Publicado em 23 Junho 2013
Euclides Oliveira
Carlos Português

Retirada dos corpos só foi possível depois que os Bombeiros cortaram as ferragens do Gol
O operador de painel Reinaldo Campelo de Miranda, de 33 anos; e sua mulher Ana Carla Rodrigues da Silva, de 28 anos; morreram carbonizados em gravíssimo acidente ocorrido por volta das 21 horas do sábado (22) na Rodovia da Fé (GO-237), na região da Placa do Mosquito, em direção do Povoado do Muquém, em Niquelândia. De acordo com a ocorrência apresentada pela base da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) em Uruaçu à Delegacia da Polícia Civil de Niquelândia às 6h30 do domingo (23), o casal seguia pela referida rodovia num Gol, ano 1997, cor branca (placa KDB-1394, de Niquelândia) quando o veículo em que estavam foi atingido violentamente pela caminhonete Chevrolet D-20, ano 1997, cor vermelha (placa KBU-2992, também de Niquelândia) que era dirigida pelo lavrador Josuel Macedo da Rocha, de 47 anos. Com o forte impacto da colisão frontal, ambos os veículos pegaram fogo e o casal morreu na hora, sem qualquer possibilidade de socorro. A 8ª Companhia Independente Bombeiro Militar (8ª CIBM) de Niquelândia chegou rapidamente ao local para debelar as chamas e preservar o local do acidente – bem como espantar os curiosos, que passavam pela estrada - com o apoio da 4ª Companhia Destacada da Polícia Militar (4ª CDPM) e da Polícia Civil, até a chegada dos militares da PRE; e dos peritos do Núcleo de Polícia Técnico-Científica (NTPC); e do Instituto Médico Legal (IML), ambos de Uruaçu.
O trânsito na Rodovia da Fé ficou bloqueado nos dois sentidos por cerca de uma hora, para que a cena do acidente pudesse ser adequadamente isolada. A rodovia foi liberada algum tempo depois, com trânsito em apenas meia-pista. A reportagem do DN esteve no local durante quatro horas – até 1h30 do domingo (23) – quando o IML retirou os restos mortais do casal do interior do veículo, depois que os peritos liberaram o Corpo de Bombeiros de Niquelândia para o difícil trabalho de cortar as ferragens do Gol, feito com auxílio de um alicate hidráulico. Em caráter preliminar, o NPTC de Uruaçu informou ao DN que o motorista da D-20 perdeu o controle da direção e invadiu a faixa contrária, causando o terrível acidente. Josuel conseguiu pular da caminhonete antes do incêndio – que consumiu apenas a parte dianteira do veículo - escapando da morte com fratura na clavícula.
Ele foi socorrido ao Hospital Municipal Santa Efigênia em Niquelândia, onde o médico-legista Bonfinho Ribeiro Sobrinho, do IML de Uruaçu, atestou que o mesmo estava completamente embriagado após coleta de sangue para exames toxicológico e de alcoolemia. Dessa forma, a Polícia Civil poderá saber com exatidão, posteriormente, qual o nível de álcool que o lavrador tinha no organismo quando pegou o volante da D-20, no sentido Muquém-Niquelândia. A PRE, por seu turno, constatou que Josuel também não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
De posse dessas informações, o delegado-titular da 10ª Delegacia Regional da Polícia Civil em Uruaçu (10ª DRP), Natalício Cardoso da Silva – que estava de plantão em Niquelândia no último final de semana - autuou o lavrador em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar); embriaguez ao volante; e falta de CNH. De acordo com a autoridade policial, se condenado pela Justiça, Josuel poderá pegar até oito anos de prisão na somatória das penas, se for condenado pelos três crimes. O inquérito policial, todavia, será relatado pelo delegado-titular Manoel Leandro da Silva. A autoridade policial, segundo Natalício, poderá mudar o enquadramento do homicídio de culposo para doloso (quando há intenção de matar) se entender posteriormente que Josuel sabia dos riscos que poderia causar ao dirigir bêbado e sem CNH.
Na tarde do domingo (23), depois de tomar o depoimento do motorista da D-20, Natalício ordenou o recolhimento dele ao Centro de Inserção Social (CIS) de Niquelândia, a cadeia da cidade, onde o mesmo aguardará pronunciamento da Justiça. O motorista da D-20 só poderá responder ao processo em liberdade por decisão judicial. Apesar dos corpos terem sido liberados para sepultamento ainda na tarde do domingo, a identificação formal do casal morto no acidente só será possível porque o filho de ambos – um garoto de nove anos – esteve no IML de Uruaçu para a coleta de material genético para um exame de DNA. No DP de Niquelândia, o DN falou rapidamente com Joaquim Rodrigues, de 56 anos, pai de Ana Carla. A jovem trabalhava no refeitório da Votorantim Metais. Seu marido também era funcionário da mineradora, no Acampamento Macedo.
“Soube que havia ocorrido um acidente na estrada do Muquém às 9h30 quando eu estava na Feira Coberta, mas fui saber depois que era com a minha filha e o meu genro”, disse Joaquim, bastante abalado com a tragédia. Segundo o pai, Ana Carla também era mãe de uma garota de 12 anos, fruto de seu primeiro casamento. Os corpos serão sepultados na manhã desta segunda-feira (24), em Niquelândia. Por incrível coincidência do destino, as vítimas e o causador da tragédia moravam no mesmo bairro da cidade, na terceira etapa do Jardim Atlântico. O Gol do casal ficou irreconhecível: a identificação da placa e do proprietário pela Polícia Técnica foi possível apenas pela leitura do número do chassi no motor - também com apoio dos Bombeiros de Niquelândia – quando a PRE e a Polícia Civil descobriram que o carro estava em nome de Reinaldo.