Publicado em 06 Dezembro 2020
Primavera, 2020 Delermando Vieira, escritor, jornalista, poeta e professor
A prosa de Edvaldo Nepomuceno se edifica de uma maneira simples, porém, geniosa em termos de criação, quanto a fatos e natureza regionais, sem, contudo, deixar de ser, ou conter, no seu íntimo, os enleios e pragmatismos do universal. Com esmero, sem qualquer tropeço de ideia, ele tece seus fios de enredo que, quase sempre, se moldam ao fito do mistério e seus liames, bem como imagéticas, suspenses e finais alusivos à introspecção do ser, causando ao leitor uma sensação impactante, algo que, fatalmente, permanece sedimentadoem sua memória. Sem dúvida, podemos dizer e explicitar que este autor, dentro de sua habilidadede narrar, se conduz, se faz, ao contexto do estranhamento, que é fato à realidade de hoje,em termos de grande literatura, já que grandes autores de agora, sobretudo aqueles de maior sucesso, se viabilizam por aí, uma vez que a própria humanidade está exausta de fatos e coisas comuns. Dentro de seu regionalismo que, assim,podemos dizer, untado de caracteres, aspectos e sentimentos universais,Edvaldo Nepumoceno segue erigindo seus contos com habilidade, transparência e eficácia de quem conhece, verdadeiramente, os caminhos de uma boa narrativa. Escritor maduro que é, este contista sabe como agradar ao leitor, pois se viabiliza de técnica concisa, translúcida e veemente. Seus contos trazem em si algo tão concernente e verdadeiro, ao esboço e sentido das singelezas do sertão. Conhecedor profundo da vida no sertão, Edvaldo sabe, como ninguém, os entremeios, como, também, as agruras e vicissitudes das gentes do ermo, das mais escandidas regiões terrenas. Podemos, enfim, asseverar que este autor possui em si, no orbe de sua sapiência autêntica, o fôlego narrativo dos notáveis contistas regionais destas terras goanas, como, por exemplo, Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Elis e Carmo Bernardes, esse último ganhador do prêmio Casa de las Américas, em Cuba, espécie, assim, de Nobel das Américas. Sendo ele um autor regionalista como realmente o é, nãopoderia deixar de erguer, arquitetar, sobretudo, seus contos senão em caminhos do sertão - e isso ele o faz com maestria. Seus contos, construídos em poucas páginas, explicitam em si, em suas linhas, fatos, imagéticas e diálogos, tão inerentes às raízes sertanejas. Todavia, não deixam de espelhar em suas nuances os laivos dos sentimentos como, ainda, dos enigmas e mistérios das gentesdo campo, das matas e ribeirinhas, propriedades essas tão intrínsecas à natureza humana. Portanto, é ele um autor também universal.
Embora arraigado às raízes do sertão, podemos, enfim, sustentar que ele, tão de repente, venha embrenhar-se,com afinco, pelas veredas do escabroso,já que - como se pode perceber - suas histórias estão impregnadas de matizes estranhos.
Considerando o conteúdo de suas narrativas, percebemos que Edvaldo embrenha-se, também,pelos gestos e cenas do emocional, as vezes pueril, às vezes execrável, estabelecendo em suas histórias uma dualidade entre o trágico assombroso e o liame da meiguice (vide, por exemplo, o conto Fantasma da Casa Branca, como, ainda, o conto Pé de Nuvem e outros mais).
Sem ater-se ao imaginário frágil, ausente de qualquer fator de assombro, ou mistério, capaz de não sensibilizar o leitor, este contista traz em seu podercriativoa sustentabilidade da ficção, em termos de apreensão à leitura, todo aquele que, de certo modo, aprecia a relevância de uma história repleta de momentos intrigantes, trágicos e, ao mesmo tempo, anchos de imagens concernentes aos campos, à sublime Natureza. Como podemos observar, em seus contos sempre há a descrição de paisagens airosas, sublimes,fartas de flores, arbustos e veredas verdejantes, cheirando à terra molhada, coisas da Terra, deste Mundo de Deus e dodiabo.
Se Buffon disse: O estilo é o Homem, dizemos, então, que o assombroso, o tocante emocional e suas tragédias no campo, no eito, nas matas e nas veredas, são este autor, ou seja, Edvaldo Nepomuceno.
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