que não exis­te a obri­ga­to­ri­e­da­de do vo­to dis­tri­tal, os elei­to­res vão dar aten­ção es­pe­ci­al aos can­di­da­tos do Nor­te de Go­i­ás. Te­rei vo­tos aqui em Ni­que­lân­dia; em Co­li­nas do Sul;  em Al­to Pa­ra­í­so; em São Jo­ão da Ali­an­ça; em Ca­val­can­te; em Mi­na­çu, em Cam­pi­na­çu; em Po­ran­ga­tu; em Uru­a­çu; em No­va Gló­ria; em Ce­res; em Ja­ra­guá; e em mui­tas ou­tras ci­da­des do Es­ta­do. Da ou­tra vez que fui can­di­da­to, quan­do ain­da não ti­nha meu no­me di­vul­ga­do po­li­ti­ca­men­te no Es­ta­do e nem o ser­vi­ço que pres­tei, eu era es­cri­vão de po­lí­cia. O es­cri­vão tra­ba­lha mui­to, mas apa­re­ce me­nos. Ago­ra, sou co­nhe­ci­do no Es­ta­do to­do co­mo bom de­pu­ta­do que fui, co­mo bom pre­fei­to que fui, co­mo bom de­le­ga­do da Po­lí­cia Ci­vil em to­das as ci­da­des on­de pas­sei.

DN – Co­mo é que o se­nhor ava­lia as crí­ti­cas de que, por ser de­le­ga­do de po­lí­cia em Aná­po­lis, apa­re­ce pou­co em Ni­que­lân­dia?
Lu­iz – As crí­ti­cas, na­tu­ral­men­te, ocor­rem nas pro­xi­mi­da­des das elei­ções. É na­tu­ral que nos­sos ad­ver­sá­rios, não en­con­tran­do al­gum ou­tro de­fei­to, cri­em coi­sas e fa­tos pa­ra ten­tar nos des­gas­tar. Eu sem­pre mo­rei em Ni­que­lân­dia, nas­ci nes­sa ci­da­de, pas­sei al­guns anos fo­ra en­quan­to es­ta­va es­tu­dan­do e, uma vez for­ma­do, re­tor­nei. Aqui eu vi­vo com a mi­nha fa­mí­lia, nu­ma ca­sa pró­pria, em en­de­re­ço fi­xo, on­de es­tou ten­do a hon­ra de re­ce­bê-lo. O úni­co car­ro que te­nho é em­pla­ca­do aqui em Ni­que­lân­dia. Ago­ra, eu sou fun­cio­ná­rio pú­bli­co do Es­ta­do. É do meu sa­lá­rio que eu vi­vo. Ven­ci­do meu man­da­to (em 2004), vol­tei às mi­nhas ati­vi­da­des co­mo de­le­ga­do e, pa­ra on­de as ci­da­des on­de me man­dam, eu te­nho de ir tra­ba­lhar, de se­gun­da à sex­ta. Mas, nos fi­nais de se­ma­na, sem­pre es­ti­ve aqui em Ni­que­lân­dia. To­dos que me co­nhe­cem sa­bem a se­ri­e­da­de com que con­du­zo o meu tra­ba­lho. Quan­do as­su­mo uma fun­ção, de­di­co-me de cor­po e al­ma. Por is­so é que o meu no­me em Ni­que­lân­dia é bom, ini­ci­al­men­te co­mo de­le­ga­do, de­pois co­mo vi­ce-pre­fei­to (en­tre 1988 e 1992, pe­lo PMDB, na cha­pa do en­tão pre­fei­to Fran­scis­co das Cha­gas Te­ó­fi­lo Rios), de­pois co­mo de­pu­ta­do; de­pois co­mo pre­fei­to por dois man­da­tos con­se­cu­ti­vos. Quan­do fui pa­ra Aná­po­lis, não foi di­fe­ren­te: tra­ba­lha­va, em mé­dia, de dez a do­ze ho­ras por dia. Por is­so é que o meu no­me é mui­to bom den­tro de Aná­po­lis, de um ho­mem ex­tre­ma­men­te tra­ba­lha­dor, ho­nes­to, sé­rio, du­ro com os ban­di­dos e mui­to fle­xí­vel, mui­to tra­tá­vel com as pes­so­as de bem.

DN – Ni­que­lân­dia re­gis­trou, em ape­nas seis mes­es des­te ano, on­ze as­sas­si­na­tos. O se­nhor vê de que for­ma es­sa on­da de vi­o­lên­cia?
Lu­iz – Mui­to pre­o­cu­pan­te. A ques­tão da Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca es­tar nes­sa si­tu­a­ção, qua­se alar­man­te aqui em Ni­que­lân­dia, mas não é di­fe­ren­te de mui­tas ou­tras ci­da­des. Que­ro ser uma voz fir­me, for­te e de­ter­mi­na­da na As­sem­bleia Le­gis­la­ti­va, no sen­ti­do de que os go­ver­nan­tes ve­jam a Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca co­mo pri­o­ri­da­de de go­ver­no 24 ho­ras por dia; e não ape­nas em pe­rí­o­do de elei­ção. Pre­ci­sa­mos ter os po­li­ci­ais com bons sa­lá­ri­os; con­di­ções dig­nas de tra­ba­lho; au­men­to do efe­ti­vo; e uma co­bran­ça dos go­ver­nan­tes pa­ra que os po­li­ci­ais tam­bém pos­sam ter a opor­tu­ni­da­de de es­ta­rem se re­qua­li­fi­can­do com mais fre­quên­cia, já que tu­do nes­te mun­do es­tá evo­lu­in­do de for­ma mui­to rá­pi­da.

DN – A Lei Seca em Ni­que­lân­dia foi um pa­li­a­ti­vo in­te­res­san­te pa­ra co­i­bir a vi­o­lên­cia en­quan­to es­te­ve em vi­gor por de­ter­mi­na­ção do Po­der Ju­di­ci­á­rio?
Lu­iz – A Lei Se­ca foi po­si­ti­va, sim. Não res­tam dú­vi­das dis­so. Po­rém, en­ten­do que es­sas si­tu­a­ções pa­li­a­ti­vas pre­ci­sam ser dis­cu­ti­das com mais pro­fun­di­da­de. O pro­ble­ma da Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca pre­ci­sa ser dis­cu­ti­do com mais pro­fun­di­da­de, no to­do de sua com­ple­xi­da­de. A Lei Se­ca fun­cio­nou, mas por um me­ro ca­pri­cho po­lí­ti­co das au­to­ri­da­des à épo­ca, na­que­le de­sen­ten­di­men­to com o Ju­di­ci­á­rio, fez com que a "lei" fos­se ex­tin­ta. Mas quem ho­je pa­ga es­se pre­ço, mui­to al­to, é a po­pu­la­ção. A Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca não re­sol­ve ape­nas com leis. Leis nós te­mos mui­tas, mas pre­ci­sa­mos sim de po­li­cias tra­ba­lhan­do pre­ven­ti­va­men­te e de for­ma po­si­ti­va.

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