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NIQUELÂNDIA

Ex-pastor acusado de violentar esposa

Além das agressões, Valmir Francisco mantinha a mulher, mãe das suas quatro filhas, em situação de cárcere privado


Publicado em 11 Maio 2013

Euclides Oliveira

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POLÍCIA CIVIL
Mulher foi violentamente agredida por ex-pastor evangélico em Niquelândia: agressões que assustam
Mulher foi violentamente agredida por ex-pastor evangélico em Niquelândia: agressões que assustam

O pensionista e ex-pastor evangélico Valmir Francisco Pereira, de 46 anos, foi preso e autuado em flagrante no final da tarde da terça-feira (7) pelo delegado Manoel Leandro da Silva, titular da Delegacia da Polícia Civil em Niquelândia. Ele foi indiciado pelos crimes de tortura, cárcere privado e estupro e poderá pegar mais de 20 anos de cadeia - na somatória das penas, com base na Lei Maria da Penha - se condenado pela Justiça pelas violentas agressões praticadas contra sua esposa no imóvel onde residiam na Praça Treze de Maio, no Setor Santa Efigênia. Membro da Igreja Assembleia de Deus/Missão, na região central do município, Valmir atuou como pastor evangélico em Niquelândia entre 2007 e 2011 quando sofreu um acidente vascular cerebral, segundo o pastor-presidente da igreja, Sérgio Luiz dos Santos. O derrame impossibilitava Valmir de pregar a Palavra de Deus com a mesma desenvoltura que fazia antes da doença, mas não o impedia de surrar a mulher constantemente.

A vítima é uma dona de casa de 34 anos, cuja identidade foi mantida em total sigilo pelo delegado. As marcas e o tom arroxeado dos hematomas nas costas e na região dos seios da vítima - documentadas em fotos durante exame de corpo de delito feito pelo Instituto Médico Legal (IML) em Uruaçu - atestam a brutalidade das agressões sofridas pela mulher. No impressionante relato ao delegado de Niquelândia, a vítima contou que era casada com Valmir há 18 anos. Do matrimônio nasceram quatro filhas, ainda menores de idade. A união, segundo ela, sempre foi tranquila. Porém, as brigas entre o casal se iniciaram há seis anos quando a vítima descobriu que o marido tinha um relacionamento amoroso com a secretária da congregação da igreja que ele dirigia em Campinaçu, cidade onde viviam à época.  

Desde que o casal mudou-se para Niquelândia, há seis anos, a mulher passou a ser submetida a uma série de agressões físicas e psicológicas. Porém, numa incansável tentativa de manter a união da família, ela nunca denunciou o marido e nem mesmo contava, aos familiares, as agressões que sofreu ao longo dos últimos anos. Bastante depressiva e já dependente de remédios de uso controlado, a mulher procurou o DP de Niquelândia depois do último espancamento, ocorrido na madrugada do sábado (4). Nesse dia, ainda de acordo com o relato da mulher à autoridade policial, o ex-pastor disse que encerraria a sequência de agressões, ameaçando-a de morte e dizendo que jogaria seu corpo no leito do Rio Bacalhau. Ainda naquele sábado, ela foi violentamente agredida com vários golpes de um pedaço de madeira - um cabo de rodo, segundo o delegado - causando-lhe grande extensão de hematomas. 

Durante a agressão, Valmir chegou a dizer que estava batendo na vítima "para ela aprender a respeitar a autoridade dele" e não deixava a esposa chorar, para não acordar as crianças. Fora isso, dando sequência à tortura psicológica, o ex-pastor disse para a esposa que se ele deixasse a residência do casal que a mulher e as quatro filhas passariam fome. Fora isso, na visão deturpada do agressor, as filhas do casal ainda seriam alvos fáceis e ficariam "embuchadas", ou seja, de ficariam grávidas. Se já não bastasse tanta crueldade, a mulher fez uma revelação ainda mais chocante ao delegado de Niquelândia: numa madrugada do final de março - enquanto a vítima dormia - o pastor usou de força física para tirar a calcinha da esposa e praticar sexo anal com a mulher.

Segundo a vítima, ele consumou o ato sexual com tamanha violência que ela sofreu ferimentos no ânus, impedindo-a de evacuar por cerca de 40 dias. O médico-legista do IML de Uruaçu, Bonfinho Ribeiro Sobrinho, também atestou a gravidade dessas lesões. Segundo o delegado, os crimes de tortura e estupro são inafiançáveis e, por conta disso, o pastor foi recolhido ao Centro de Inserção Social (CIS) no Setor Santa Efigênia e só poderá responder ao processo em liberdade por eventual decisão do Poder Judiciário de Niquelândia. 

PERITO DO IML FICOU CHOCADO

"Diante desse quadro, atestado pelo exame feito pelo legista no IML, nós (a Polícia Civil) encontramos elementos suficientes para a autuação em flagrante do acusado (Valmir). No meu entendimento, essa situação mais grave - que ocorreu agora - impediu inclusive que ela fosse morta com seu corpo boiando no rio, eventualmente. O doutor Bonfinho, que já lidou com casos de extrema gravidade, ficou chocado com a intensidade do sofrimento físico e mental que a vítima foi submetida", comentou o delegado Manoel Leandro da Silva. Segundo ele, cada caso de violência doméstica reúne particularidades distintas. Para a autoridade policial, o ideal seria Niquelândia contar com uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Por ser comandada por uma delegada com um corpo de funcionários especializados - como psicóloga e assistente social - isso facilitaria a comunicação e o acompanhamento com as vítimas e suas respectivas famílias. "Mesmo assim, enquanto não somos agraciados com a Deam, temos totais condições de atender essas ocorrências. Por isso, pedimos o auxílio da comunidade para que vizinhos ou pessoas próximas às mulheres agredidas denunciem casos do tipo, caso percebam alguma anormalidade", completou o delegado de Niquelândia.

 

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