Publicado em 17 Janeiro 2016
Anderson Alcântara é jornalista
Romualdo é um amigo que entende tudo de marcenaria. Nas horas de folga entende tudo de Brasil. Mais precisamente, entende tudo de política brasileira. Assim como o ex-presidente Lula, em seu início de governo, Romualdo tem soluções e respostas simples para todos os problemas que nos afligem.
Em tempos de debate sobre o que é melhor para o Brasil: ficar com Dilma ou ficar sem Dilma, ficar com Cunha ou ficar sem Cunha, mil maneiras de debelar a crise econômica, sugiro que os especialistas consultem o Facebook de Romualdo. Há respostas para essas e outras questões, como aquecimento global, Estado Islâmico, lama de Mariana e frigidez do futebol brasileiro.
Para Romualdo todo político é ladrão. Para ele, o grande problema do Brasil é que os políticos são uma classe corrupta. Receio perguntar-lhe qual a fórmula para resolver esta mazela. O interessante é que Romualdo integra um time grande de pessoas que comungam desta tese.
Não pretendo aqui advogar por Lula, Cunha, Calheiros, Sarney, Dirceu e outros mitos da política nacional. Não tenho o intento de colocar a minha mão no forno por nenhum deles. Só que o debate sobre os vícios da corrupção é muito mais amplo e não é um câncer localizado apenas nos plenários dos parlamentos ou nos gabinetes executivos.
A corrupção no Brasil tem raízes históricas. Fomos forjados sob um regime de privilégios para uma determinada classe. Desde nossos antepassados, fomos ensinados a não ver qualquer diferença entre o público e o privado. Não se varre a corrupção assim do mapa nacional tão fácil.
Romualdo, assim como parte gigante da população, acredita que a corrupção é privilégio da classe política. Acontece que os políticos não vêm de Marte ou são gerados em árvores. Se o Brasil é um dos países mais corruptos do mundo significa que o povo brasileiro é um dos mais corruptos do mundo. Os políticos nada mais são do que uma fatia da população.
A corrupção à granel é onipresente na vida do brasileiro. Ela frequenta as paróquias, os templos protestantes, os veículos de comunicação, as instituições de ensino, o esporte, o comércio, a atividade industrial, enfim, tudo que se move. A mesma língua que acusa o deputado de se beneficiar do Petrolão se recolhe dentro da boca quando se corrompe por algumas moedas, emprego na empresa pública ou alguma bolsa-benefício. É incoerente cobrar atitude ética do seu senador se a pessoa vende o seu voto. O mesmo vale para quem frauda um leão por mês, suborna o guarda de trânsito ou cola na prova de matemática.
Mas Romualdo não se conforma e se revolta. Faz protestos, acha que desse jeito o Brasil não vai pra frente, que o povo sempre sai perdendo. Que o povo é a vítima e a classe política é o vilão, o grande demônio. Desta forma Romualdo consegue seu ponto de equilíbrio dentro do universo e dorme feliz, convicto de que um dia as coisas irão melhorar, um dia ele vai chegar lá.
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