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RONAN BATISTA

A crise de 2008 ainda faz eco em Niquelândia


Publicado em 10 Janeiro 2011

Euclides Oliveira

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EDSON ALVES

O prefeito Ronan Rosa Batista (PTB) acredita que os efeitos da crise administrativa que pairam sobre sua gestão serão dissipados ao longo de 2011 e 2012, quando espera receber apoio maciço do governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), para empreender diversas obras em Niquelândia. Na entrevista ao Diário do Norte, no final da tarde da sexta-feira (21 de dezembro), Ronan avaliou o resultado da eleição de 2010 como "altamente positivo", apesar da derrota, na cidade, da esposa e primeira-dama Gracilene Batista (PTB), na disputa por uma vaga de deputada estadual para o ex-prefeito Luiz Teixeira (PSC), igualmente derrotado na disputa. Segundo Ronan, seu grupo político preocupou-se realmente em ganhar as eleições; e segundo ele, faltaram apenas 5 mil votos para que Gracilene fosse eleita. Ele criticou os adversários da ex-candidata que, segundo o prefeito, colocaram seu nome em público apenas para ganhar notoriedade em 2012. Sobre os eventuais erros de seu governo, que culminaram com a paralisação de diversas obras e a exoneração de mais de 300 funcionários comissionados, Ronan foi emblemático e, como de costume, usou e abusou de frases de efeito para mostrar-se animado com os desafios que ainda terá de enfrentar, até o final do ano que vem. "Meu coração me prejudica como gestor, pois sempre fui empreendedor, quis fazer várias obras. Mas quando eu percebi (a crise) estourou (o orçamento) e parou tudo", afirmou o prefeito de Niquelândia.

Di­á­rio do Nor­te – Que aná­li­se o se­nhor faz da cam­pa­nha  de 2010, no mu­ni­cí­pio?
Ro­nan Ba­tis­ta – Fa­ço um ba­lan­ço po­si­ti­vo. Ve­jo que es­sa elei­ção foi to­tal­men­te di­re­cio­na­da ao nos­so êxi­to, num ano di­fí­cil pa­ra nós, de Ni­que­lân­dia, em fun­ção da cri­se mun­di­al (do fi­nal de 2008), que nos afe­tou mui­to. Mas ti­ve­mos uma elei­ção al­ta­men­te po­si­ti­va com o de­pu­ta­do fe­de­ral Jo­va­ir Aran­tes, que te­ve aqui uma vo­ta­ção ex­pres­si­va. Tam­bém aju­da­mos, de cer­ta for­ma, na elei­ção do (de­pu­ta­do fe­de­ral) Vil­mar Ro­cha. A Gra­ci­le­ne (Ba­tis­ta, es­po­sa de Ro­nan) te­ve uma vo­ta­ção ex­pres­si­va, al­can­çan­do mais de 14 mil vo­tos, pa­ra uma pes­soa que nem ima­gi­na­va ser can­di­da­ta. Ela dei­xou, de úl­ti­ma ho­ra, a con­di­ção de pri­mei­ra-da­ma, de do­na-de-ca­sa, de mãe pa­ra en­trar nu­ma cam­pa­nha. Foi uma des­co­ber­ta po­lí­ti­ca mui­to boa. Ga­nha­mos com Mar­co­ni Pe­ril­lo no pri­mei­ro e no se­gun­do tur­no das elei­ções. Ago­ra, com es­sas for­ças po­lí­ti­cas do nos­so la­do, co­mo o Mar­co­ni, os se­na­do­res De­mós­te­nes Tor­res e Lú­cia Vâ­nia, e os dois de­pu­ta­dos fe­de­ra­is, nós es­ta­re­mos mui­to mais for­tes. Até ago­ra, não pu­de sen­tir o gos­to de ter um go­ver­na­dor atu­an­do do meu la­do.

DN – Em que mo­men­to se deu a de­ci­são do se­nhor em co­lo­car a pri­mei­ra-da­ma Gra­ci­le­ne Ba­tis­ta co­mo a can­di­da­ta de seu gru­po po­lí­ti­co?
Ro­nan – A Gra­ci­le­ne é uma pes­soa mui­to éti­ca, al­ta­men­te in­te­li­gen­te e ca­ris­má­ti­ca. Só que ela não ti­nha es­sa ap­ti­dão (pa­ra a dis­pu­ta). No en­tan­to, fa­lei a ela "acho que vo­cê de­ve ser a nos­sa can­di­da­ta", ape­sar de to­do mun­do sa­ber que eu que­ria ser o can­di­da­to. Era meu so­nho ser de­pu­ta­do e con­ti­nuo ten­do es­se so­nho. Mas, nu­ma con­ver­sa no Mu­quém, com o Mar­co­ni, o Vil­mar e o Jo­va­ir, eles me pe­di­ram pa­ra ti­rar es­sa ideia da ca­be­ça, que era me­lhor eu ter­mi­nar meu man­da­to (de pre­fei­to) e, de­pois, ir tra­ba­lhar em Go­i­â­nia com o Mar­co­ni, pa­ra as­sim pen­sar em ser de­pu­ta­do, no fu­tu­ro. Ele (Jo­va­ir) me dis­se que não que­ria que eu saís­se can­di­da­to na­que­le mo­men­to. En­tão, des­sa con­ver­sa, saiu o no­me da Gra­ci­le­ne co­mo can­di­da­ta. E, daí, nas­ceu uma gran­de po­lí­ti­ca pa­ra Ni­que­lân­dia e pa­ra o Es­ta­do de Go­i­ás, uma mu­lher que tem o dom da pa­la­vra e que ain­da tem pos­si­bi­li­da­des elei­to­ra­is.

DN – Ape­sar do po­si­cio­na­men­to en­tu­si­as­ma­do do se­nhor, Gra­ci­le­ne não con­quis­tou o man­da­to de de­pu­ta­da. De al­gu­ma for­ma, foi um er­ro co­lo­cá-la co­mo can­di­da­ta? As chan­ces do se­nhor não se­ri­am mai­o­res?
Ro­nan – Com cer­te­za, pois sou mui­to co­nhe­ci­do em to­do o Nor­te. Quan­do eu pen­sei nis­so (na can­di­da­tu­ra), fiz uma pes­qui­sa que me da­va vo­tos em to­das as ci­da­des do Nor­te. E se­ria uma vo­ta­ção boa, com uma elei­ção pra­ti­ca­men­te 100% ga­ran­ti­da. Mas pre­fe­ri aten­der os meus che­fes mai­o­res, o Mar­co­ni e o Jo­va­ir, aju­dan­do-os em su­as elei­ções, no Nor­te in­tei­ro, bus­can­do apoi­os, fa­zen­do um tra­ba­lho em fa­vor de­les. Ain­da sou no­vo e, quem sa­be, no fu­tu­ro, pos­sa apa­re­cer uma no­va opor­tu­ni­da­de pa­ra mim.

DN – Es­sa der­ro­ta de Gra­ci­le­ne sig­ni­fi­ca, de al­gu­ma for­ma, o fim de uma even­tual car­rei­ra po­lí­ti­ca de­la?
Ro­nan – Es­tá pro­va­do que ela tem um gran­de fu­tu­ro po­lí­ti­co, pois a vo­ta­ção de­la foi su­pe­ri­or a que eu ima­gi­na­va, já que a Gra­ci­le­ne tra­ba­lhou em vá­rios mu­ni­cí­pios e fi­cou pou­co tem­po em Ni­que­lân­dia. Na mi­nha cam­pa­nha (de 2008), eu an­dei de ca­sa em ca­sa, aqui em Ni­que­lân­dia. Na cam­pa­nha de­la, eu não pu­de fa­zer is­so, pra­ti­ca­men­te não pe­di vo­tos, por­que es­ta­mos en­fren­tan­do pro­ble­mas ad­mi­nis­tra­ti­vos e ti­ve de me con­cen­trar nis­so. Foi uma elei­ção mui­to di­fí­cil, em que ela tra­ba­lhou com apoio de vá­rios mili­tan­tes, ba­si­ca­men­te, sem o apoio das for­ças po­lí­ti­cas lo­ca­is. Por is­so, ela foi uma guer­rei­ra, foi uma pes­soa mui­to for­te. A vo­ta­ção de­la foi mui­to boa, co­me­çan­do com o pé di­rei­to.

DN – En­tre­tan­to, Gra­ci­le­ne per­deu a dis­pu­ta in­ter­na em Ni­que­lân­dia. Is­so sig­ni­fi­cou o que pa­ra o se­nhor?
Ro­nan – Es­se fa­to é mui­to cla­ro e fá­cil de men­su­rar. Se nós fi­cás­se­mos (fa­zen­do cam­pa­nha) só em Ni­que­lân­dia, ela (Gra­ci­le­ne) te­ria 10 mil vo­tos na ci­da­de. Mas ela te­ria de con­cen­trar seus es­for­ços aqui. Co­mo nos par­ti­mos pa­ra 20 ci­da­des, au­to­ma­ti­ca­men­te a Gra­ci­le­ne não es­ta­ria o tem­po to­do em Ni­que­lân­dia, se­não per­de­ria vo­tos fo­ra. Só que nós tra­ba­lha­mos pa­ra ga­nhar a elei­ção. Mas ti­ve­mos pro­ble­mas em Mi­na­çu, em Pa­dre Ber­nar­do, em Go­i­â­nia e em Co­cal­zi­nho, on­de per­de­mos cer­ca de 5 mil vo­tos, ao to­do. Em to­das as nos­sas aná­li­ses, ela te­ria 20 mil vo­tos. E, cla­ro, no mo­men­to em que ela pre­ci­sou se afas­tar um pou­co de Ni­que­lân­dia, ela per­deu es­pa­ço, pois tí­nha­mos mui­tos can­di­da­tos de Ni­que­lân­dia, que fi­ca­ram só aqui e que não eram can­di­da­tos a de­pu­ta­do, mas sim pa­ra di­vul­gar seus no­mes à dis­pu­ta fu­tu­ra pa­ra ve­re­a­dor ou pa­ra pre­fei­to. Gra­ci­le­ne que­ria ser de­pu­ta­da es­ta­du­al pa­ra re­pre­sen­tar nos­sa ci­da­de e o Nor­te. Mes­mo as­sim, con­si­de­ro que a vo­ta­ção que ela te­ve aqui (6.664 vo­tos) foi uma vi­tó­ria.
DN – Além da der­ro­ta da sua es­po­sa e pri­mei­ra-da­ma, o Nor­te aca­bou não ele­gen­do ne­nhum de­pu­ta­do. O que aconteceu?
Ro­nan – Vou apro­vei­tar sua per­gun­ta pa­ra pu­xar a mi­nha ore­lha e de to­dos os pre­fei­tos do Nor­te. Nós, as li­de­ran­ças mai­o­res do Nor­te de Go­i­ás, te­mos que con­cen­trar es­for­ços no Nor­te, bus­car o for­ta­le­ci­men­to po­lí­ti­co do Nor­te. E te­ve gen­te do Nor­te apoi­an­do gen­te do Sul do Es­ta­do. Na pró­xi­ma elei­ção (em 2014), nós pre­ci­sa­mos ter ape­nas três no­mes co­mo can­di­da­tos do Nor­te, pa­ra fa­zer­mos três de­pu­ta­dos. Mas pre­ci­sa­mos dei­xar de la­do a vi­são lo­cal e in­di­vi­dual, en­quan­to pre­fei­tos, se­não va­mos fi­car pa­ra trás.  

DN – O gru­po po­lí­ti­co do se­nhor cor­re ris­co de per­der as elei­ções de 2012 pa­ra o gru­po do ex-pre­fei­to Lu­iz Tei­xei­ra?
Ro­nan – De ma­nei­ra ne­nhu­ma. Nos­so gru­po, ho­je, não é o gru­po só do Ro­nan. É o gru­po do Mar­co­ni, do Jo­va­ir, do Vil­mar, da Lú­cia, do De­mós­te­nes e da Gra­ci­le­ne, uma mu­lher de 14 mil vo­tos. En­fim, é um gru­po que se for­ta­le­ceu. Vou as­fal­tar a ci­da­de to­da, trans­for­mar Ni­que­lân­dia to­tal­men­te. O Mar­co­ni me dis­se que, pa­ra ele, é uma ques­tão de hon­ra ajudar Ni­que­lân­dia com obras e ou­tros be­ne­fí­ci­os. Ele sen­tiu na pe­le a frus­tra­ção de cons­tru­ir um co­lé­gio no Jar­dim At­lân­ti­co e o pre­fei­to (Lu­iz) não ter li­be­ra­do o ter­re­no. Es­tou tran­qui­lo pa­ra 2012, va­mos che­gar mui­to for­tes, mes­mo, co­mo nun­ca che­ga­mos. Con­cen­trei-me mui­to, por exem­plo, na con­clu­são das obras da BR-414, pa­ra que Ni­que­lân­dia ti­ves­se uma li­ga­ção di­re­ta com Go­i­â­nia. E a obra es­ta aí. E em se­tem­bro des­te ano, va­mos inau­gu­rar a obra de Sa­ne­a­men­to Bá­si­co de Ni­que­lân­dia. Ho­je te­mos o Ci­ne Te­a­­tro, on­de an­ti­ga­men­te ha­via ape­nas um ali­cer­ce. O Po­vo­a­do Que­bra-Li­nha es­tá com­ple­ta­men­te as­fal­ta­do. Eu trou­xe o Se­si-Se­nai, o Sa­mu, o Cor­po de Bom­bei­ros. Nós éra­mos uma ci­da­de to­tal­men­te ex­cluí­da e, ho­je, to­dos os pre­fei­tos do Nor­te sa­bem o meu no­me. Em qual­quer lu­gar que eu che­go, é o pre­fei­to de Ni­que­lân­dia que es­tá che­gan­do.

DN – O que acon­te­ceu ou es­tá acon­te­cen­do pa­ra que o se­nhor e seu go­ver­no es­te­jam num mo­men­to ad­mi­nis­tra­ti­vo de dificuldades?
Ro­nan – Es­ta­mos re­al­men­te pas­san­do por di­fi­cul­da­des. Sem­pre fui um pre­fei­to em­pre­en­de­dor e ti­nha mui­tas obras em an­da­men­to, do meu per­fil de tra­ba­lho nor­mal. E nin­guém es­pe­ra­va por es­sa cri­se, que nos pe­gou num mo­men­to de sur­pre­sa, quan­do eu es­ta­va a mil por ho­ra. Quan­do eu per­ce­bi, es­tou­rou, pa­rou tu­do. Ni­que­lân­dia es­tá di­re­ta­men­te li­ga­da à Bol­sa de Va­lo­res de Lon­dres. Es­tá­va­mos vi­ven­do um pa­ra­í­so aqui com o Pro­je­to Fer­ro-Ní­quel (pa­ra­li­sa­do no fi­nal de 2008 pe­la Vo­to­ran­tim Me­tais, em de­cor­rên­cia da cri­se mun­di­al), não se con­se­guia va­gas em ho­té­is, o co­mér­cio vi­via cheio e nos­so trân­si­to sem­pre en­gar­ra­fa­do. E quan­do es­se pro­je­to pa­rou, a ci­da­de es­ta­va cheia, ha­via mui­ta gen­te aqui, de vá­rios Es­ta­dos, pa­ra tra­ba­lhar na obra. E as pes­so­as fi­ca­ram por aqui, no nos­so hos­pi­tal, na As­sis­tên­cia So­ci­al. Is­so re­pre­sen­tou um im­pac­to mui­to gran­de, por­que eu pa­guei o Pi­so Na­ci­o­nal dos Pro­fes­so­res, do P1, do P3, do P4, en­tre ou­tros in­ves­ti­men­tos, den­tro de uma gran­de em­pol­ga­ção ad­mi­nis­tra­ti­va. Mas tu­do o que ocor­reu foi bom pa­ra re­pen­sar­mos nos­sas ações e co­me­çar es­te 2011 com for­ça to­tal. Fui o pri­mei­ro pre­fei­to de to­do o Es­ta­do a de­cla­rar apoio cla­ro e ex­plí­ci­to ao Mar­co­ni, por es­se jor­nal, o Di­á­rio do Nor­te. Mas fui pre­ju­di­ca­do (pe­lo ex-go­ver­na­dor Al­ci­des Ro­dri­gues) por­que, de to­das as ver­bas que po­de­ri­am vir pa­ra Ni­que­lân­dia, não veio ne­nhu­ma. Ni­que­lân­dia não tem um re­al se­quer em obras do Go­ver­no do Es­ta­do. No dia da cri­se (fi­nal de 2008) nós tí­nha­mos uma re­cei­ta lo­cal de R$ 1,6 mi­lhão/mês, na for­ma de ISSQN, que caiu pa­ra ape­nas R$ 90 mil.

‘A marca da minha gestão será da transformação’

DN – Quan­do do anún­cio da obra da Pra­ça do Tu­cu­na­ré Azul, or­ça­da ini­ci­al­men­te em R$ 2,5 mi­lhões, o se­nhor brin­cou com a im­pren­sa e com o pú­bli­co, no seu dis­cur­so, di­zen­do que seu CPF es­ta­ria com­pro­me­ti­do por vá­rios anos, por con­ta des­sa obra, que ho­je se en­con­tra pa­ra­li­sa­da. O se­nhor se ar­re­pen­deu de ter ini­ci­a­do es­sa em­prei­ta­da?
Ro­nan – Não, não me ar­re­pen­di. Vou ter­mi­nar es­sa obra, que vai ser a pra­ça mais bo­ni­ta de to­do o Es­ta­do de Go­i­ás e que vai atra­ir tu­ris­tas de to­dos os lu­ga­res. Ti­ve­mos re­al­men­te de pa­rar a obra, por­que era um mo­men­to de re­fle­tir, de re­co­me­çar. Te­nho que ad­mi­tir is­so. Fal­ta pou­co pa­ra con­clu­ir­mos es­sa pra­ça, que é um pro­je­to com­ple­xo.

DN – O se­nhor faz au­to­crí­ti­ca de seu tra­ba­lho co­mo pre­fei­to, de sua pes­soa, de su­as even­tua­is con­tra­di­ções, pos­sí­veis de­fei­tos e er­ros que co­me­teu em sua ges­tão?
Ro­nan – Fa­ço au­to­crí­ti­ca sim, mas te­nho um gran­de pro­ble­ma. Deus me deu uma ca­be­ça em­pre­en­de­do­ra, mui­ta von­ta­de e uma cer­ta in­te­li­gên­cia pa­ra cons­tru­ir obras, mas te­nho um co­ra­ção que, re­al­men­te, se de­ba­te com a mi­nha ca­be­ça. Se pos­so dar ape­nas 5% (de re­a­jus­te) eu sem­pre que­ro fa­zer mais pe­lo nos­so fun­cio­na­lis­mo, por exem­plo. Meu co­ra­ção mo­le me pre­ju­di­ca co­mo ges­tor. E o ges­tor, às ve­zes, pre­ci­sa ser du­ro, mui­to du­ro, pen­sar so­men­te na ad­mi­nis­tra­ção. Eu pen­so mui­to tam­bém nas cri­an­ças e no po­vo de Ni­que­lân­dia.

DN – O que o se­nhor es­pe­ra do go­ver­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo? De que for­ma ele po­de­rá aju­dar Ni­que­lân­dia?
Ro­nan – De mui­tas for­mas. Só de eu sa­ber que pos­so sa­ir de Ni­que­lân­dia e ba­ter à por­ta do Pa­lá­cio (das Es­me­ral­das) na ho­ra que eu qui­ser, pa­ra ter uma pes­soa pa­ra con­ver­sar, 24 ho­ras por dia, com meu ami­go Mar­co­ni Pe­ril­lo, ve­jo o quan­to is­so é im­por­tan­te não ape­nas pa­ra mim, mas pa­ra a ci­da­de. Va­mos trans­for­mar es­sa ci­da­de, con­se­guir um pré­dio pró­prio pa­ra a UEG no meu man­da­to, en­tre mui­tas obras que va­mos tra­zer com o Mar­co­ni. Até o mo­men­to, não con­se­gui tra­zer um po­li­ci­al mi­li­tar se­quer a mais pa­ra a nos­sa PM. Mas ago­ra va­mos trans­for­mar a cor­po­ra­ção num ba­ta­lhão in­de­pen­den­te (de Uru­a­çu), co­lo­car um pos­to po­li­ci­al no Jar­dim At­lân­ti­co, ou­tro na Vi­la Mu­ti­rão, além da Pa­tru­lha Ru­ral. So­mos o mai­or mu­ni­cí­pio do Es­ta­do em área ter­ri­to­ri­al e não te­mos uma úni­ca ca­mi­nho­ne­te tra­ça­da, da PM, pa­ra fa­zer es­se pa­tru­lha­men­to na zo­na ru­ral, que já exis­te em ci­da­des pe­que­nas. É mui­to im­por­tan­te, pa­ra qual­quer pre­fei­to, ter um go­ver­na­dor ao seu la­do. E va­mos, com is­so, fe­char nos­sa ad­mi­nis­tra­ção com cha­ve de ou­ro.
DN – O que o se­nhor es­pe­ra do go­ver­no da pre­si­den­te Dil­ma Rous­seff?
Ro­nan – Não vo­tei na Dil­ma, mas tor­ço por ela e ve­jo que é uma pes­soa com ca­pa­ci­da­de. O Jo­va­ir, meu cri­a­dor, que tra­ba­lhou por ela na úl­ti­ma elei­ção e é um dos de­pu­ta­dos mais in­flu­en­tes de Go­i­ás, ago­ra es­tá com as por­tas aber­tas da Dil­ma, em Bra­sí­lia. 

DN – Em 2008, o se­nhor se be­ne­fi­ciou do ins­ti­tu­to da re­e­lei­ção. O se­nhor con­cor­da com es­sa pos­si­bi­li­da­de, ado­ta­da no Bra­sil em 1998?
Ro­nan – Não. Eu sou con­tra a re­e­lei­ção. Um man­da­to só, tal­vez de cin­co anos, se­ria me­lhor. De al­gu­ma for­ma, vo­cê cria cer­tos vín­cu­los e es­tá ad­mi­nis­tran­do uma pre­fei­tu­ra, den­tro de uma elei­ção. Elei­ção de dois em dois anos ma­ta qual­quer ges­tor pú­bli­co. Is­so pre­ci­sa ser re­vis­to. Acho que to­dos os car­gos, in­clu­si­ve o de pre­si­den­te, pre­ci­sam ser vin­cu­la­dos nu­ma úni­ca elei­ção. Ago­ra, no ano que vem, co­me­ça tu­do de no­vo, as ar­ti­cu­la­ções, as con­ver­sa­ções po­lí­ti­cas. Is­so é ru­im.

DN – A re­cen­te exo­ne­ra­ção de mais de 300 ser­vi­do­res co­mis­sio­na­dos não foi uma me­di­da du­ra de­mais e im­po­pu­lar pa­ra seu go­ver­no?
Ro­nan – Foi, re­al­men­te, uma me­di­da du­ra e im­po­pu­lar. Meu co­ra­ção es­tá san­gran­do até ho­je, pois a as­si­na­tu­ra des­se de­cre­to foi a pi­or de­ci­são que ti­ve de to­mar em to­da a mi­nha vi­da, pois ti­rei (da pre­fei­tu­ra) pes­so­as que "são Ro­nan", que tra­ba­lha­ram co­mi­go, que me aju­da­ram. Mas, pa­ra que eu pu­des­se ga­ran­tir o fu­tu­ro da pre­fei­tu­ra; e tam­bém pa­ra que es­sas pes­so­as pos­sam vol­tar a tra­ba­lhar co­nos­co; eu ti­ve de to­mar es­sa ati­tu­de. Mas mui­tas pes­so­as es­tão me li­gan­do, di­zen­do que vão aguar­dar (se­rem cha­ma­das) e, nes­se mo­men­to, es­tou sa­ben­do re­al­men­te quem gos­ta e quem não gos­ta do Ro­nan.

DN – Fa­lan­do em ami­za­de, o se­nhor aju­dou o ve­re­a­dor We­der Chi­man­go, o Den­gui­nho, a ser elei­to pre­si­den­te da Câ­ma­ra de Ni­que­lân­dia. Ele vai co­man­dar a ca­sa pe­los pró­xi­mos dois anos, es­tá ho­je em sua ba­se de apoio, mas foi elei­to pe­lo PMDB em 2008 no pa­lan­que da opo­si­ção. O se­nhor não teme uma pos­sí­vel trai­ção do Den­gui­nho?
Ro­nan – De ma­nei­ra ne­nhu­ma. Eu co­nhe­ço o Den­gui­nho há mui­to tem­po e ele de­mons­trou pa­ra nós, há mui­to tem­po, a sua fi­de­li­da­de. É uma pes­soa que re­al­men­te tem com­pro­mis­so com a gen­te, é um jo­vem que ain­da tem to­do um fu­tu­ro po­lí­ti­co pe­la fren­te, em Ni­que­lân­dia, que es­tá co­me­çan­do uma gran­de his­tó­ria. E a fi­de­li­da­de é a pa­la­vra-cha­ve na po­lí­ti­ca. E o Den­gui­nho já de­mons­trou is­so. Ar­ti­cu­lei, eu e o meu vi­ce-pre­fei­to Jo­sé An­to­nio, pa­ra que ele pu­des­se ser o nos­so pre­si­den­te da Câ­ma­ra, com a mai­or tran­qui­li­da­de do mun­do. Agra­de­ço aqui aos ve­re­a­do­res Jo­ão­zi­nho Per­nam­bu­co e Di­to da Bal­sa, que abri­ram mão de dis­pu­tar a pre­si­dên­cia, com mui­ta hon­ra­dez; e ao ve­re­a­dor Meio Qui­lo, que sem­pre foi meu par­cei­ro, co­mo pre­si­den­te da Câ­ma­ra, nos úl­ti­mos dois anos; e tam­bém ao ve­re­a­dor Nei­ra Ma­tos. Es­ses cin­co ve­re­a­do­res vão con­ti­nu­ar co­nos­co e já nos tor­na­mos uma fa­mí­lia. E o Den­gui­nho é in­te­li­gen­te, com­pe­ten­te e pre­pa­ra­do pa­ra fa­zer uma ges­tão exem­plar.

DN – No fi­nal de 2012, qual vai ser a mar­ca dos dois go­ver­nos de Ro­nan Ba­tis­ta, quan­do o se­nhor se tor­nar ex-pre­fei­to de Ni­que­lân­dia?
Ro­nan – A mar­ca da trans­for­ma­ção to­tal, com pra­ças bo­ni­tas; com a ci­da­de to­da as­fal­ta­da; e com a Edu­ca­ção sen­do re­fe­rên­cia na­ci­o­nal, já que vou in­ves­tir ain­da mui­to nes­sa área. Na Sa­ú­de, on­de to­dos os mu­ni­cí­pios têm pro­ble­mas, já con­se­gui­mos me­lho­rar o pa­ta­mar de aten­di­men­to do nos­so Hos­pi­tal Mu­ni­ci­pal, já que o se­cre­tá­rio Hu­sam (Sam­mur) faz um tra­ba­lho mui­to bom, com sua equi­pe. Além do as­fal­to no­vo, pre­ci­sa­mos tam­bém apli­car mui­ta la­ma as­fál­ti­ca no­va, no as­fal­to que já es­tá des­gas­ta­do. Va­mos trans­for­mar es­sa ci­da­de pa­ra me­lhor e dei­xa­re­mos a mar­ca de ter si­do o me­lhor pre­fei­to da his­tó­ria de Ni­que­lân­dia.

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