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COLINAS DO SUL

Caçada da Rainha completa 60 anos

Evento que mistura religião e cultura é parte do calendário oficial da Chapada dos Veadeiros e do Norte Goiano


Publicado em 21 Julho 2012

Euclides Oliveira

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fotos: Euclides Oliveira
Batuqueiras a caráter deram o tom da festa popular em Colinas do Sul: evento completou 60 anos
Batuqueiras a caráter deram o tom da festa popular em Colinas do Sul: evento completou 60 anos

Colinas do Sul recebeu grande número de visitantes de Niquelândia, Goiânia, Brasília (DF) e de vários municípios do Nordeste do Estado entre a noite de sexta-feira (13) e a manhã de segunda-feira (16) por ocasião da 60ª Festa da Caçada da Rainha. Além do respaldo do Governo de Goiás, o evento também recebeu apoio dos poderes Executivo e Legislativo da cidade de 4 mil habitantes banhada pelo Lago Serra da Mesa, também conhecida por suas inúmeras cachoeiras e belezas naturais e por sua proximidade com a Chapada dos Veadeiros. Nem mesmo a dificuldade para se chegar ao município - um dos únicos de Goiás que ainda não conta com nenhum acesso por rodovia asfaltada - foi capaz de atrapalhar a festa, que superlotou hotéis e pousadas colinenses, a exemplo dos anos anteriores. Realizada a partir de 1952 no Povoado de Lages (que sediou o festejo até a emancipação político-administrativa de Colinas, há 23 anos) a Festa da Caçada da Rainha completa seis décadas de existência e consolida o potencial turístico da cidade nas regiões Norte e Nordeste de Goiás, auxiliando também na propagação do nome do município em todo o Estado.
 Os festejos, todavia, começaram bem antes com as Alvoradas do "Giro de Baixo" (na terça-feira/3) e do "Giro de Cima" (na quarta-feira/4). A partir da quinta-feira (5), os Festeiros do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora do Rosário percorreram - sempre a cavalo - diversas fazendas da cidade por trajetos distintos. Foram nove pousos diários em diferentes propriedades rurais para marcar a parte religiosa da festa. Os dois grupos encontraram-se no início da noite de sábado (14) para o chamado Arremate da Folia na missa celebrada pelo padre Edimar de Araújo Souza, atual pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, subordinada à Diocese de Formosa. Na tarde do domingo (15), a tradicional festa se iniciou às 13 horas com a Missa do Imperador. Neste ano, a figura do Imperador do Divino foi representada pelo professor Maerle Corino, atual secretário de Finanças de Colinas do Sul. À tarde, o Batuque da Rainha garantiu bastante animação até o início da noite com a chegada da "rainha" Camila Coelho (trazida pelos cavaleiros do seu esconderijo) e do "rei" Cristiano Passos.
"Lá vem o rei e a rainha. O rei é seu, a rainha é minha", cantavam e dançavam os festeiros e as batuqueiras (equilibrando garrafas na cabeça) sem parar por um único minuto sequer. Um excelente público, formado em sua maioria por jovens, dançava animadamente no salão de festas da igreja.  Um dos responsáveis por puxar o coro da divertida música é o atual diretor de Cultura da Prefeitura de Colinas do Sul, José Nilo de Almeida Passos. Segundo ele, a Caçada da Rainha resgata a história da Princesa Izabel. Seu pai  - o imperador Dom Pedro I - viajou para Portugal e deixou a princesa em seu lugar, que aproveitou para realizar um grande sonho: assinou a "Lei Áurea", libertando os negros da escravidão em 13 de maio de 1888. Com medo de ser castigada pelo pai, a princesa se escondeu na mata com seus cavaleiros. Os homens da corte, então, iniciaram a "caçada da rainha". Porém, Dom Pedro I aprovou a atitude da filha-princesa em assinar a lei; e tudo terminou em festa quando Izabel foi encontrada, originando assim a tradição de 60 anos em Colinas do Sul. 
"Ela (a princesa) sofreu muita pressão dos europeus. Caso ela não libertasse os escravos, os países deixariam de comprar os produtos do Brasil. Por outro lado, os grandes plantadores de cana-de-açúcar e de café diziam que deixariam de exportar caso acabasse a escravidão, que era a principal mão-de-obra brasileira. Mas a princesa, motivada por seu lado emocional e humano, assinou a Lei Áurea. Por isso que o nosso batuque tem hora de começar, mas nunca tem hora de parar. De 1952 para cá, a festa só cresceu e nossa preocupação hoje é manter e melhorar o evento. Para 2013, nós já temos sete candidatas à vaga de rainha e dois candidatos ao título de rei. A Caçada da Rainha também promove um reencontro entre parentes, dos colinenses que aqui habitam com os que foram morar em outras localidades; e é também um grande encontro da nossa população em geral", comentou o diretor de Cultura, no início da noite do domingo (15) quando a festa atingiu seu ápice.
A 4ª Companhia Destacada da Polícia Militar (PM) de Niquelândia (através do tenente Pedro Rodrigues dos Santos Júnior) enviou duas viaturas (e quatro policiais extras) da corporação para reforçar a segurança do público que se divertiu na 60ª Caçada da Rainha. O Poder Executivo também recebeu respaldo da 16ª Companhia Independente de Bombeiros Militar (16ª CIBM) de Niquelândia (na pessoa do capitão André Luiz de Jesus Aquino) que disponibilizou uma unidade de resgate durante a festa para eventuais emergências médicas. Shows populares (do Forró Muleke Doido, da Banda Ousadia; e do cantor Mateus Silva) em também animaram o público nos dias 14, 15 e 16.

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