Hoje é o dia do professor?
Publicado em 21 Outubro 2007
A educação é o agente de transformação dos homens e da sociedade. Essas mudanças ocorrem de várias formas, mas principalmente através do agente mediador/orientador na instituição escolar, que busca fazer daqueles "pequenos peraltas" cidadãos críticos, conscientes e bem-sucedidos. Homenagear estes profissionais de suma relevância para a sociedade moderna e reconhecer o valor de professores dedicados, que se aprimoram, que se preparam e se empenham no seu trabalho com competência e abnegação, para seu dia-a-dia cuja missão é ensinar! Transformar! Ser mestre! Nada mais justo aos professores! Na verdade, a grande recompensa, do professor é reencontrar-se com um de seus ex-alunos: Dr. Geraldo, Dr. Fernando, Drª. Nubiana, Drª. Vanessa, Drª. Flávia, Dr. Ulisses, Dr. Weber, Dr. Jean, Dr. Edimilson e tantos outros profissionais de sucesso! Pra nós, é a glória. Nos sentimos por alguns instantes "poderosos"! Pois sabemos que ali tem um pouquinho de nosso amor e um pedacinho do nosso coração!
Somos conscientes da importância do nosso trabalho. Porém, hoje, os professores da rede municipal de Niquelândia não têm muito que comemorar, ou quase nada. Somos mais de 90% graduados e mais de 50% pós-graduados; sabemos que enfrentar a faculdade não é fácil; pagar um curso de pós-graduação é um sufoco, porque o salário dos educadores municipais é vergonhoso. Se o salário base do professor estadual com 40 horas/semanais é R$ 1.084,00, o salário base do mesmo professor da Prefeitura de Niquelândia com a mesma carga horária semanal é R$ 754,00. E perspectiva de reajuste, nem se fala. Os 10% que recebemos no início do ano foi insignificante diante da nossa atual situação.
Sabemos que é bom o professor fazer cursos e participar de treinamentos. Trazer palestrantes renomados é muito bom, mas estes cobram uma fortuna para vir aqui. Nós, professores, precisamos ser valorizados como uma remuneração digna, justa e decente, embora seja uma profissão que para exercê-la precisa-se de muito amor. Mas amor não paga a conta de água, de luz, aluguel, roupas, calçados, entre outros. Precisamos de salários à altura da nossa competência; grau de escolaridade; importância que temos como alicerce de todas as outras profissões; e para que nossa auto-estima esteja contribuindo para melhor desempenhar o trabalho na sala de aula. Mas a reforma do regimento interno da Educação de Niquelândia não sai do papel.
É necessário que a administração municipal nos dê condições de receber nossos alunos com dignidade. Não basta apenas quadro e giz. Torna-se hoje prioridade, também, modernizar nossas escolas com bibliotecas decentes; materiais pedagógicos; e laboratório de informática com novos computadores ligados a internet. Nas escolas municipais nenhum computador funciona: estão todos sucateados e amontoados à espera do ferro-velho. Os alunos merecem e têm direito à educação de qualidade. Tendo nosso município uma das maiores arrecadações de Goiás – em torno de 5 milhões por mês – não é justo estarmos à mercê de picuinhas e politicagens de quem hoje ocupa cargo público.
Merecemos respeito, pois até para receber o parco vencimento mensal, somos obrigados a ficarmos expostos por longas horas numa fila como calor de até 40º graus, na rua. Mesmo assim, estamos todos de parabéns! Não pelo reconhecimento do Poder Público, mas pela nossa garra e compromisso que assumimos com os nossos alunos. Somos guerreiras. Nosso desejo é que nossos alunos saibam, no futuro próximo, fazer melhores escolhas políticas; e que nós, professores, possamos abraçar outros ex-alunos vestidos de branco nos hospitais; de paletó e gravata no Fórum; e outros cidadãos bem-sucedidos, que por nós passaram na escola. Depois de trinta anos exercendo esta honrosa profissão, ainda sou sonhadora. Sendo agentes de transformação, somos formadores de opinião. Desistir nunca, persistir sempre. Um dia as coisas têm que mudar! Aí sim, poderemos nosso dia, festejar!
Maria Jovelina de Lima Cerqueira, pedagoga e pós-graduada em Planejamento Educacional, é professora da rede estadual e municipal e ex-diretora do Colégio Estadual Professor Joaquim Francisco Santiago, em Niquelândia