Árvore da Vida

Saúdo-te, árvore, amiga e bondosa, verde, verdejante e frondosa. Mangueira opulenta ou tantas outras, potentas. Saúdo-vos pelo seu dia: 21 de setembro, que, de memória sempre relembro, do sol, o mais causticante tormento; todavia tu, rendendo loas, ao poeta, do "verde que te quero sempre verde,": permanece soberba, na sua verdura benfazeja, colhendo o gás sujo da atmosfera, carbonizado pelos próprios terráqueos: respiração, combustão motora, queimadas, toda sorte de poluição feitora, praticada pelo tenebroso – hommo, hommini, lupus – e, liberando, através da fotossíntese, ou, assimilação clorofiliana, mais bela função da natureza, o saudável oxigênio, sem o qual, pereceria. Persiste, no entanto, esse execrável predador, a queimar, em vez de outras tantas mudas plantar. Saúdo-te, árvore faceira, que o sol afaga e beija, sua fronte purpureja; pelo seu dia memorável; memorável, pela sua bondade inesgotável em encher a atmosfera com o colossal oxigênio; aquecer, com seu lenho, as noites frias; ofertar frutos viçosos; mais, muito mais, flores deslumbrantes de olores cativantes que, a ira amortece, nos dias de agonia. Ah! Também, o mel que labora as briosas abelhas, suavizando o fel das agruras, com os favos das doçuras; enfim, dos frutos, flores, folhas e casca dura a alimentar a farmacopéia que cura. Saúdo-te, pelos milhões de seres, que tu, mesmo ameaçada, acuada pelos predadores, abriga em teu seio virginal, perenizando o seu viver. Por fim, tu terráqueo irreverente, na imensidão de um calendário vertente, de 365 dias, reservaste, apenas um, à devotada amiga, árvore, e, neste um, tão pouco há para ela homenagem, em troca do ar puro que em todo tempo te dá. Desse modo, em meio a tanta bramura, desencadeada, por vendavais, a gente culta de cultura bem que poderia, junto a alta legislatura, propugnar pela oficiatura de jardins botânicos, em todos os municípios, onde, anualmente, no mês, semana, dia nominado: crianças, jovens e adultos, cultuassem seu soberbo significado, plantando, miríade delas, cantando em prosa e verso, a sua importância para a sobrevivência da humanidade, no universo.