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OPINIÃO

Educação: crise e oportunidades

Ex-senador Wilder Morais avalia cenário na educação em tempos de pandemia pela Covid-19


Publicado em 09 Julho 2020

Wilder Morais, ex-senador da República

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Divulgação
Ex-senador Wilder Morais opina sobre educação em tempos de pandemia (foto feita antes da pandemia)
Ex-senador Wilder Morais opina sobre educação em tempos de pandemia (foto feita antes da pandemia)

O grande desafio que a pandemia da COVID-19 trouxe à sociedade, além das questões referentes à saúde e economia, é a educação. Segundo pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), são mais de 1,5 bilhão de estudantes afetados pela paralisação das aulas e fechamento temporário de escolas em 191 países e regiões e, destes, 53% não contam com um computador em casa, enquanto 43% do total de alunos não têm nem o acesso à internet.

Temos uma nova realidade imposta e devemos entender o que os setores público e privado podem estabelecer, tanto em conteúdo como em formato. E também devemos encarar este período como oportunidade para rediscutirmos a Educação, possibilitando acesso e qualidade a todos os jovens e não somente a uma casta de nossa sociedade.

Nasci na cidade de Taquaral, interior de Goiás, que tem uma população menor do que quatro mil habitantes. Desde criança tive como objetivo me formar em Engenharia, o que era um desafio, devido a educação oferecida na minha cidade e pelas condições financeiras da minha casa, cuja renda era escassa. O que minha mãe ganhava como costureira e meu pai como taxista era pouco e não dava para bancar os meus estudos e de meus irmãos na Capital. Acabei tendo que ir trabalhar em Goiânia, dividindo o tempo com os estudos. Por meio de um programa de Governo, o Crédito Educativo (hoje Fies), consegui a graduação em Engenharia Civil.

Tive a oportunidade, como senador da República, de retribuir à Educação, especialmente a do nosso Estado, ganhando inclusive o digno apelido de Senador dos Livros, já que viabilizei a distribuição de mais de 1,2 milhão de livros nas áreas de Administração, Direito e Contabilidade. E na época que podíamos aglomerar... ministrei palestras como A senha é determinação e fizemos o maior lançamento de livros em Goiás, com a presença de mais de 1.200 pessoas.

Nosso trabalho viabilizou duas novas Universidades Federais no Estado, nas cidades de Jataí e Catalão. Durante anos esses dois projetos estavam no papel. Articulamos junto ao Ministério da Educação até que se confirmasse a criação dos dois novos campus para Goiás, ajudando na regionalização da Educação no Estado. Fui autor da lei de doação de recursos para as universidades, legislação que permite empresas e pessoas físicas a fazer doações para as universidades para atender projetos específicos, em que o doador escolhe o projeto que ele quer financiar, como, por exemplo, para o desenvolvimento de uma vacina para a COVID-19. Nesse caso o dinheiro só pode ser utilizado nessa pesquisa. Antes o recurso caía no orçamento geral da universidade e nem sempre era utilizado no fim para o qual foi destinado.

Conseguimos, ainda, incremento nos recursos do FIES, quando fui relator do Orçamento da União dentro do Senado Federal (fui relator da Medida Provisória 626/2013, que abriu crédito extraordinário de R$ 2,53 bilhões para o Fundo). Também no Senado consegui aumentar os recursos do Fundeb em R$ 2 bilhões. Hoje estamos presenciando uma revolução tecnológica na Educação, com o aproveitamento de aprendizagem remota, como transmissão de aulas e conteúdos via televisão e rádio, utilização de vídeo-aulas gravadas e ao vivo em redes sociais, envio de conteúdos digitais e disponibilização de plataformas de ensino online.

Este momento de crise nos traz aprendizados, com destaque para a necessidade de incorporar tecnologia no dia a dia das escolas, possibilitando a sua utilização em casos de emergência como o atual e, ainda, como oportunidade de regionalizar a Educação, atendendo os alunos onde quer que estejam. Assim como defendo o fim da progressão continuada na educação, que desde sua implantação não houve melhoria no nível educacional, que traz como regra que a escola passasse o aluno para a série seguinte de qualquer maneira, é fundamental o uso de tecnologia como regra, tornando mais acessível e com uso de programa capaz de dar acessibilidade à internet.

O mundo online deve ser mais acessível tanto para professores, como para os alunos. A escola pública principalmente, deve ser uma escola conectada não só no sentido da internet, mas ser um local que saiba usar tecnologia, que tenha infraestrutura adequada, com professores capacitados com habilidades e competências digitais desenvolvidas e um conjunto de recursos educacionais digitais que são complementares às aulas presenciais.

A tecnologia pode minimizar a iminente evasão escolar e permitir que todos os jovens possam ter acesso à Educação de qualidade, fundamental para o desenvolvimento do nosso Estado. Isto deve estar alinhado com o fácil acesso aos programas de financiamento escolar, como no meu caso, com a melhoria da grade curricular e com a valorização dos profissionais da área educacional.

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